Open Access journal ISSN (Print) 1519-7050 - ISSN (Online) 2177-6229 This journal is no longer being updated because: the publisher no longer provides RSS feeds
Authors:Silvio de Azevedo Soares Pages: 70 - 83 Abstract: Neste artigo procuro descrever certos efeitos políticos e subjetivos que se podem desdobrar do discurso psiquiátrico contemporâneo referente ao uso de psicofármacos (em especial, do Prozac). Para isso, circunscrevo – como unidades de análise – manuais de psiquiatria e psicofarmacologia, manual de saúde mental do Ministério da Saúde, publicações da Associação Brasileira de Psiquiatria e o best-seller internacional Ouvindo o Prozac do psiquiatra estadunidense Peter Kramer. Diante dos conteúdos desse corpus documental examino: a) como, nesses enunciados, se traçam ações de poder-sujeição e de governo de condutas; b) como esse conjunto de proposições sobre psicofármacos pode integrar uma estratégia neoliberal de governo das condutas (em nome da recuperação, manutenção ou potencialização do capital humano dos indivíduos). O argumento deste trabalho é que o atual dispositivo psicofármacos configura-se como um dos elementos táticos de uma biopolítica neuromolecular que apresenta convergências com as estratégias neoliberais de governo das condutas do sujeito “empresário de si”. PubDate: 2023-02-17 DOI: 10.4013/csu.2022.58.2.01 Issue No:Vol. 58, No. 2 (2023)
Authors:Jefferson Evânio da Silva, Robson da Costa de Souza, Joanildo Burity Pages: 84 - 96 Abstract: Levando em consideração as recentes alterações no texto curricular da Educação Básica brasileira, bem como seus impactos na produção dos discursos presentes nos livros didáticos que integram as coleções de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, discutem-se as lógicas que organizam os modos contemporâneos de subjetivação política, na interseção entre duas formações discursivas distintas (neoliberalismo e multiculturalismo). Partindo de uma análise realizada em 4 (quatro) manuais didáticos contemporâneos, em diálogo com aportes da Teoria do Discurso pós-estruturalista e elementos da análise do discurso foucaultiana, o texto discute processos de equivalência e de diferenciação entre aquelas formações discursivas, visando demonstrar o modo pelo qual o discurso neoliberal pretende instrumentalizar a gramática das Ciências Sociais e do multiculturalismo para constituir uma forma de subjetividade política marcada pelo desejo de “reconciliação simbólica”, sob os signos da “troca”, da “mistura” e da “hibridização” de formas de ser e estar no mundo. PubDate: 2023-02-17 DOI: 10.4013/csu.2022.58.2.02 Issue No:Vol. 58, No. 2 (2023)
Authors:Marcelo Cigales, Luca Fonseca Pages: 97 - 109 Abstract: O artigo teve por objetivo compreender as práticas e os desafios docentes em Sociologia a partir de um questionário online, respondido por 27 professores de Sociologia da educação básica do Distrito Federal. O referencial teórico utilizou o conceito de habitus de Pierre Bourdieu para questionar se haveria um conjunto de práticas e representações incorporadas por meio dos cursos de licenciatura em Ciências Sociais, visíveis a partir da prática pedagógica após o ingresso no mercado de trabalho. Foi possível destacar características que evidenciam um habitus docente em Sociologia conectado a uma estrutura do bacharelado na área por meio da análise de quatro elementos: a) características socioprofissionais; b) percepção sobre a formação; c) práticas pedagógicas; e, d) desafios docentes. Temos por hipótese de que os cursos de licenciatura ainda são pouco autônomos o que dificulta a criação de regras simbólicas de legitimação de um habitus docente em Sociologia construído a partir das suas estruturas. PubDate: 2023-02-17 DOI: 10.4013/csu.2022.58.2.03 Issue No:Vol. 58, No. 2 (2023)
Authors:Ricardo Ismael, Rafael Leone Pages: 110 - 120 Abstract: A descoberta do Pré-Sal, em 2006, trouxe ao Brasil a esperança de um novo ciclo de desenvolvimento, combinando crescimento da economia com avanços no bem-estar social. O novo marco legal e institucional para exploração de petróleo e gás natural, aprovado pelo Congresso Nacional, definiu a criação do Fundo Social do Pré-Sal, que tinha os seguintes objetivos principais: estimular uma poupança de longo prazo; arrecadar recursos para o financiamento da educação e saúde, dois pilares do desenvolvimento humano; reduzir os impactos macroeconômicos gerados pela comercialização dos recursos naturais. O artigo pretende discutir a implantação do modelo brasileiro, entre 2012 e 2019, procurando analisar suas especificidades, cumprimento de seus propósitos e montante distribuído para as áreas sociais citadas. Quando comparado ao Fundo Soberano da Noruega, observa-se que a gestão do fundo no caso brasileiro é mais suscetível a interferências políticas, diante da ausência na legislação de mecanismos de transparência. A investigação mostrou que o Fundo Social do Pré-Sal arrecadou, no período considerado, um volume de recursos significativo, mas que não foi distribuído para o campo educacional, ou para o Sistema Único de Saúde, permanecendo depositado na Conta Única do Tesouro Nacional. Isto aconteceu porque o governo federal não criou as duas instituições gestoras previstas em lei: o Comitê de Gestão Financeira e o Conselho Deliberativo do Fundo Social. Conclui-se que esta questão deve ser enfrentada nos próximos anos, diante das projeções de aumento dos montantes envolvidos e das necessidades de financiamento da área social. PubDate: 2023-02-17 DOI: 10.4013/csu.2022.58.2.04 Issue No:Vol. 58, No. 2 (2023)
Authors:Bruno Costa Pages: 121 - 133 Abstract: “Fazer o deserto florescer” é o axioma que sintetiza a dicotomia entre o deserto como um espaço vazio, marcado pela suposta ausência de vida, de humanidade e de razão, e o movimento sionista, que propõe ocupar esse vazio e preenchê-lo. Neste artigo, a relação entre o projeto colonial de povoamento sionista, o território da Palestina e a sua população será pensada a partir da análise do planeamento e do discurso, bem como das “práticas situadas” no espaço-tempo habitado do Naqab. Refiro-me a essas práticas –expressão material da relação entre as comunidades palestinianas-beduínas e o território– como uma forma de r/existir para lá do espaço-tempo colonial/moderno e dos seus vocabulários dominantes. PubDate: 2023-02-17 DOI: 10.4013/csu.2022.58.2.05 Issue No:Vol. 58, No. 2 (2023)
Authors:Ilídio Fernando, Fabio Lanza, Luis Gustavo Patrocino Pages: 134 - 142 Abstract: A sociedade moçambicana é fundamentada na diversidade religiosa a ponto de ser classificada como uma sociedade multirreligiosa. O presente artigo aborda a religião em Moçambique com o objetivo de apresentar panoramicamente os três períodos históricos da implantação das três religiões com maior contingente. Intenciona-se explicar aspectos relevantes do contexto sociorreligioso no processo da formação da nação e da sociedade moçambicana. São apresentados aspectos sociais referentes às três grandes matrizes religiosas vigentes no país: a religião cristã, a islâmica e a tradicional africana (RTA). Para tal, questiona-se como essas matrizes religiosas têm contribuído na formação da sociedade moçambicana. Trata-se, metodologicamente, de uma pesquisa bibliográfica e documental, utilizando análise processual e hermenêutica histórica juntamente com embasamento teórico da sociologia da religião, numa perspectiva analítica do conhecimento emancipatório. Como resultados pode-se afirmar que as religiões são fundamentais no que concerne à apuração dos alicerces ou gêneses religiosas que se destacam na formação cultural, humanização, socialização dos moçambicanos, meio de interação entre indivíduos e a sociedade e no desenvolvimento da religiosidade dos moçambicanos. PubDate: 2023-02-17 DOI: 10.4013/csu.2022.58.2.06 Issue No:Vol. 58, No. 2 (2023)
Authors:Analía Soria Batista, Francisco Elionardo de Melo Nascimento, César Barreira Pages: 143 - 155 Abstract: O artigo discute as relações entre o Estado e a sociedade, analisando a gestão das prisões no estado do Ceará. Essas relações são abordadas em perspectiva histórico-cultural, sociológica e política. Discute duas formas de gestão prisional que se sucedem no tempo: a negociação do monopólio da violência do Estado com as facções e a afirmação desse monopólio pelo enfrentamento a esses grupos. As práticas presentes nas modalidades de gestão são caudatárias de habitus de relacionamento entre o Estado e a sociedade produzidos pelo déficit histórico de cidadania. O texto está fundamentado na análise qualitativa dos dados adquiridos a partir de entrevistas e observação participante, análises bibliográfica, de vídeos, de matérias jornalísticas, de documentos e dados oficiais e não oficiais. A afirmação do monopólio da violência do Estado nas prisões é uma delicada operação política que inicia com estratégias intervencionistas de enfrentamento às facções criminais e de disciplinamento das prisões. E que continua com reformas como a burocratização do trabalho e o cumprimento de regulações oficiais e não oficiais. A política apresenta resultados controversos para os presos e para os policiais penais, como as denúncias de torturas dos presos e de adoecimento psíquico desses profissionais. De um outro lado, a negociação da gestão prisional entre o Estado e as facções fortalece a essas últimas e sela o destino no crime dos jovens negros e pobres. PubDate: 2023-02-17 DOI: 10.4013/csu.2022.58.2.07 Issue No:Vol. 58, No. 2 (2023)
Authors:Rosangela Maria Amorim Benevides-Guimarães, Edma do Socorro Silva Moreira, Ana Lúcia de Sousa Pages: 156 - 168 Abstract: Este artigo discute a correlação entre a integração territorial por meio de grandes projetos de investimentos (GPIs) em infraestrutura e a sua dominação e os impactos territoriais provocados aos povos indígenas, aos camponeses e pescadores locais nas regiões Sudeste e Norte do Brasil. Tem como propósito compreender, numa perspectiva dialética, o que denominamos de “processo de integração-desintegração territorial” associado ao Complexo Portuário do Açu, no Norte Fluminense e à Estrada de Ferro Carajás, na Amazônia. Para isso, nos baseamos nos estudos e nas pesquisas que envolvem as temáticas sobre a fragmentação territorial, os processos de desindustrialização e as commodities, além dos documentos técnicos referentes aos empreendimentos e das informações de campo (2019-2020). Nessas regiões, esses dois GPIs, com conexões globais, são responsáveis por deslocamentos humanos, pela exclusão de áreas para a agricultura e a pesca, pela expropriação de terras, pela violência e pela degradação ambiental, que ocorrem concomitantes com suas expansões físico-territoriais. As consequências desse processo acirram conflitos nesses territórios, dialeticamente integrados-desintegrados pelo capital e pelo Estado, e neles emergem resistências dos grupos sociais locais contra a usurpação de seus direitos sociais e contra a destruição da natureza e das culturas. PubDate: 2023-02-17 DOI: 10.4013/csu.2022.58.2.08 Issue No:Vol. 58, No. 2 (2023)