Authors:Nick Srnicek Pages: 2 - 13 Abstract: O objetivo deste artigo é analisar várias perspectivas sobre valor na economia digital, destacando inconsistências e mal-entendidos quando necessário, bem como extrair mecanismos e conceitos úteis sempre que possível. Em particular, este artigo critica a abordagem atualmente dominante sobre valor dos dados: a tese do trabalho gratuito, que argumenta que nossas atividades online são produtoras de mais-valia. Embora essa explicação de como o valor é produzido, circulado e capturado ofereça análises intuitivas (e às vezes reconfortantes), argumento que, no entanto, ela se baseia em suposições e inferências equivocadas. Em seu lugar, oferecerei um relato que se concentra na renda e na apropriação de valor, em vez de na criação de valor. Essa abordagem se baseará em uma análise marxista da economia por sua utilidade na compreensão da dinâmica econômica além do fluxo superficial de preços, bem como sua ênfase nas tendências de médio e longo prazo dentro de um modo de produção histórico. O objetivo final aqui é, em um alto nível de abstração, estabelecer onde e como as plataformas estão situadas dentro dos circuitos teóricos de valor do capitalismo contemporâneo PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)
Authors:Fernanda Carrera, Pablo Moreno Fernandes, Eloy Santos Vieira, Leila Lima de Sousa Pages: 14 - 21 Abstract: Com esse texto de abertura de mais uma edição da Revista Fronteiras, a nossa intenção não é a de conduzir ou tutelar a experiência de leitura, muito pelo contrário, mas sim partilhar do desafio que foi construir e proporcionar o diálogo entre tantos textos que, em algum nível, se encontravam em meio às "avenidas de opressão" e nos cruzamentos com as plataformas. Alguns dos cruzamentos mais discutidos foi justamente o que inaugura o debate interseccional acerca do gênero e da raça, mas também com elementos sobre sexualidade, corporeidades, território, classe, origem, dentre outros, marcam essas encruzilhadas nos podcasts, streamings e redes sociais. A seguir, apresentamos um breve debate sobre a construção desses conceitos e como esses recortes empíricos se conectam com e a partir das teorias e, ao final, destacamos algumas (auto)críticas sobre esse processo de construção da pesquisa em Comunicação. PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)
Authors:Jaércio da Silva Pages: 22 - 36 Abstract: Partindo de um ponto de vista sócio-técnico, este artigo propõe estudar como o conceito de interseccionalidade ganha uma força particular nas redes sociais. Ele baseia-se em uma dupla constatação. Primeira, as plataformas permitem a construção narrativa de categorias da população que não se reconhecem nas produções midiáticas e da indústria cultural. Segunda, elas possibilitam o encontro (e agrupamento) de indivíduos a partir das experiências sociais que lhes são comuns ou de uma interpretação comum dessas experiências. Este artigo visa responder à seguinte pergunta: Qual é o resultado do encontro entre a força performativa da interseccionalidade e a força performativa das plataformas digitais' Para isso, o texto é organizado em duas partes. A primeira é voltada para a apresentação dos dados analisados durante a pesquisa de campo e procura demonstrar que os atores atribuem um sentido particular à interseccionalidade, a partir do qual eles produzem objetos midiáticos alternativos e favorecem a construção de uma comunidade de ação. A segunda parte concerne a análise das condições políticas, materiais e técnicas de emergência deste discurso nas plataformas digitais. Esta pesquisa faz parte de uma tese de doutorado em andamento. Ela mobiliza técnicas clássicas do método etnográfico e ferramentas digitais que facilitam a coleta e a construção de base de dados. A análise é baseada na articulação de diferentes materiais: texto de apresentação e estatísticas (número de seguidores, curtidas, compartilhamentos); anotações feitas no caderno de pesquisa de campo; 23 entrevistas semi-estruturadas; e a análise do conteúdo multimídia. PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)
Authors:Tâmara Caroline Almeida Terso, Paulo Victor Melo, Maryellen Crisóstomo Pages: 37 - 51 Abstract: O presente artigo busca analisar o podcast Ondas da Resistência, um programa com duas temporadas, produzido por mulheres negras, de Povos e Comunidades Tradicionais, frente à violação de diretos dos seus territórios por crimes socioambientais e pela pandemia de Covid-19, nos anos de 2020 e 2021. Este podcast é aqui reconhecido como uma iniciativa de comunicação comunitária, que identifica sua condição de produção em contextos de negação de direitos oriundos da interação do racismo, sexismo e consequências dos projetos de desenvolvimento predatório nos territórios, em uma mirada interseccional (Crenshaw, 2002; Akotirene, 2019) e elaborada no bojo das estratégias de reivindicação do direito ao território e à comunicação. A experiência vivida pelas mulheres negras, indígenas e tradicionais em seus territórios orientaram a concepção, produção e distribuição dos conteúdos de áudio. Princípios como o matricomunitário (Ribeiro, 2020), biointeração (Bispo, 2015), tecnologias ancestrais e territórios como espaço do vivido (Santos, 2001) foram acionados para construir alianças e planejar a ocupação das plataformas digitais, visando a constituição/retomada de territorialidades digitais (Bargas, 2018). Reconhecendo os limites dos modelos de negócio e infraestruturas das plataformas (Van Djick, 2013; Ejik et al., 2015; DeGryse2016; Intervozes, 2018), o Ondas da Resistência agiu nas fronteiras para construir alternativas de combate ao racismo e sexismo nos entrecruzamentos dos territórios digitais e ancestrais. PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)
Authors:Nealla Valentim Machado, Tamires Ferreira Coêlho Pages: 52 - 66 Abstract: O artigo se propõe a abordar as imagens que a mídia brasileira disponibiliza em relação às mães negras e à maternidade negra/ preta. A partir do pressuposto de que a mídia constrói as “imagens de controle”, definição dada por Patricia Hill Collins (2019) para indicar uma representação específica de gênero para pessoas negras, identificamos padrões que a mídia estabelece para as maternidades negras apresentadas pelas notícias e, com uma proposta metodológica também baseada em Collins (2016), analisamos a fuga das imagens de controle por Bruna Silva, mãe de Marcos Vinicius, menino morto em 2018. As imagens de controle solidificam matrizes de dominação, mas também ressaltamos como essas imagens podem ser interrompidas através da autodefinição de mulheres negras e como isso pode reverberar na cobertura jornalística digital. PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)
Authors:Letícia Dallegrave, André Fagundes Pase, Mariana Gomes da Fontoura Pages: 67 - 82 Abstract: O artigo tem como objetivo observar como o algoritmo presente na página inicial da Twitch, que escolhe os streamers para destacar no formato de carrossel, atua para perpetuar ou não opressões interseccionais. Para isso, inicialmente conceituamos e contextualizamos o streaming de jogos, as dinâmicas de opressão na cultura de jogo e a plataforma Twitch para, em um segundo momento, averiguar isso através de uma análise de conteúdo produzida a partir da coleta de um mês dos dados da página inicial da plataforma. O resultado mostrou que as dinâmicas de opressão (hegemonia masculina, heteronormatividade, violência de gênero e raça, meritocracia e cultura tóxica) são reproduzidas pelo algoritmo na escolha dos streamers, que dá prioridade para divulgar streamers masculinos, brancos e heterossexuais. PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)
Authors:Carolina Bonoto, Fernanda Nascimento da Silva Pages: 83 - 98 Abstract: Este trabalho apresenta os resultados de uma análise de perfis públicos de candidatas autoidentificadas como lésbicas, bissexuais e trans nas eleições municipais de 2020. Nosso objetivo, com base em uma perspectiva interseccional, é descrever e analisar algumas das características presentes nos discursos identitários dessas candidatas durante as campanhas. No Instagram, observamos 132 candidaturas, de 20 partidos políticos, em 21 estados brasileiros. A coleta de dados foi realizada entre 27 de setembro e 15 de novembro - período equivalente ao início da campanha eleitoral até o final do primeiro turno - e resultou em 3.385 publicações coletadas via CrowdTangle. Para analisar esses dados, utilizamos análise de conteúdo (AC). Os dados foram selecionados conforme a presença de elementos interseccionais, resultando em um corpus final de 359 publicações. Entre os resultados, destacamos: o Instagram é a principal plataforma utilizada, sobretudo por suas affordances; as candidaturas LBT são, com frequência, atravessadas por marcadores de classe, geração, religião e pertencimentos étnico-raciais; os marcadores de raça e identidade de gênero não são nomeados por mulheres brancas e cisgêneras; a representatividade é central nas candidaturas, muitas delas inéditas em suas cidades; e, por fim, há uma proliferação de identidades politicamente potentes buscando ocupar os espaços da política brasileira e utilizando plataformas digitais para tanto PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)
Authors:Joana Ziller, Dayane Barretos, Kellen Xavier, Leíner Hoki Pages: 99 - 113 Abstract: A curadoria algorítmica das plataformas de mídias sociais instaura, em relação às lesbianidades interseccionais, uma lógica que possibilita uma circulação de conteúdos ausentes em outras ambiências midiáticas, mas, ao mesmo tempo, a limita a pessoas que já navegam pelo tema. Mesmo entre os públicos relacionados às lesbianidades, os corpos à mostra são, em sua maioria, de mulheres brancas, magras, jovens, sem deficiência e que performam feminilidade. Há um acúmulo de enviesamentos algorítmicos que torna pouco visíveis mulheres lésbicas como um todo, mas, dentro desse conjunto, reserva ainda menos visibilidade às lésbicas negras, desfeminilizadas, não jovens, com deficiência. Essa hierarquia responde às normas de gênero, reafirmadas cotidianamente pela lógica algorítmica rich get richer, fazendo com que conteúdos que refletem padrões mais amplamente aceitos tendam a ter sua circulação ampliada - e conteúdos dissidentes, circulação reduzida. Mas a própria visibilidade lésbica pode ser tomada como também composta por resistências, mesmo que a mediação algortímica das plataformas de mídias sociais amplifique os traços hegemônicos que a compõem. Assim, as mesmas redes que nos privam da circulação ampliada são ferramentas para a publicação de discussões politizadas por lésbicas negras, periféricas, gordas, que não são jovens, com deficiência. Partindo de tais discussões, este artigo se volta aos perfis Dedilhadas e Sapatão Amiga (YouTube); @pretacaminhao e @vanessagrao e (Instagram) para analisar resistências lésbicas em intersecções variadas em plataformas de mídias sociais. Os perfis foram selecionados, a partir do histórico de pesquisa das autoras, tendo como critério central a visibilidade e o engajamento alcançados. PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)
Authors:Danielle Rudnicka-Lavoie Pages: 114 - 126 Abstract: On YouTube, transition vlogs can be incredibly helpful for folks curious about or currently undergoing a gender transition process, contributing to affective counterpublics on the platform. However, the visibility created by transition vlogs also contribute to stereotypes that presents gender transition as a linear process that begins in one gender and ends in another, reinforcing binary gender stereotypes and medical transition as both achievable and accessible to all. Despite extensive literature on gender transition vlogs on YouTube, there remains a gap in understanding how trans YouTubers’ everyday lived experiences are depicted in vlogs. Against this backdrop, this paper investigates YouTuber Kat Blaque’s series “True Tea” as contributing to a disruption of transnormativity on the platform. Considering much remains unknown about QTBIPOC creators on YouTube, this study highlights how Blaque’s vlogs address both subversive and mundane aspects of intersectional identities. Drawing on a Critical Feminist Discourse Analysis of 10 videos selected from Blaque’s series “True Tea”, I show how vlogs about topics other than transition by trans YouTubers contribute to dissipating stereotypes about trans folks’ lived experiences by decentering medicalizing discourses. Themes in her videos relating to passing and transnormativity; pronouns and woke culture; and romance and sexual attraction reveal that Kat Blaque’s vlogs contribute to a decentering of transnormativity. These findings are significant to the literature of trans vlogs on YouTube, as they highlight the diverse and intersectional nature of Black trans womens’ lived experiences. This study finds that increased attention into the intersectional identities of trans YouTubers aids in resisting the notion of neoliberal logic of the individual by situating their experiences as singular and contributing to the trans creative vernacular of the platform. PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)
Authors:Leonam Dalla Vecchia, Leandro Stoffels, Simone Pereira de Sá Pages: 127 - 140 Abstract: O objetivo do artigo é investigar o projeto audiovisual “Etérea”, do rapper Criolo, à luz das controvérsias do artista com a comunidade LGBTQIA+. Desta maneira, nossa aposta é que este projeto - constituído por videoclipe e documentário - torna-se profícuo para refletirmos sobre como alianças performativas interseccionais podem ser construídas e materializadas no complexo ambiente das redes digitais. A fim de operacionalizar a análise proposta, lançaremos um olhar por sobre a trajetória artística de Criolo, atentos às controvérsias envolvendo a sua performance midiática e a comunidade LGBTQIA+ no decorrer dos últimos anos, a partir de entrevistas e matérias da mídia sobre o artista. Em seguida analisaremos o projeto “Etérea”, tendo como premissa que este trabalho busca uma aliança (BUTLER, 2018) entre masculinidades e sexualidades normativas - características marcantes do ambiente performático vinculado ao gênero rap e da construção midiática de Criolo - e o movimento LGBTQIA+, através da exibição e valorização de corpos dissidentes. A fundamentação teórica que sustentará a análise levará em consideração o conceito de performance (FRITH, 1996; GUTMANN, 2021; SOARES 2013; TAYLOR, 2013; SCHECHNER, 2009) e a centralidade que tais estudos atribuem ao corpo na produção de sentido das audiovisualidades musicais em rede. Ao analisarmos tais corpos e sua presença nas audiovisualidades musicais enredadas pelo ecossistema das plataformas digitais (VAN DIJCK, 2013), apostamos que tais ambiências funcionam como espaços (imateriais) de aparecimento político, nos termos de Judith Butler (2018) PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)
Authors:Monalisa Pontes Xavier, Geovane Pereira da Silva, Diego Stéfano Araujo Souza Pages: 141 - 152 Abstract: A perspectiva dos estudos interseccionais tem produzido importantes tensionamentos nas ciências humanas, sociais e áreas da saúde ao considerar os atravessamentos das estruturas de opressão. Tais estruturas permeiam os processos de subjetivação, produzindo modos de ser e lugares passíveis de trânsito e de ocupação na sociedade. Nesse cenário, o presente trabalho discute os processos de subjetivação forjados nos dispositivos de visibilidade e vigilância a partir de afirmações de (r)existências de pessoas pretas transgênero. Este artigo busca compreender as ressonâncias das práticas sociais contemporâneas nos modos de subjetivação. Para tal, em consonância com a orientação cartográfica, procuramos desenvolver práticas de acompanhamento de processos ao, inicialmente, discutir modos de subjetivação produzidos a partir das narrativas cartografadas, bem como problematizar as transversalidades entre as práticas sociais e os modos de subjetivação. Identificamos cenários emergentes onde são forjadas construções discursivas sobre gênero, sexualidade e corpos trans a partir das especificidades estudadas nos cenários identificados e, por fim, discutir as implicações dessas construções discursivas nos modos de subjetivação. Os tensionamentos afirmados nas redes sociais, como também os lugares reivindicados por pessoas pretas e trans nesses dispositivos de visibilidade, sugerem a abertura de possibilidades para o reconhecimento dessas pessoas como influencers, pessoas de referência, saberes peritos e vozes de verdade capazes de produzir realocamentos dos corpos pela subversão de lugar de abjeção e ocupação de espaços nas redes que findam por reverberar também nas práticas sociais fora delas, a exemplo da crescente ocupação de representatividade política, e, principalmente, nos processos de subjetivação constituídos nas interseccionalidades de gênero, raça e afins. PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)
Authors:Caroline Roveda Pilger, Nísia Martins do Rosário , Gabriela Saraiva Habckost Pages: 153 - 168 Abstract: O artigo desenvolve uma reflexão sobre corpos de mulheres gordas que apresentam rupturas em relação às normatizações e regulações midiáticas, manifestando-se no Instagram, plataforma que empregam como ferramenta de mobilização. Os fundamentos teóricos se organizam a partir da perspectiva interseccional em conexão com estudos sobre o corpo, o lugar de fala e os conceitos de semiosfera e explosão semiótica. A metodologia proposta para a investigação do perfil de três influenciadoras digitais tem inspiração na semiótica da cultura em relação com a interseccionalidade e o lugar de fala. Nesse cenário, encontramos um movimento importante e insurgente de ressignificação do corpo midiático e de expressão das subjetividades ativas de mulheres gordas subalternizadas que impõem questões de fundo cultural e político. PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)
Authors:Lidia Michelle Azevedo Pages: 169 - 180 Abstract: O crescimento e o desenvolvimento da tecnologia por trás das redes sociais, associados à cultura neoliberal que faz do homem um empreendedor de si e torna a vida cotidiana monetizável, estão popularizando o trabalho através das plataformas digitais. Partindo do entendimento de que as questões sociais do mundo offline são reproduzidas no ambiente online, este artigo tem por objetivo analisar quais as estratégias utilizadas por influenciadoras digitais negras para existirem como empreendedoras no mundo virtual, mais especificamente no Instagram. Para fazer essa análise, foram escolhidas três influenciadoras, de estados e regiões diferentes do Brasil e diferentes também fisicamente entre si. A opção por este corpus se dá na tentativa de observar como as três profissionais, que atuam numa sociedade machista e que atualmente reconhece seu racismo estrutural, usam seus perfis para dar dicas de beleza, moda e comportamento, cada uma com seu vocabulário, padrão estético e recorte próprio, conseguindo um índice de interação aceitável pelo mercado publicitário, medido pela quantidade de curtidas e comentários em seus posts. Não interessa fazer aqui uma comparação contínua e profunda com influenciadoras brancas. O objetivo é saber se essas mulheres negras conseguem construir uma carreira minimamente sólida e quais as estratégias utilizadas por elas a partir da compreensão do mercado de publicidade de influência e de como o trabalho de plataforma se dá. PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)
Authors:Beatriz Blanco, Adriana da Rosa Amaral, Lucas Aguiar Goulart Pages: 181 - 196 Abstract: O presente artigo tem por objetivo analisar como as expressões audiovisuais produzidas sob encomenda por divulgadores científicos em canais no YouTube podem indicar e gerar disputas em rede, partindo da observação do caso específico do divulgador científico e influenciador digital Átila Iamarino, levando em consideração a emergência de distintas interseccionalidades relacionadas ao seu posicionamento como figura pública. Compreendemos que figuras que investem em uma intersecção entre os papéis de pesquisador e influenciador digital acabam não apenas produzindo conteúdos relacionados ao seu campo de especialização, mas também materiais acerca das humanidades, compondo publieditoriais sem distinções claras. Assim, analisamos o vídeo “O livre mercado é um computador”, publicado no canal de YouTube Nerdologia, e as respostas e comentários no Twitter geradas a partir dele. Partimos de uma perspectiva multimetodológica qualitativa entre plataformas, combinando a análise textual de vídeos do YouTube à Análise da Construção de Sentidos em Redes Digitais (HENN, 2018 et al) e às categorias da Roleta Interseccional (CARRERA, 2020). Como resultados, observamos que o status de “testemunha discreta” (HARAWAY, 1997) e de “empreendedor moral” (MIKOLSCI, 2021) encontram-se materializados na rede de posicionamentos de Átila e corroboram o seu capital social de influenciador e divulgador científico. Entendemos que abordagens que privilegiam a interseccionalidade e a problematização da relação entre produção científica, identidades subalternizadas e plataformização são fundamentais, trazendo mais equidade para o combate ao negacionismo científico nas mídias digitais. PubDate: 2022-04-19 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2022)