Authors:Rafaela Fernandes Leite, Yago Condé Ubaldo de Carvalho Pages: 7 - 19 Abstract: Neste artigo, tratamos de um desafio lançado inicialmente por Derek Parfit contra a teoria da justiça de Rawls, que diz respeito ao problema da identidade pessoal e como isso pode se relacionar com os princípios distributivos da justiça. Acreditamos, como indicado por Paul Weithman, que tal problema desempenha um papel relevante na guinada política de Rawls – movimento pelo qual designamos as transformações em sua teoria do período de Uma Teoria da Justiça para o da publicação de Political Liberalism. O próprio Weithman já forneceu uma análise acurada de como essa objeção, a qual daqui em diante nos referimos como a objeção do self parfitiano, minou a primeira tentativa de Rawls de mostrar como sua concepção de justiça seria estável. É provável, no entanto, que seja fácil perder o rumo desse debate, que foi de certa forma mediado por Samuel Scheffler. É por isso que fornecemos uma exposição cronológica desse debate na seção 1. Depois disso, na seção 2, reafirmamos o relato de Weithman de como o self parfitiano mina a estabilidade da concepção de justiça de Rawls em Uma Teoria da Justiça. Por fim, na seção 3, examinamos se essa dificuldade é devidamente tratada em Political Liberalism. Assim, sobretudo com este último passo, esperamos que esta abordagem possa acompanhar e complementar as contribuições anteriores de Weithman. PubDate: 2023-07-25 DOI: 10.11606/issn.1517-0128.v42i1p7-19 Issue No:Vol. 42, No. 1 (2023)
Authors:Diogo Barros Bogéa Pages: 20 - 35 Abstract: Empreende-se nesse artigo a tentativa de compreender as bases psíquicas do autoritarismo político contemporâneo. Através dos conceitos freudianos de “pulsão de poder” (Bemächtigungstrieb) e projeção, oferecemos uma hipótese para o inquietante fenômeno contemporâneo da adoração a líderes autoritários. PubDate: 2023-07-25 DOI: 10.11606/issn.1517-0128.v42i1p20-35 Issue No:Vol. 42, No. 1 (2023)
Authors:Natália Pereira Ribeiro da Silva Pages: 36 - 50 Abstract: A pensadora política Chantal Mouffe desenvolve sua teoria afirmando o antagonismo e o conflito como categorias centrais e essenciais do político, enfatizando deste modo a importância do dissenso como elemento fundamental da democracia. Mouffe nos direciona em suas obras à reflexão do que seria um modelo agonístico de democracia radical, onde o pluralismo político, a cidadania e o dissenso estabelecem os elementos essenciais para a constituição dessa sociedade. Os pensamentos de Chantal Mouffe se apoiam em sua leitura de Carl Schmitt, desenvolvendo a partir deste uma crítica ao individualismo liberal e a uma perspectiva racionalista do político, para então enfatizar o caráter "agonístico" da disputa política e enunciar as razões pelas quais o consenso não pode ser o fim último de uma política democrática. PubDate: 2023-07-25 DOI: 10.11606/issn.1517-0128.v42i1p36-50 Issue No:Vol. 42, No. 1 (2023)
Authors:Gabriel Kugnharski Pages: 51 - 63 Abstract: Este artigo se propõe a mostrar a centralidade que a questão do sofrimento adquire nas filosofias de Arthur Schopenhauer e Theodor Adorno. O ponto de partida é um recorte preciso na obra de ambos os autores visando a uma reconstrução breve da metafísica de Schopenhauer, com ênfase na concepção de Vontade, desenvolvida em O mundo como vontade e como representação, de 1818, e a uma apresentação dos conceitos principais que compõem a concepção de dialética negativa, exposta por Adorno na obra homônima de 1966. Por fim, defendo a tese de que, de um lado, Adorno se aproxima de Schopenhauer ao conceder uma centralidade à questão sofrimento e, mais especificamente, a um sofrimento corporal ou físico. Por outro lado, mostro que há elementos inconciliáveis entre as duas filosofias na medida em que a noção de dialética negativa pretende se afastar de toda forma de idealismo, e o sistema metafísico desenvolvido por Schopenhauer não teria sido capaz, na leitura de Adorno, de romper efetivamente com a filosofia idealista. PubDate: 2023-07-25 DOI: 10.11606/issn.1517-0128.v42i1p51-63 Issue No:Vol. 42, No. 1 (2023)