Authors:Alfredo Gatto Pages: 15 - 29 Abstract: O artigo tem como objetivo investigar as razões que levaram Descartes a não concluir as Regras para a direção do Espírito, estabelecendo uma relação entre a interrupção da obra e a teoria de 1630 sobre a natureza criada das verdades eternas. Com a doutrina da livre criação das verdades, Descartes apresenta uma proposta metafísica que exigia uma revisitação dos pressupostos da sua própria epistemologia. Se nas Regras a matemática e a geometria eram consideradas isentas de toda incerteza, com a entrada em cena da teoria de 1630 essas disciplinas encontram-se submetidas à causalidade arbitrária da onipotência divina. Essa consideração metafísica requer uma reflexão ulterior para avaliar as suas consequências. O projeto das Regras – interrompido, mas não abandonado – será assim reformulado à luz da novidade metafísica de 1630. As Meditações se encarregarão dessa tarefa, demonstrando de que modo a natureza criada das verdades eternas não implica colocar em questão o conhecimento humano. PubDate: 2022-06-30 DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.199609
Authors:Cristiano Novaes de Rezende Pages: 31 - 48 Abstract: Seguindo de perto a caracterização que Robert Blanché faz da lógica dos modernos em seu livro História da Lógica de Aristóteles a Bertrand Russell, pretendo mostrar como as Regulae de Descartes instanciam paradigmaticamente algumas das principais características das lógicas reformadas, típicas desse momento histórico. O próprio Blanché oferece vários exemplos do pertencimento de Descartes a esse contexto. De minha parte, pretendo contribuir com a discussão realizando um exame mais detalhado da parte final da Regra X, na qual desponta, já nesta que é uma das primeiras obras de Descartes, certa noção de atividade mental, que está em relação tanto com as críticas cartesianas às matemáticas, no Discurso do Método, quanto com o argumento do cogito, nas Meditações. PubDate: 2022-06-30 DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.199610
Authors:Beatriz Laporta, Érico Andrade Pages: 49 - 81 Abstract: Tomando a obra Regras para a Direção do Espírito de Descartes, buscamos entender no presente artigo como a noção de disciplinaridade, desenvolvida a partir da questão de orientação do espírito na busca de conhecimentos certos, pode ser interpretada como fundante do projeto de modernidade calcado na autonomia do sujeito de disciplinar o próprio corpo. Assim, desenvolvemos a possível interpretação de sujeição política através da reflexão sobre a sujeição de todas as faculdades do espírito ao entendimento a partir do disciplinamento que ele próprio impõe à relação que aquelas faculdades guardam com o corpo. E estabelecemos que as Regras não inauguram apenas uma reforma do entendimento como agenda de pesquisa para a modernidade, mas portam diretrizes para o aprimoramento do uso das faculdades de modo geral, apresentando como ação humana exitosa o comércio entre as faculdades humanas coordenado pelo entendimento. PubDate: 2022-06-30 DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.192843
Authors:Jonathan Alvarenga Pages: 83 - 104 Abstract: No presente artigo discutimos a inserção, a natureza e a problemática da rejeição à loucura enquanto argumento na primeira das Meditações de Descartes. Para isso, nos direcionaremos à análise do local, textualmente dito, em que tal rejeição está posta. Em um segundo momento, passaremos a dialogar com outros autores que já realizaram interpretações a respeito da loucura em Descartes. Com isso, poderemos ter um rico panorama de teses já formuladas sobre o tema aqui em questão, além de entender sob qual ótica os intérpretes analisaram este elemento no texto de Descartes. Por fim, apresentaremos nossa interpretação, na qual defenderemos a origem fisiológica da loucura, que, além de ser o motivo pelo qual o filósofo francês a rejeita enquanto argumento em seu texto, é o principal motivo pelo qual nenhum indivíduo dito como louco poderia rejeitar a verdade do Cogito e de toda a cadeia de razões que se segue. PubDate: 2022-06-30 DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.194585
Authors:Luís César Guimarães Oliva Pages: 105 - 125 Abstract: O artigo explora as noções de mal e privação em Espinosa, sobretudo com base na sua correspondência com Blyenbergh. Pretendo mostrar que Espinosa radicaliza a solução de Agostinho e Descartes para o mesmo problema, recusando-se a dar qualquer tipo de consistência ontológica para a privação. Tanto quanto a noção de mal, a própria privação só pode ser pensada como o resultado de uma comparação meramente imaginativa, sem nenhuma incidência na realidade. PubDate: 2022-06-30 DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.195148
Authors:Carlos Wagner Benevides Gomes Pages: 127 - 146 Abstract: A partir do estudo dos Princípios de Filosofia Cartesiana e da Ética de Spinoza, buscaremos explicitar o problema do anticartesianismo em três movimentos críticos específicos de natureza metódica, metafísica e ética: primeiro, a conversão do método empregado nos Princípios de Descartes; segundo, a crítica ao “dualismo substancial”; e, por fim, a crítica à teoria cartesiana do livre-arbítrio. PubDate: 2022-06-30 DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.190918
Authors:Ana Cláudia Teodoro Sousa Pages: 147 - 173 Abstract: Pretende-se apresentar e avaliar o programa inicial de Huet ao publicar a Demonstratio Evangelica (1679), obra de caráter apologético e inclinação cética, frente a seu contexto intelectual, buscando uma melhor compreensão do impacto que tal livro exerceu nas discussões entre grandes intelectuais da República das Letras na Europa do século XVII. Para isso, este artigo contém três momentos: primeiro, procura-se traçar os objetivos da obra e os meios utilizados por Huet para alcançá-los. Posteriormente é exposta uma série de acusações e críticas à Demonstratio Evangelica e, por fim, é feito um balanço a respeito dessas críticas em relação às intenções iniciais de Huet e argumenta-se que esta obra tem certo valor apologético, mas, mais do que isso, exerceu um papel notável no que diz respeito às discussões sobre a história, religião e filosofia no século XVII. PubDate: 2022-06-30 DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.190485
Authors:Arion Keller Pages: 175 - 213 Abstract: Este estudo tem como principal objetivo uma análise do conceito de determinação em Espinosa. Historicamente, o pensamento de Espinosa foi assimilado a uma filosofia acosmista, isto é, uma filosofia que nega a realidade das coisas finitas em um mundo onde apenas Deus ou a substância seria real. Tal interpretação se consolida a partir das considerações hegelianas em suas Lições sobre a História da Filosofia e na Ciência da Lógica, em que Hegel lê todo o sistema de Espinosa a partir do princípio "omnis determinatio est negatio". Nosso estudo se desenvolve então, primeiramente, apresentando as consequências contemporâneas desta leitura hegeliana; em seguida analisamos a interpretação hegeliana e algumas contribuições de Deleuze a respeito do conceito de determinação em Espinosa; e, por fim, analisamos no texto espinosano a função que o conceito de determinação desempenha e como ela se distancia do consagrado marco de leitura hegeliano de que “omnis determinatio est negatio”. PubDate: 2022-06-30 DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.188543
Authors:Newton de Andrade Branda Junior Pages: 215 - 232 Abstract: O presente ensaio apresenta como ponto de partida o conto "Cadeira", do escritor português José Saramago, para ilustrar a contínua atualidade do estudo "Amizade, recusa do servir" da professora e filósofa Marilena Chaui, publicado em 1982 pela editora Brasiliense como posfácio da obra "Discurso da servidão voluntária", de Étienne de La Boétie. Nossa intenção é partir da alegoria saramaguiana da queda da ditadura salazarista em Portugal para mostrar como o pensamento de La Boétie, especialmente quando analisado por Chaui, trespassa incólume séculos inteiros chegando até a contemporaneidade europeia e brasileira e que possíveis caminhos alternativos a este sistema podem se apresentar. PubDate: 2022-06-30 DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.190932
Authors:Artur Batista Pages: 233 - 256 Abstract: Este trabalho opõe o sistema espinosano tal como expresso nas partes I e II da "Ética" ao argumento da batalha naval. Faz-se isso primeiro enquanto preservadas todas as premissas, e em seguida enquanto extraída de seu sistema a explicação de Espinosa da gênese imaginativa da ideia de futuros contingentes. Examinar as implicações dessa explicação sobre o argumento da batalha naval — cuja conclusão é a realidade de futuros contingentes— é o principal objetivo do artigo. Propõe-se como resultado desse exame um enfraquecimento da relevância ontológica e ética do argumento aristotélico e, mais amplamente, a manifestação de um problema a argumentos que têm a concepção vulgar de tempo como parte de suas premissas. PubDate: 2022-06-30 DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.193129
Authors:Rafael Teruel Coelho Pages: 257 - 293 Abstract: Trata-se de uma coletânea de cartas em que Descartes e Elisabeth discutem as implicações da doença da princesa. PubDate: 2022-06-30 DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.191231
Authors:Ricardo Polidoro Pages: 295 - 298 Abstract: Resenha ao livro "Maquiavelianas: lições de política republicana", do professor Sérgio Cardoso (USP) PubDate: 2022-06-30 DOI: 10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.199631