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AntHropológicas Visual
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ISSN (Print) 2526-3781
Published by Universidade Federal de Pernambuco Homepage  [37 journals]
  • Performance das cafurnas Fulni-ô na “Reserva Canto dos
           Guerreiros”

    • Authors: Miguel Colaço Bittencourt
      Abstract: A etnia Fulni-ô está localizada na região hidrográfica do São Francisco, na sub-bacia do rio Ipanema, no sertão e agreste nordestino, envolvida pelo município de Águas Belas, no Estado de Pernambuco. O grupo étnico tem quatro séculos de ‘contato cultural’ em sua história (DÍAZ, 2015), na qual desenvolveu ao longo dos anos formas de adaptação e obtenção de recursos em uma ‘sociedade de meios escassos’ (REESINK. REESINK, 2007). O turismo comunitário indígena e as performances das cafurnas - surgidas na década de 80 - são formas de inserção socioeconômica no contexto artístico e religioso, que buscam melhorar a qualidade de vida étnica através da autogestão territorial por meio de “alianças” entre grupos sociais. Logo, o ambiente das caatingas e do sertão que é visto pela óptica hegemônica nacional como um lugar inóspito, seco e de difícil convivência ganha novas projeções. Pois,o modelo de convivência territorial Fulni-ô revelam adaptações e meios de produção singulares que ganham novas possibilidades de trocas simbólicas e de produção cultural.Geralmente, no contexto do turismo indígena e étnico há uma exotização da vida indígena (MAGNANI, 2014; GRUNEWALD, 2009, 2020), entretanto, é possível destacar a dinamicidade cultural por meio das práticas que demonstram uma ‘continuidade em transformação’ (REESINK, 2016), à exemplo do indígena que utiliza da pintura corporal para proteção ao mesmo tempo em que registra o ato de se pintar com seu celular. Ou, a transformação das casas de palha que eram as antigas moradias e que hoje são utilizadas como locais sagrados dos antepassados e de rememoração dos trajetos históricos vivenciados. Tais ações evidenciam o ‘contato cultural’ (FERNANDES, 2009 [1975]) e as maneiras com que os Fulni-ô lidam com sua tradição (HOBSBAWN, 1997), que criativamente resguarda um modelo de organização que seleciona características e emblemas culturais (BARTH, 1969). Nestas atividades do turismo indígena os Fulni-ô através das cafurnas e demais expressões culturais contam, cantam e dançam a sua etnohistória dramatizando a vida indígena e realizando maneiras pedagógicas de aprendizado aos “turistas”, ao destacarem como os indígenas sobreviveram durante anos de invizibilização. É desta maneira, que os Fulni-ô mostram que existem indígenas no Nordeste do Brasil com língua viva (yaathe) e modelos plurais de exercício da autonomia territorial.As pinturas, cafurnas e artesanatos são formas xamânicas dos Fulni-ô apresentarem sua tradição e um modelo particular de convivência com o bioma da caatinga, das pedras e das palhas do coqueiro do ouricouri (Syagrus coronata), logo, pintar-se e trançar as palhas tem um significado de vestir-se desse território que compõe a condição sine qua non da identidade e sobrevivência étnica. Pois, como cantam os indígenas: “índio é terra e ninguém vai separar!” Tal ensaio foi produzido em Fevereiro de 2019 durante a etnografia da pesquisa de doutorado – Fluxos de Comunicação Fulni-ô: territorialidade, cosmologia e performance, a qual demonstra uma articulação na produção imagética entre pesquisador e indígenas.
      PubDate: 2022-12-21
      DOI: 10.51359/2526-3781.2022.256870
      Issue No: Vol. 8, No. 2 (2022)
       
  • O vinho à sombra do vulcão

    • Authors: Carla Pires Vieira da Rocha
      Abstract: Giusy me contou dos vinhos do passado e do presente. Contou do vinho desde quando era feito pelo seu avô, a partir das videiras cultivadas nas terras pretas e férteis à sombra do vulcão. Vinho antes fermentado em palmento - coisa antiga - que agora também se faz em tanques de inox. Do vinho servido no jarro de metal àquele multiplicado em garrafas de vidro. Do vinho que se bebe à mesa ao que vem circulando ao redor do mundo.Plantar e cultivar videiras, elaborar o vinho são atividades que envolvem técnicas do passado remoto, agora atualizadas. Bebida que se fazia predominantemente com as mãos, com os pés, com o movimento dos corpos. Mas nem tudo é mudança; depois de pronto, ainda é líquido a ser incorporado desde os sentidos. Cenários ajudam a perpetuar imaginários em torno do fazer e beber ritualizados, do trabalho de homens e mulheres, da vindima anual compartilhada, de um tempo distante rememorado.
      PubDate: 2022-12-21
      DOI: 10.51359/2526-3781.2022.256864
      Issue No: Vol. 8, No. 2 (2022)
       
  • A Caminho de Yauyos, uma campanha eleitoral em segundo plano

    • Authors: Guilherme F. W. Radomsky
      Abstract: Quem sai de Lima, Peru, pela estrada Panamericana sentido sul, vislumbra uma paisagem que margeia o frio oceano Pacífico de um lado, enquanto se avolumam os pálidos morros esbranquiçados de outro. Não raro se aparecem favelas e moradias populares à vista, subindo as íngremes encostas peladas e num relance de pensamento não sabemos como as casas permanecem em pé na areia em declive. A paisagem se torna dramática também porque as casinhas são vistas contrapostas às praias de veraneio dos limeños de classe média alta com suas chamativas mansões de temporada.Ao se chegar em San Vicente de Cañete para subir a serra próxima da capital peruana, o verde dos vales começa a se pronunciar e os rios que correm para o mar são ladeados por colinas. Neste ponto do trajeto que um estranho plano de fundo prendeu minha atenção e originou a narrativa aqui exposta.Parte desse recorrido no fim de dezembro de 2010 era guiado por imagens recorrentes: passando por cidades e vilas chegando até o espaço rural, que nos dá impressão de remoto, a campanha visual de Keiko Fujimori (filha do ex-mandatário do país vizinho) para presidência do Peru em 2011 quase não dá trégua.Durante o trajeto, nas situações menos esperadas, “Fuerza Keiko” estava lá, sempre em segundo plano. Asia, Lunahuana, Zuñiga, Catahuasi, Capillucas e outras pequenas localidades no caminho de Yauyos, nosso destino. Eventualmente só “K” nos relembra da política partidária nos lugares recônditos. Procissão, festa, desfile, trabalho de pastoreio, uma efervescência de acontecimentos, e a campanha eleitoral do partido de direita Força Popular acompanhava o percurso. Curiosamente, num golpe de captura Che Guevara se intromete, mostrando que as forças políticas se chocam até nos detalhes. Foi nesse “acidente”, um olhar que escaneia lentamente as imagens feita no passado, que me deparei mais propriamente com o que Benjamin (1985) denominou de inconsciente óptico, especialmente considerando o tempo que se interpõe neste caso entre o registro das fotografias em campo e a reflexão (Leal, 2013).Na época que as fotografias foram realizadas, havia a sensação de que tudo era movente e transitório, menos as pinturas de Keiko no fundo. No aparelho de captura técnica acionado aqui e ali (Flusser, 2011), o que esvanece e permanece (Soulages, 2010) parecem entrar em conflito nas imagens. Mas as próprias imagens já indicavam uma possível novidade que se tornaria velha logo. Nem Keiko venceu esse pleito, altamente conflitivo e litigioso no Peru como tem sido nas últimas décadas, nem desistiu da candidatura nas eleições seguintes, ficando estas pinturas logo apagadas, talvez substituídas por outras, e pouco propensas a chamar a atenção dos que vivem nessas terras, nem a despertar qualquer sentimento de mudança social por meio da política. A vida seguiu com festas, procissões, desfiles, pastoreios.
      PubDate: 2022-12-21
      DOI: 10.51359/2526-3781.2022.254528
      Issue No: Vol. 8, No. 2 (2022)
       
  • Memória fotográfica do Território Quilombola Fazenda Nova Jatobá,
           Curaçá, Bahia.

    • Authors: Geraldo Barboza de Oliveira Junior
      Abstract: O Território Quilombola Fazenda Nova Jatobá, localizado no município de Curaçá (Ba), distante cerca de 15 Km da sede do município foi reconhecido pela Fundação Cultural Palmares, no ano de 2010. O território é cortado pela BR-210 ocupando um território de 15 mil hectares com uma população de 212 famílias distribuídas em 07 Comunidades: Boqueirão, Sombra da Quixaba, Primavera, Favela, jatobá, Caraíbas e Rompedor. O território se estende das margens do rio São Francisco até a Serra do Icó.A terra constitui um dos mais importantes componentes da identidade destes povos, já que é nesta relação que se constrói a identidade das mesmas; articulando, inteiramente, dentro delas suas práticas culturais e religiosas. Assim, Território e Identidade se complementam e definem os modos de viver, pensar, trabalhar e ter um olhar sobre si mesmo. Olhar esse que coloca as famílias quilombolas numa situação de alteridade em relação à “população geral”.A vida dos quilombolas de jatobá é definida pelos ciclos de chuva e estiagem para definir sua atividade agrícola. A vantagem, neste sentido, é pelo fato de que tradicionalmente as famílias utilizam de forma coletiva as margens do rio para agricultura irrigada, onde plantam: coqueiros, mangueiras, mandioca, maracujá, milho, batata doce e hortaliças (cebola, coentro, pimentão).O Território Quilombola do Jatobá é cortado pela BA 210 em toda a sua extensão. Esta rodovia tem mais de 20 anos de construída e é o caminho que liga os municípios de  Juazeiro até Paulo Afonso, no Estado da Bahia. Esta rodovia teve no ano de 2018 iniciada sua obra de recuperação em toda sua extensão. A obra incluia desde a recuperação das margens (ocupada por casas e comércios irregulares) até sua estrutura em si (pavimentação inexistente em alguns trechos). A situação da rodovia contribuia para a insegurança social que é endêmica (os assaltos fazem parte do cotidiano de quem trafega na por ela).Apesar de certificada pela Fundação Palmares, não foi devidamente, incluida nas tratativas do empreendimento. Não houve estudos patra diagnosticar os impactos socioambientais. Essa situação se revela mais preocupante pelo fato de que a obra está dentro da ÁREA DIRETAMENTE AFETADA do Território Quilombola do Jatobá. Um dos fatores para esta situação foi o “desmonte” na estrutura da Fundação Palmares; que não disponibilizava técnicos para acompanhar obra. Esse quadro foi favorável à empresa. Ressalto, ainda, o desconhecimento da Secretaria de Infraestrutura do Estado da Bahia- SEINFRA em relação à Convenção 169 de Organização Internacional do Trabalho – OIT.A Convenção 169 da OIT reconhece o diteito de voz e voto nas diversas fases do Licenciamento Ambiental (Prévia, Instalaçãp e Operação) das comunidades tradicionais que são impactadas por empreendimentos considerados obras de interesse social.No ano de 2018, conheci o Território Quilombola Fazenda Nova Jatobá e suas sete comunidade enquanto integrante da “Equipe Socioambiental” da empresa que era responsável pela execução da obra. A formação da equipe (na realidade um antropólogo e uma engenheira ambiental) foi exigência da Palmares e da Fundação nacional do Índio para a SEINFRA. Entretanto, as condições de trabalho para esta “equipe” revelavam em sua rotina de trabalho outros aspectos: falta de estrutura, desconhecimento do trabalho a ser executado (ficávamos responsáveis pela comunicação também) e assédio moral. O resultado era uma visão do papel do antropólogo como alguém que poderia atrapalhar o andamento da obra (em outras palavras: diminuir o lucro).   Este registro foi demandado pelos próprios quilombolas que se ressentem da pouca visibilidade que estão sujeitos. Compreendem que uma maior exposição pode proporcionar um melhor acesso às políticas públicas. As fotos a seguir mostram aspectos destas sete comunidades.Ao Território Quilombola Fazenda Nova Jatobá, meu muito obrigado.
      PubDate: 2022-12-21
      DOI: 10.51359/2526-3781.2022.253723
      Issue No: Vol. 8, No. 2 (2022)
       
  • A solidão dos corpos negros no espaço academico

    • Authors: Renata Do Amaral Mesquita, Rosalia Cristina Andrade Silva
      Abstract: Historicamente, podemos dizer que a antropologia é uma disciplina conhecida por seu interesse em estudos de populações ditas “marginalizadas”. No Brasil, ela constituiu-se por um elevado número de pesquisas que levassem em consideração populações indígenas, negras, periféricas, camponesas, dentre outras. Durante praticamente todo século 20 o objetivo maior dos pesquisadores era explicar o Brasil, analisando as diferenças entre os tipos de populações existentes na cultura nacional. Diferente de outras nacionalidades, a antropologia brasileira buscou estudar o próprio país; o principal interesse era a formação da sociedade brasileira, levando em consideração o povo formador do Brasil e como constituir uma idéia de identidade nacional com a população já existente. Tanto as teorias em torno do conceito de inclusão da população negra nos espaços de poder quanto os discursos racistas (e suas diversas modalidades de existência) encontram no sistema escravocrata e nos aspectos da identidade cultural um ponto de convergência. É nesse entrelaçamento que podemos apontar as proximidades de contextos históricos com aplicabilidades de ações que hoje tornam possível a presença de pessoas negras em ambientes de poder, como por exemplo os espaços acadêmicos.
      Não é de hoje que se sabe que o sistema de cotas atribuiu para a sociedade brasileira um rico e grande debate em torno dos projetos desenvolvidos sobre a identidade do país. Essa discussão passou, historicamente, por diversos „níveis‟ até chegar aos dias atuais e é possível encontrarmos elementos que divergem e aproximam esses debates às perspectivas racialistas, tendo em vista que o acesso às instituições de ensino superior não significou a inclusão dos negros em toda sua totalidade. De acordo com o Programa de Combate ao Racismo Institucional – PCRI, o racismo institucional “acontece quando instituições e organizações fracassam em prover um serviço profissional e adequado às pessoas por causa de sua cor, cultura, origem racial ou étnica”. Dentre as várias formas de manifestações, o racismo se revela por meios de normas, práticas e comportamentos adotados no cotidiano de instituições e produz efeitos devastadores sobre aqueles que o recebem. Pensar nas infra-estruturas sócio/culturais e nos impactos das produções teóricas sobre as formas de como as sociedades se organiza e interage talvez seja o grande desafio dos intelectuais, e porque não dizer dos próprios antropólogos. Contudo, o que há de comum entre o sistema que coloca os negros em situação de solidão e os espaços de intelectualidade'
      O curta busca promover um debate acerca da solidão dos corpos negros no universo acadêmico. A narrativa aponta para as várias formas imbricadas pelo sistema de estabelecer o racismo, e de como a infraestrutura desse espaço, seja através dos moldes coloniais, ou subjetivos, subalterniza o corpo negro intelectual e político, de tal forma a não abarca-lo em sua totalidade. Dessa forma, o enredo foi estruturado com diálogos, relatos de corpos negros teóricos, bem como cenas ficcionais que retratam o viver negro na universidade. A produção do curta documentário surge então tendo a imagem como uma importante ferramenta de comunicação no campo da antropologia visual, no imaginário que pode aguçar e nos sentidos e reflexões que poderão existir no que tange à dimensão da infraestrutura e do afeto nos corpos negros teóricos.
      PubDate: 2022-12-21
      DOI: 10.51359/2526-3781.2022.256982
      Issue No: Vol. 8, No. 2 (2022)
       
 
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