Authors:Bianca Freire-Medeiros Pages: 423 - 442 Abstract: A circulação de pessoas, objetos e informações é constitutiva da própria definição de cidade. Mas que assimetrias de acesso são geradas por esses movimentos e que regimes de mobilidade os hierarquizam no mundo globalmente conectado' Tomando as mobilidades como objeto e lente analítica, proponho a noção de “metrópole do capital de rede” para dar conta de territorialidades que se organizam em um continuum entre espaços físicos e digitais; nas quais o movimento em múltiplas escalas se torna uma “forma de habitar”; e que encontram na ambivalência da mobilidade – ao mesmo tempo direito e dispositivo coercitivo – seu principal fator de estratificação. Essas reflexões epistemológicas pressupõem que as cidades são espacialidades relacionais e politicamente disputadas de mobilidades sistêmicas, expressão das intersecções entre infraestruturas, materialidades e signos. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6002 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Jeferson Cristiano Tavares Pages: 443 - 463 Abstract: São recorrentes as incompatibilidades derivadas da implantação de infraestruturas sobre dinâmicas territoriais consolidadas. Partindo desse axioma, oobjetivo deste artigo é investigar como o planejamento de infraestruturas incorre nessas incompatibilidades. Metodologicamente, o estudo apoia-se nas escolas teóricas que relacionam infraestrutura e cidade; e utiliza análises de novas infraestruturas ou de intervenções em infraestruturas existentes. O texto se desenvolve por breve revisão dos padrões históricos infraestruturais; pelo entendimento das prioridades nas suas concepções; e pelo estudo dos seus ciclos operacionais. Desse quadro, foi possível formular o argumento de que, no Brasil, a infraestrutura é concebida para (re)estruturar setores e, quando implantada, (des)estrutura lugares. Esse argumento motivou a investigação de novos marcos conceituais que permitiram advogar por infraestruturas que sejam concebidas por evidências territoriais. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6003 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Aline Fernandes Barata Pages: 465 - 487 Abstract: Na busca por uma mobilidade urbana mais sustentável e justa, os debates acadêmicos têm considerado a participação da sociedade como um componente fundamental no planejamento de transporte e mobilidade. No entanto, pouco se discutiu sobre o papel da participação na justiça da mobilidade no Sul Global, onde a mobilidade nem sempre é justa e inclusiva. Diante desse cenário, este artigo adota um referencial teórico e metodológico inovador para investigar as práticas, as dinâmicas e os significados da participação dentro e fora do planejamento da mobilidade estatal no Brasil. As descobertas do Rio de Janeiro e de Porto Alegre fornecem evidências sobre diferentes espaços de participação e sua importância no combate a injustiças da mobilidade em assentamentos informais. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6004 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Thales Mesentier, Romulo Orrico Pages: 489 - 509 Abstract: As redes de transporte desempenham um importante papel no desenvolvimento das cidades e no acesso a oportunidades. O planejamento de transportes, contudo, ainda não reconhece seu papel na promoção de desigualdades. Este trabalho busca discutir os conceitos de centralização e acessibilidade e apresentar um paradigma de desenho de redes de transporte coletivo, baseado na compreensão de que sua demanda contém um componente endógeno: ao promover acessibilidade, os sistemas de transporte coletivo incentivam parte da demanda que buscam atender, levando a um ciclo de causação circular. Propõe-se, então, que o planejamento das redes de transporte coletivo deva estar fortemente associado à disciplina de planejamento urbano, considerando não só a demanda existente, mas o desenho de cidade que se deseja construir. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6005 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Deiny Façanha Costa, Paula Freire Santoro Pages: 511 - 535 Abstract: Este artigo pretende compreender se houve e como se deu uma “evolução” da articulação entre o planejamento urbano e da mobilidade, a partir da análise de três conjuntos regulatórios de São Paulo – Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) (1971) e zoneamento (1972); o Plano Diretor Estratégico (PDE) (2002) e a Lei de Parcelamento Uso e Ocupação do Solo (LPUOS) (2004); e do PDE 2014 e a LPUOS 2016 – questionando os conceitos por trás das propostas, a relação das origens das ideias com os atores e os desenhos institucionais públicos, e a mobilização entre zoneamento e projeto urbano para transformação através de análise cartográfica comparativa entre os conjuntos regulatórios e da condução de entrevistas com gestores e planejadores urbanos. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6006 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Eduardo Castellani Gomes dos Reis, Maura Pardini Bicudo Véras Pages: 537 - 560 Abstract: As transformações contemporâneas ligadas à tecnologia, ao mundo do trabalho, ao desemprego, e aos efeitos da pandemia no Brasil, alteraram as dinâmicas territoriais. Entretanto, tais fatores apenas se acrescentaram à perversa estabilidade das desigualdades socioespaciais nas cidades brasileiras, em particular em São Paulo. As dificuldades de muitos de inserção no mercado de trabalho e de moradia, ao revelarem a segregação social vigente em uma cidade ligada aos fluxos nevrálgicos do capitalismo global, trazem cenários de congestionamento e dificuldades de acesso aos locais de trabalho e ao ambiente construído. Além de revelar a luta cotidiana majoritária devido à iniquidade das oportunidades e dos deslocamentos, indicam o importante papel da mobilidade urbana que pode vir a assumir protagonismo enquanto política pública. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6007 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Ricardo Barbosa da Silva Pages: 561 - 587 Abstract: É marcante o intenso crescimento das cidades brasileiras caracterizado pela periferização e pelas desigualdades socioespaciais. Porém, ainda são escassas pesquisas que enfoquem a dimensão temporal quanto à compreensão da segregação espacial. Este artigo visa compreender o papel do tempo de deslocamento na explicação do processo de segregação espacial na metrópole de São Paulo. Para tanto, sua metodologia baseia-se em dados estatísticos das áreas de ponderação da amostra do Censo Demográfico, através da variável tempo de deslocamento habitual para o trabalho, combinada com outras variáveis socioeconômicas, de renda e raça. Busca-se contribuir para o entendimento da segregação espaço-temporal, demonstrando que o tempo de deslocamento une os mais pobres e os negros, separando-os dos mais ricos e dos brancos na referida metrópole. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6008 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Francisco Minella Pasqual, Julio Celso Borello Vargas Pages: 589 - 615 Abstract: A chegada dos aplicativos de transporte ao Brasil gerou preocupações quanto a seus impactos negativos na mobilidade urbana, porém havia a expectativa de um serviço complementar aos sistemas públicos e de substituição dos automóveis privados, aumentando, em tese, a acessibilidade das cidades e podendo reduzir as desigualdades na mobilidade urbana. Este estudo avaliou essa hipótese em Porto Alegre/RS, descrevendo o acesso de diferentes grupos socioeconômicos aos principais destinos da cidade por meio de um indicador de acessibilidade composto por tempo e custo monetário. Os resultados indicam que os aplicativos aumentam fortemente a desigualdade entre os estratos, especialmente em viagens frequentes. Porém, eles podem ser uma opção viável para deslocamentos ocasionais até para a população de baixa renda. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6009 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Blanca Rebeca Ramírez Velázquez Pages: 617 - 636 Abstract: A partir de tomar una postura crítica de las formas tradicionales que analizan la movilidad desde el desplazamiento territorial de su casa al trabajo, la presente contribución argumenta que este proceso es mucho más complejo y requiere de acercamientos cualitativos que se alejen de las limitaciones de la encuesta origen destino y de la visión cuantitativa que impiden identificarlo en su totalidad. Con base en el análisis de las dinámicas de movilidad de un grupo de académicos del Campus Morelos de la UNAM, se presentan resultados de investigación toman como base teórica que la movilidad: es diferencial si consideramos grupos de edades, sectores sociales, condición laboral y formas de acceder al territorio con comportamientos urbanos y metropolitanos diversos constituyendo nuevos acercamientos al tema. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6010 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Andre Pinto dos Santos, Juliana Silva Almeida Santos, Daniella do Amaral Mello Bonatto Pages: 637 - 661 Abstract: A Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) prevê que cidades, com mais 20 mil habitantes ou pertencentes a regiões metropolitanas ou voltadas para atividades turísticas, elaborem e aprovem Planos de mobilidade. Contudo, as cidades de pequeno porte possuem especificidades que dificultam o desenvolvimento desse instrumento. Nesse contexto, esta pesquisa teve como objetivo analisar as iniciativas de mobilidade implementadas no município de Conde-PB, visando sua replicação em cidades de contexto socioeconômico semelhantes. Para isso, foi realizado um estudo de caso, no intuito de compreender o contexto de elaboração e os resultados alcançados. Como produto, esta pesquisa traz contribuições às discussões relacionadas à mobilidade sustentável nas cidades, por meio do fornecimento de referências para direcionar ações futuras. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6011 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Filipe Ungaro Marino Pages: 663 - 684 Abstract: Este artigo relaciona o conceito de cidadania com o da mobilidade urbana, desdobrando-se na mobilidade por bicicletas. Para tanto, é feita uma análise da distribuição da infraestrutura cicloviária na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Busca-se relacionar a distribuição socioespacial da população no território com a infraestrutura cicloviária disponível. O trabalho investigou a extensão e a qualidade dessas infraestruturas em dois bairros distintos territorial e socialmente: Bangu e Copacabana. Apontou-se a concentração de infraestrutura cicloviária em extensão e qualidade nos bairros de maior renda no Rio de Janeiro (Copacabana) e de menor extensão e qualidade na periferia (Bangu), relacionando a distinção da existência, da extensão e da qualidade das infraestruturas cicloviárias no território carioca com maior ou menor cidadania. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6012 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Victor Callil, Daniela Costanzo, Juliana Shiraishi Pages: 685 - 706 Abstract: Este trabalho buscou compreender as desigualdades de raça, gênero, renda e moradia dos usuários dos sistemas de compartilhamento de bicicleta nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. Uma pesquisa amostral presencial (survey) foi feita e os dados obtidos foram comparados com os dados das cidades em relação aos marcadores sociais mencionados. Os resultados mostram que os sistemas são mais acessíveis para alguns grupos, como mulheres e pessoas negras, e menos acessíveis para outros, como pessoas de baixa renda, e, apesar de estarem localizados nos centros urbanos, conseguem manter a inclusão de grupos que não moram nessa região. A partir dos resultados, foi feita uma discussão sobre a inserção desses sistemas nas cidades brasileiras. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6013 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Renata Marè, Osvaldo Gogliano Sobrinho, Maria Ermelina Brosch Malatesta Pages: 707 - 726 Abstract: O envelhecimento da população mundial acirra as discussões sobre a inadequação das cidades às suas necessidades. A gratuidade no transporte público não basta para proporcionar maior inclusão da pessoa idosa. Este artigo visa apresentar reflexões acerca da efetividade do transporte público gratuito para a inclusão de pessoas idosas na cidade de São Paulo. Realizaram-se uma pesquisa qualitativa, exploratória, e um levantamento documental. Como resultado, sugerem-se itens complementares à implementação da gratuidade no transporte público para pessoas idosas, relativos a políticas públicas,infraestrutura, sistemas de transporte, educação e incorporação de tecnologias. Conclui-se que essas sugestões contribuem para a proposição de aspectos a serem endereçados em estudos futuros e no novo Marco Legal do Transporte Público Coletivo, visando a cidades mais inclusivas. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6014 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Rafaela Aparecida de Almeida, Letícia Peret Antunes Hardt, Carlos Hardt Pages: 727 - 755 Abstract: Diante da redução da equidade de usos e da garantia de acessibilidade em cidades, o objetivo geral desta pesquisa é avaliar as condições de calçadas para grupos de mobilidade reduzida, adotando trechos viários do bairro Centro de Curitiba, Paraná, como objetos de estudo. Com estrutura multimétodos, qualiquantitativa e exploratória, ela foi desenvolvida em quatro fases: caracterização local, leitura técnica, análise perceptual e avaliação integrada. Como respostas à pergunta investigativa sobre aproximações e distanciamentos entre prática e percepção desses espaços, os resultados evidenciam a impossibilidade de confirmação da hipótese orientativa de que o atendimento a princípios especializados permite melhores qualificações perceptivas, potencializadoras de identificação, pertencimento e apropriação de calçadas como lugares de socialização, não diagnosticadas neste caso. PubDate: 2024-06-04 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6015 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Pedro Vitor Costa, Maria Rúbia Pereira, Cauê Capillé Pages: 757 - 780 Abstract: A condição de trânsito é um fenômeno comum para as populações periféricas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Ao conformarem um ‘espaço coletivo compulsório’, as infraestruturas de mobilidade têm um enorme potencial político-social. Certas práticas ‘insurgentes’ de grupos que se utilizam de ‘brechas arquitetônicas’ dessas infraestruturas estimulam esse potencial. Este artigo observa usos culturais, políticos e econômicos acoplados às infraestruturas de trânsito à luz de três formas de projetar – plano, truque e finta –, com o objetivo de discutir como a arquitetura e o planejamento urbano podem se aliar à construção de realidades menos desiguais. São analisados usos comerciais no entorno da estação de metrô Pavuna, usos político-culturais do Cine Taquara (BRT), Viaduto de Realengo e Viaduto Negrão de Lima (Madureira). PubDate: 2024-06-01 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6016 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Laís Regina Lino, Milena Kanashiro Pages: 781 - 803 Abstract: As mulheres tendem a regular suas atividades e limitar o uso dos espaços públicos a certas horas do dia, pela alta percepção de insegurança que atua como parte integrante da sua vida cotidiana. O objetivo desta pesquisa foi investigar os fatores objetivos e subjetivos para caminhar sob a perspectiva da segurança feminina, através de um Estudo de Caso realizado em Londrina – PR. As táticas abordadas foram questionários e entrevistas caminhadas para compreender os fatores socioespaciais que influenciam na escolha e os que inibem o caminhar. Os resultados indicam que a construção do “medo” ocorre por meio de relatos de terceiros e da mídia, enquanto o principal fator de “sentir-se” segura está relacionado ao movimento de pessoas pelo fato de serem vistas. PubDate: 2024-06-01 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6017 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Ana Paula de Oliveira Freitas, Leandro Cardoso, Rogério Faria D'Avila Pages: 805 - 827 Abstract: O incentivo à caminhada e o emprego de uma ciência cidadã influenciam diretamente na promoção de aspectos positivos à sociedade, principalmente às crianças e aos adolescentes. Este artigo apresenta um estudo desenvolvido junto a estudantes de uma escola pública, com idades entre 10 e 12 anos, o qual aprimora uma ferramenta de avaliação da caminhabilidade sob a ótica do público infantojuvenil, integrando a percepção dos pedestres como fator determinante do cálculo da análise do grau de importância dos indicadores, através do uso de uma metodologia participativa. Os resultados mostraram que a caminhabilidade ainda é precária na região estudada e que a inclusão do público no processo de pesquisa trouxe benefícios que transcendem os pesos quantitativos atribuídos às notas do índice. PubDate: 2024-06-01 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6018 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)
Authors:Suzana Pasternak, Lucia Maria Machado Bógus Pages: 829 - 850 Abstract: Este artigo descreve a evolução recente do tecido urbano na Região Metropolitana de São Paulo e da desigualdade expressa pelas favelas, por meio de dados do Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do MapBiomas. Embora o crescimento populacional em todas as sub-regiões tenha decrescido em relação aos períodos anteriores, a chamada periferia ainda cresce mais do que o polo. A estrutura urbana mostra-se altamente segregada, com parte da população pobre morando em favelas. A metrópole, em 2019, apresentava 1.703 favelas, com população de mais de 2 milhões de habitantes, ocupando 12,26% dos domicílios metropolitanos. Como a população nesse tipo de assentamento cresceu quase a 3,44% anuais, a resultante é um adensamento das favelas, com problemas para sua urbanização. PubDate: 2024-06-01 DOI: 10.1590/2236-9996.2024-6019 Issue No:Vol. 26, No. 60 (2024)