Authors:Virgínia Coutinho de Barros Abstract: Com a eclosão da pandemia do coronavírus, os Estados buscaram medidas para proteger seus cidadãos como o fechamento de fronteiras, isolamento domiciliar, aprovação de decretos emergenciais, dentre outros. Todavia, paralelamente, a mulher nunca esteve tão vulnerável, em abril do último ano, mais da metade da população estava vivendo em confinamento. A ONU Mulheres alertava acerca do reflexo da pandemia sob os grupos estruturalmente vulneráveis. A chamada “Pandemia das Sombras” buscava atenção, principalmente, para os tipos de violência contra a mulher. Contudo, apesar do aumento no número de denúncias, estima-se que há uma quantidade ainda maior de vítimas ocultas, que não denunciam a violência que sofrem por medo, impotência e desapoio. PubDate: 2021-05-26
Authors:Alyssa Ribeiro Perpeto Trotte Abstract: Introdução Até o fechamento desta pesquisa, o Brasil alcança a média móvel de 2.152 mortes em 24hrs – a maior já registrada desde o início da pandemia (G1, 2021). Enfrentamos uma crise sanitária e humanitária apontada com a maior dos últimos cem anos; a interrupção de trabalhos, o aumento de pessoas em situação de subemprego, a intensificação da violência de gênero, a normalização da morte e a fome de volta para a mesa de muitos – sobretudo da parcela da população mais vulnerável – fora alguns dos reflexos cruéis da resposta defasada e insuficiente dos estados-nação à pandemia. É importante pontuar, portanto, que nossa atual conjuntura e uma grande parcela de sua letalidade repousam na essência do sistema capitalista. Este sistema é responsável por cultivar condições para que essa crise - costurada à outras demais - se dissemine no seu mais profundo grau, fomentando a barbarização da vida e da natureza. A origem do novo coronavírus, e de outros vírus de nosso recente século, possuí um vínculo frontal na relação entre indivíduos e natureza que interagem sobre a base desta estrutura hierarquizada e opressora. A gradativa penetração do capitalismo nos sistemas naturais, através do esgotamento de solos, saque e pilhagem de recursos naturais das terras originárias por meio da prática (neo)extrativista e o envenenamento processual da água e do ar, são responsáveis por criar brechas nos ecossistemas, o que possibilita as epidemias emergentes que, assim como a mudança climática, são de origem antropogênica. O capital consome e explora em total descaso, sem considerar a desaceleração ou os impactos da poluição e de emissão de gases do efeito estufa, produzindo efeitos colaterais, sobretudo, aos povos marginalizados do Sul Global. É indubitável que esta pandemia é o desenlace da perpetuação da guerra do capital contra a natureza e, portanto, da guerra do capital contra os corpos plurais e diversos de mulheres ao redor do globo. A incerteza de natureza irrestrita, que se soma ao acúmulo da crise do sistema multilateral, da democracia, da saúde pública mundial, da economia e da natureza, nos coloca no cerne do que se desenvolve em uma extensa crise metabólica. Ainda que a pandemia tenha nos afetado universalmente, esse fator não significa, por condição, que nos atravessou de forma democrática e imparcial. Nesse sistema substancialmente patriarcal e racista, a vulnerabilidade e precarização das vidas é seletiva. O presente ensaio pretende, portanto, realizar uma reflexão sobre a relação entre gênero e natureza frente a atual pandemia do COVID-19 à luz da perspectiva ecofeminista marxista, dessa forma utilizar-se-á o método de pesquisa qualitativa e o materialismo histórico. A partir disto, busca-se compreender a importância da consciência ecológica de gênero e como a atual crise ecológica e sanitária reverbera sobre mulheres. ECOFEMINISMO MARXISTA: A RELAÇÄO HIERARQUIZADA DO CAPITAL SOBRE MULHERES E A NATUREZA Fomentada pela lógica dos conquistadores e do exercício de seus imperialismos, durante séculos – e até os dias atuais – a lógica colonialista ocidentalizada passou a reger nossos modos de governo e o formato de estruturação de nossas sociedades em sociedades capitalistas. O padrão de cumprimento civilizatório antropocêntrico, patriarcal, monocultural e do agronegócio promoveu a dominação da natureza, o apagamento das relações da figura do ser-humano e a sinergia com o meio ambiente e a hierarquização das explorações. Sua dinâmica altamente destrutiva, de mercantilização de todos os ramos de nossas vidas, de expansão a qualquer custo, tem minado, aceleradamente, uma crise ambiental e climática terminal; sobre as quais não temos dimensões anteriores na história. Os marcadores de gênero, construído e nos embutido socialmente, são atravessados pelas relações de poder (SAFFIOTI, 2015), sobre as quais o homem figura-se no papel da centralidade, da autoridade e do domínio sobre tudo aquilo que pensa que o pertence de forma material e mercadológica, como as mulheres e a natureza. O sistema capitalista, baseado na separação de seres-humanos, e na superioridade sobre outras espécies, corroborou para a justificação do domínio comoditizado sobre a natureza. Portanto, o patriarcado capitalista objetiva a natureza como matéria inerte e as mulheres como seres passivos, as quais naturalmente carecem de racionalidade superior e que ocupam trabalhos marginalizados e precarizados, ocupando-os sem nenhuma garantia de seus direitos. Assim como aponta Salleh (1992), as imagens patriarcais de gênero estão imersas em instituições sociais que coligam as mulheres aos eixos “feminino-emocional-caótico-obscuro-natureza”. Dessa forma, afirma: Nas culturas patriarcais, os homens gozam do direito de explorar a natureza do mesmo modo que exploram as mulheres [...] O trabalho e a sexualidade das mulheres, por este meio, são utilizados pelos homens de maneira similar de como exploram a natureza [...] corroborando para as noções patriarcais que pautam nosso corpo (Salleh, 1992, p.90-91, tradução nossa) As mulheres são, portanto, portadoras ... PubDate: 2021-05-26
Authors:Brenda Thainá Cardoso de Castro, Matheus dos Santos da Silveira Abstract: Diversos grupos sociais estão enfrentando uma “cronificação” de suas vulnerabilidades com a pandemia de COVID-19, contribuindo para o aumento das desigualdades socioeconômicas em todo o globo. Entre esses grupos, estão populações tradicionais que vivem na floresta amazônica: uma região historicamente atravessada por políticas anti-indígenas e desapropriação de terras, práticas de exploração que seguem padrões coloniais e agora, com a pandemia em curso, um reforço da violência estrutural que cruza a política, relações econômicas, sociais e institucionais da região com o restante do Brasil, bem como com a sociedade internacional (Castro, Lopes e Brondigio, 2020). Este texto visa dar um vislumbre do cruzamento de elementos da realidade amazônica na pandemia. Notamos que a região costuma ser alvo de interesse internacional como um “patrimônio mundial que precisa de proteção”, mas raramente é vista pelos contextos vividos pela população local e, principalmente, pelos efeitos da dinâmica global na região. PubDate: 2021-05-26
Authors:Andreza Ramos Sant’ana Abstract: O presente artigo busca discutir a superexploração do trabalho na América Latina, mais especificamente o caso brasileiro, na conjuntura do COVID-19. Nesse artigo, analisamos as condições atuais dos trabalhadores informais e como esses trabalhadores passam por uma ampliação da exploração, visto que muitos exercem serviços que são considerados essenciais, como o trabalho em aplicativos de alimentação e transporte, mas o salário continua baixo e as horas trabalhadas, cada vez maiores. PubDate: 2021-05-26
Authors:Thiago Luz, Andressa Caroly Abstract: Não é necessário resumo para os textos deste dossiê, conforme chamada anunciada no site da revista. PubDate: 2021-05-26
Authors:Eunápio Dutra do Carmo Abstract: A incidência de casos do COVID-19 exacerbou o processo de vulnerabilização das populações do Arquipélago do Marajó (Pará), onde concentram-se os municípios com menores IDH do Brasil. O texto analisa essa realidade social em sua complexidade histórica, econômica e da saúde coletiva. Tendo como lócus emblemático o município de Breves, constatou-se que a integração de crises (desigualdade social e sanitária) aprofundou os históricos problemas socioeconômicos e constitui as condições objetivas para que Breves, tenha se tornado, em abril de 2020, o epicentro de transmissão e óbitos por COVID-19 no Brasil numa rapidez extraordinária somado ao fato de ser um dos municípios com elevada taxa de extrema pobreza do país. PubDate: 2021-05-26
Authors:Douglas Grzebieluka Abstract: Nos dias atuais, é possível perceber que o negacionismo científico está ganhando força, seja nos discursos políticos institucionalizados, seja no cotidiano de muitas famílias, impactadas direta ou indiretamente por tais discursos de ódio encrustados em opiniões e dados falsos. A partir dessa problemática, esse ensaio teve objetivo de produzir reflexões a respeito do negacionismo científico e como o mesmo impacta na ciência e na sociedade brasileira atual. Mediante análise reflexiva por revisão bibliográfica, qualitativa e com viés explicativo, percebeu-se que os autores selecionados demonstram um discurso coeso e focado no ativismo científico e na racionalização das ações governamentais, como mudança de postura e de ideologia no combate à pandemia. PubDate: 2021-05-26
Authors:Julia Lobato Pinto de Moura, Daniela Souza dos Santos Abstract: O texto propõe reflexões sobre a influência do discurso religioso e mítico no enfrentamento da pandemia do Covid-19 no Brasil com foco nas políticas públicas anti-ciência adotadas e a relação do setor cristão conservador com o governo federal. Pautados na perspectiva dos estudos culturais, procuramos, através de pesquisa em artigos acadêmicos e de jornais, destacar a relação de movimentos religiosos com um pensamento/sentimento político mítico de negacionismo, alimentados pelas notícias falsas sobre do novo corona vírus, que dificultam as medidas de seu controle, como o isolamento social e vacinação em massa como política de Estado no país, que caminha para se tornar o pior no combate a pandemia Covid-19. PubDate: 2021-05-26