Abstract: Research on the interplay between eating pathology, emotion dysregulation and negative urgency is needed to inform intervention approaches for patients with eating disorders and non-suicidal self-injury. This study aimed to investigate the characterization of patients with eating disorders and non-suicidal self-injury considering eating pathology, emotion dysregulation and negative urgency. This cross-sectional study evaluated 73 outpatients with eating disorders and non-suicidal self-injury (14-55 years; 68 women). A cluster analysis was performed using eating pathology, emotion dysregulation and negative urgency. Differences between clusters were explored on sociodemographic/psychological variables, eating disorder diagnostics and past/current non-suicidal self-injury engagement. Three clusters were identified. Cluster 1 (n=29) (moderate severity) was characterized by high levels of eating pathology, but moderate emotion dysregulation and negative urgency. Cluster 2 (n=29) (high severity) was characterized by the highest scores in eating pathology, emotion dysregulation and negative urgency, and included more patients with current non-suicidal self-injury. Cluster 3 (n=15) (low severity) was characterized by the lowest levels of eating pathology, emotion dysregulation and negative urgency, and included more patients with past non-suicidal self-injury. These profiles highlight the importance of emotion dysregulation and negative urgency as treatment targets for eating disorders patients with current non-suicidal self-injury.Resumo A investigação na interação entre patologia alimentar, desregulação emocional e urgência negativa é necessária para informar as abordagens de intervenção para pacientes com perturbações do comportamento alimentar e ferimentos autoinfligidos sem intenção suicida. Este estudo teve como objetivo investigar a caracterização de pacientes com perturbações do comportamento alimentar e ferimentos autoinfligidos, considerando a patologia alimentar, a desregulação emocional e a urgência negativa. Este estudo transversal avaliou 73 pacientes em ambulatório com perturbações do comportamento alimentar e ferimentos autoinfligidos (14-55 anos; 68 mulheres). Uma análise de clusters foi realizada usando a patologia alimentar, a desregulação emocional e a urgência negativa. As diferenças entre os clusters foram exploradas nas variáveis sociodemográficas/psicológicas, nos diagnósticos de perturbação do comportamento alimentar e no envolvimento em ferimentos autoinfligidos no passado/atualmente. Três clusters foram identificados. O cluster 1 (n=29) (gravidade moderada) foi caraterizado por elevados níveis de patologia alimentar, mas moderada desregulação emocional e urgência negativa. O cluster 2 (n=29) (elevada gravidade) foi caraterizado pelas maiores pontuações na patologia alimentar, na desregulação emocional e na urgência negativa, e incluiu mais pacientes com ferimentos autoinfligidos atualmente. O cluster 3 (n=15) (baixa gravidade) foi caraterizado pelos níveis mais baixos de patologia alimentar, desregulação emocional e urgência negativa, e incluiu mais pacientes com ferimentos autoinfligidos no passado. Estes perfis destacam a importância da desregulação emocional e da urgência negativa como alvos de tratamento para pacientes com perturbações do comportamento alimentar e ferimentos autoinfligidos atualmente.
Abstract: University students are particularly vulnerable to stress due to the demands of higher education and the developmental transition from adolescence to adulthood. The adverse effects of prolonged stress responses highlight the importance of the development of coping skills. Relaxation appears as a tool capable of restoring the resources depleted by stress and increasing positive emotions, cultivating also self-compassion. This study aimed (1) evaluate the effectiveness of a relaxation training program in university students, using a randomized controlled trial comparing an active control group (exposed to listening to relaxing music) and a passive control groups (without any intervention), considering the changes over time in depression, anxiety and stress; (2) to examine how self-compassion and subjective happiness contributed to depression, anxiety and stress in the full sample; (3) and to examine the moderating role of self-compassion in the association between happiness and depression, anxiety and stress. Anxiety and stress increased for participants in the relaxation training program, alluding to the possible side effects of the initial practice. Higher levels of self-compassion and subjective happiness were both associated with lower levels of depression, anxiety and stress. Programs aimed at increasing self-compassion and subjective happiness seem to be relevant to promote students’ mental health.Resumo Os estudantes universitários são vulneráveis ao stress devido às exigências do ensino superior e à passagem desenvolvimental da adolescência para a adultícia. Os efeitos adversos da resposta prolongada ao stress denotam a importância de desenvolver competências ao nível do coping. O relaxamento surge como uma ferramenta capaz de restaurar os recursos esgotados pelo stress e de aumentar as emoções positivas, cultivando também a autocompaixão. Esta investigação objetiva (1) avaliar a eficácia de um programa de relaxamento em estudantes universitários, através de um ensaio clínico randomizado comparando com dois grupos de controlo, considerando as mudanças ao longo do tempo nos níveis de depressão, ansiedade e stresse; (2) avaliar de que forma a autocompaixão e a felicidade contribuíram para a depressão, ansiedade e stresse na amostra global; (3) e avaliar o papel moderador da autocompaixão na associação entre a felicidade e a depressão, ansiedade e stresse. A ansiedade e o stresse aumentaram nos participantes do programa, aludindo aos possíveis efeitos colaterais da prática inicial do relaxamento. Níveis superiores de autocompaixão e de felicidade associaram-se a níveis inferiores de depressão, ansiedade e stresse. Programas com vista ao aumento da autocompaixão e da felicidade sugerem ser relevantes na promoção da saúde mental dos estudantes.
Abstract: Literature has highlighted that it is important to explore factors that may contribute to athletes’ well-being and also to sports performance, especially in young athletes. This study aimed to test a model that hypothesized that athlete-related social safeness (feelings of belonging to the team) has an effect on the psychological well-being and performance through self-criticism. This study sample comprised 164 Portuguese adolescent athletes of both genders, who practiced different sports. The path analysis results confirmed the proposed model’s adequacy, which explained 52% and 28% of the variance of the psychological well-being and performance, respectively. Results demonstrated that athletes who presented higher social safeness levels tend to reveal higher levels of psychological well-being and perceived performance through lower levels of self-criticism. These novel findings suggest the importance of adopting supportive and safe relationships between teammates due to their positive association with athletes’ mental health and performance.Resumo A literatura tem enfatizado a importância de explorar fatores que possam contribuir para o bem-estar e desempenho desportivo dos atletas, especialmente dos adolescentes. Este estudo teve como principal objetivo testar um modelo que hipotetizou que sentimentos de proximidade, segurança e de ligação aos colegas de equipa tem um efeito no bem-estar psicológico e desempenho desportivo dos atletas através do autocriticismo. A amostra do presente estudo foi composta por 164 atletas portugueses adolescentes de ambos os géneros, que praticavam diferentes modalidades desportivas. Os resultados da análise de vias confirmaram a plausibilidade do modelo proposto que explicou 52% e 28% da variância do bem-estar psicológico e do desempenho desportivo, respetivamente. Os resultados demonstraram que atletas que apresentam mais sentimentos de proximidade, segurança, e proximidade aos seus colegas de equipa tendem a revelar maiores níveis de bem-estar psicológico e de perceção de desempenho desportivo, através de menores níveis de autocriticismo. Estes dados sugerem a importância de adotar relações de proximidade, de suporte e de segurança entre colegas de equipa devido à sua associação positiva com indicadores de saúde mental e desempenho desportivo.
Abstract: Introduction: Alexithymia and impulsivity are related and predict aggressiveness in younger adults, especially in forensic contexts. However, little is known about this relationship in older adults, especially in geriatric institutionalized settings, where aggressiveness presents a high prevalence. Thus, we aimed to analyze the impact of impulsivity and alexithymia in institutionalized older adults’ aggressiveness after examining the relationships between these variables. Relevant variables were controlled for in these relations. Methods: Ninety-seven institutionalized participants (60-94 years, 70.1% women, 59.8% nursing homes’ residents) were assessed with the Buss-Perry Aggression Questionnaire-SF, Toronto Alexithymia Scale-20, and Barratt’s Impulsiveness Scale-15. Results: The self-reported level of aggressiveness was low in our sample. Aggressiveness correlated with and was predicted by alexithymia (R 2 =17.6%; β=0.24, p<.05) and impulsiveness (R 2 =17.6%; β=0.34, p<.01). Conclusion: Despite the low levels of aggressiveness (potentially explained by levels of medication, more supervision, and more frailty), our findings with institutionalized older adults demonstrate the relevance of alexithymia and impulsiveness for understanding aggressiveness in older adults, adding to previous studies with other types of populations. We provide directions for psychotherapeutic strategies.Resumo Introdução: A alexitimia e a impulsividade estão relacionadas e predizem a agressividade em adultos mais novos, especialmente em contextos forenses. No entanto, pouco se sabe sobre esta relação em adultos mais velhos, especialmente em contextos de institucionalização geriátrica, onde a agressividade apresenta uma prevalência alta. Assim, o nosso objetivo foi analisar o impacto da impulsividade e alexitimia na agressividade de pessoas idosas institucionalizadas, depois de examinarmos as relações entre essas variáveis. Variáveis relevantes foram controladas nestas relações. Métodos: Noventa e sete participantes institucionalizados (60-94 anos; 70,1% mulheres; 59,8% residentes em estruturas residenciais para idosos) foram avaliados com o Buss-Perry Aggression Questionnaire-SF, Toronto Alexithymia Scale-20 e Barratt’s Impulsiveness Scale-15. Resultados: O nível de agressividade autorreportado foi baixo na nossa amostra. A agressividade correlacionou-se e foi predita pela alexitimia (R 2 =17.6%; β=0.24, p<.05) e pela impulsividade (R 2 =17.6%; β=0.34, p<.01). Conclusão: Apesar dos baixos níveis de agressividade (potencialmente explicados pelos níveis de medicação, mais supervisão e mais fragilidade), os nossos resultados com pessoas idosas institucionalizadas demonstram a relevância da alexitimia e da impulsividade para a compreensão da agressividade em adultos mais velhos, juntando-se a estudos anteriores com outros tipos de populações. Nessa linha, fornecemos orientações para estratégias psicoterapêuticas.
Abstract: The aim of this paper was generating a short form of the Positive Traits Inventory (PTI-5-SF) by means of three consecutive studies, using a cross-sectional design. The first study tested the psychometric properties of the shorter version of PTI-5. Results showed that a 25-item scale was appropriate to capture the five positive traits of the Positive Personality Model (PPM). In the second study, the PTI-5-SF was used to replicate the analyses of PPM traits and different job outcomes, such as performance, satisfaction, and well-being. Here we found that the PPM traits, as measured by the short form, increased the variance explained by the normal traits in all job outcomes. The third study replicated the explicative model of academic achievement that included PPM traits as background variables. Fit indexes and effects were as expected and replicated the results found with the long form. The PTI-5-SF can be recommended as an appropriate measure of PPM traits since its psychometric properties proved to be adequate and the results obtained with the long form were appropriately replicated with the short form.Resumo O objetivo deste trabalho foi gerar uma forma abreviada do Inventário de Traços Positivos (PTI-5-SF) por meio de três estudos consecutivos, utilizando um desenho transversal. O primeiro estudo testou as propriedades psicométricas da versão mais curta do PTI-5. Os resultados mostraram que uma escala de 25 itens foi adequada para capturar os cinco traços positivos do Modelo de Personalidade Positiva (PPM). No segundo estudo, o PTI-5-SF foi usado para replicar análises de traços de PPM e diferentes resultados de trabalho, como desempenho, satisfação e bem-estar. Aqui descobrimos que os traços de PPM, medidos por taquigrafia, a variância explicada por traços normais em todos os resultados do trabalho. O terceiro estudo replicou o modelo explicativo de desempenho acadêmico que incluiu traços de PPM como variáveis de fundo. Os índices de ajuste e efeitos foram os esperados e replicaram os resultados encontrados com a forma longa. O PTI-5-SF pode ser recomendado como uma medida adequada de traços de PPM, pois suas propriedades psicométricas se mostraram adequadas e os resultados com a forma longa foram adequadamente replicados com a forma curta.
Abstract: The current study evaluated a bifactor model for the Obsessive-Compulsive Inventory Revised (OCI-R) in two samples, with (n=188) and without (n=408) obsessive-compulsive disorder (OCD). Since the OCI-R has been traditionally conceptualized as a correlated six-factor instrument, our goal was to evaluate the fit of a bifactor model against three competing models (one general factor, six correlated factors and a hierarchical model). Results revealed that the bifactor model presented the best fit and that all OCI-R items were influenced by a general factor and by one of the six dimensions. Model-based reliability estimated via Omega hierarchical for the total score suggested that OCI-R items are multidimensional, with the general obsessive-compulsive (OC) factor accounting for little more than half of the variability in the items of the total score, with the remaining variability accounted for by the specific OC domains and other sources of variance. Measurement invariance of the bifactor model was also supported among those with and without OCD. Implications for better understanding the structure and further use of the OCI-R are discussed.Resumo Este trabalho avaliou a adequação dum modelo bifatorial ao Obsessive-Compulsive Inventory Revised (OCI-R) em duas amostras, com (n=188) e sem (n=408) perturbação obsessivo-compulsiva (POC). Dado que o OCI-R tem sido tradicionalmente conceptualizado como um instrumento de seis fatores correlacionados, o nosso objetivo foi o de avaliar o ajustamento dum modelo bifatorial, testado contra três modelos concorrentes (um fator geral, seis fatores correlacionados e um modelo hierárquico). Os resultados revelaram que o modelo bifatorial apresentou o melhor ajuste, e que todos os itens do OCI-R foram influenciados por um fator geral e por uma das seis dimensões. A fidelidade deste modelo, estimada através do Ómega hierárquico para a pontuação total, sugere que os itens do OCI-R são multidimensionais, com o fator obsessivo-compulsivo geral (OC) a representar pouco mais de metade da variabilidade nos itens da pontuação total, com a variabilidade restante atribuível às dimensões específicas de OC e a outras fontes de variação. A invariância do modelo bifatorial foi também verificada nos grupos com e sem POC. São discutidas implicações para uma melhor compreensão da estrutura e posterior utilização do OCI-R.
Abstract: Excessive, abusive, or inappropriate use of mobile phones can have a negative effect on interpersonal relationships. This study aims to adapt the Phubbing Scale (PS) and the Generic Scale of Being Phubbed (GSBP) for the Portuguese population, establishing the convergent validity of the instruments with others that assess approximate constructs, such as the Partner Phubbing Scale (PPS) and the Nomophobia Questionnaire (NMP-Q), and investigate the differences and/or relationships between sociodemographic variables, mobile phone usage variables and the PS and the GSBP. This is a cross sectional study, including 641 participants, aged between 18-71 (M=27.91; SD=10.60). The Portuguese version of the PS kept the number of items and factors, however, distributed differently from the original version. The Portuguese version of the GSBP kept the structure proposed by the authors of the original version. The correlations obtained by both scales with other instruments ensured convergent validity. Differences were found in the values of the scales according to some sociodemographic variables and some variables regarding mobile phone use. The findings provide culturally adapted and validated two instruments and are helpful to researchers to assess this phenomenon and intervene in a timely manner.Resumo O uso excessivo, abusivo ou inadequado de telemóveis pode ter um efeito negativo nas relações interpessoais. Este estudo visa adaptar a Escala Phubbing (PS) e a Escala Genérica de Ser Phubbed (GSBP) à população portuguesa, estabelecendo a validade convergente dos instrumentos com outros que avaliam construtos aproximadas, tais como a Partner Phubbing Scale (PPS) e o Questionário de Nomofobia (NMP-Q), e investigar as diferenças e/ou relações entre as variáveis sociodemográficas, variáveis de utilização de telemóveis e a PS e a GSBP. Trata-se de um estudo transversal, incluindo 641 participantes, com idades entre 18-71 (M=27,91; DP=10,60). A versão portuguesa do PS manteve o número de itens e fatores, no entanto, distribuídos de forma diferente da versão original. A versão portuguesa do GSBP manteve a estrutura proposta pelos autores da versão original. As correlações obtidas por ambas as escalas com outros instrumentos garantiram uma validade convergente. Foram encontradas diferenças nos valores das escalas de acordo com algumas variáveis sociodemográficas e algumas variáveis relativas à utilização de telemóveis. As constatações fornecem dois instrumentos culturalmente adaptados e validados que são úteis aos investigadores para avaliar este fenómeno e intervir em tempo útil.
Abstract: In this study, we validated a set of audio stimuli addressing emotional lexico-prosodic congruence. Positive, neutral and negative words classified as such in European Portuguese lexical databases were recorded with matching and mismatching emotional prosodic patterns (positive, neutral and negative). The produced set was submitted to behavioral validation, where each utterance was rated for lexico-prosodic match. Word pairs showing maximal differences across match and mismatch versions were selected (n=55) and subjected to prosody-related acoustic validation. The three types of prosodic patterns, positive, negative and neutral, differenced in F0, amplitude, duration and timbral parameters. Finally, items were catalogued for their psycholinguistic properties. The present validated set may be used for emotional prosody research in European Portuguese. Since it is compatible with passive listening tasks, it is particularly relevant to research and clinical practice engaging populations who are limited in their ability to provide explicit responses.Resumo No presente estudo, validou-se uma base de dados de estímulos áudio contendo informação léxico-prosódica congruente e incongruente. Palavras lexicalmente positivas, neutras e negativas, classificadas como tal em bases de dados portuguesas, foram gravadas com diferentes padrões prosódicos, formando pares congruentes e incongruentes. O conjunto produzido foi submetido a validação comportamental, onde cada palavra foi avaliada quanto à sua congruência léxico-prosódica. Os pares de palavras que mostraram a maior diferença entre as versões congruentes e incongruentes (n=55) foram posteriormente submetidos a análise acústica. Os três tipos de padrões prosódicos utilizados - positivo, neutro e negativo - apresentaram diferenças na frequência fundamental (F0), na amplitude, na duração e em parâmetros tímbricos. Por fim, os itens selecionados foram catalogados tendo em conta as suas propriedades psicolinguísticas. O presente conjunto de estímulos pode ser utilizado em estudos de prosódia emocional em português europeu, bem como junto de populações clínicas.
Open Access journal
