Authors:Rubens Sotero Santos Pages: 1 - 19 Abstract: Nosso objetivo central neste artigo é mostrar como as seções of the reason of animals sustentam a tese de uma naturalização da epistemologia de Hume. Para tal, ele será dividido em três grandes partes. Na primeira, mostraremos como Hume utilizou a analogia como fundamento para presupor uma continuidade entre as faculdades intelectivas dos animais humanos e não humanos. Na segunda, indicaremos as semelhanças que corroboram a analogia e, na última, apontaremos que as diferenças entre os humanos e demais animais são apenas de grau e nunca de qualidade. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3226 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Francis Kanashiro Meneghetti, Jelson Roberto de Oliveira Pages: 20 - 34 Abstract: Este texto reflete sobre o constructo teórico de massas e a concepção de homem massa como fundantes e estruturais na compreensão dos totalitarismos nazista e stalinista, presentes na obra Origens do Totalitarismo (ARENDT, 1989) de Hannah Arendt. Conclui-se que o totalitarismo é uma organização de massa, que possui características específicas e que as massas são manipuláveis a partir de determinados aspectos específicos dos movimentos totalitários. Analisa-se o que é homem de massa e como tal concepção é fundamental para compreender outros conceitos importantes da pensadora política. Assim, a partir das reflexões aqui desenvolvidas, torna-se possível incrementar novas perspectivas nas análises de conceitos como totalitarismo, banalidade do mal, política, poder, violência, amplamente estudados e debatidos não só na filosofia, como nas ciências sociais, ciências políticas, psicologia, estudos organizacionais e administração. As reflexões aqui propostas permitem também fazer paralelos com a realidade atual, levando em consideração, obviamente, o cuidado de evitar anacronismos analíticos. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3228 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Sinésio Ferraz Bueno Pages: 35 - 53 Abstract: A ruptura estabelecida pela física quântica em relação à física clássica conduziu a uma redefinição da objetividade científica, que desde então se baseou no formalismo matemático para o conhecimento das funções de onda. Essa concepção de uma "objetividade fraca" motivou Werner Heisenberg a recorrer ao idealismo de Platão para explicar a constituição interna do mundo material a partir de estruturas geométricas. Entretanto, face a um paradigma idealista incompatível com a ciência moderna, Heisenberg concebeu que a filosofia de Kant seria a referência mais aceitável para interpretar os fenômenos quânticos dentro dos limites empiricistas da pesquisa científica. O presente artigo apresenta o idealismo de absoluto de Hegel como horizonte filosófico para uma possível superação da rigidez dos limites kantianos, visando a uma interpretação metafísica da física quântica. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3234 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Marcos Alexandre Alves Pages: 54 - 66 Abstract: Examina-se as posições teórico-práticas de Maquiavel e sua contraposição à moralidade tradicional, a fim de entender como se estrutura a sua nova proposta ética. A novidade está pautada nas categorias políticas da conveniência e da aparência: admite-se recorrer a todos os meios necessários para atingir os fins estabelecidos, e para manter-se no poder, obter a honra e a glória, não importa aquilo que o Príncipe é, mas o que aparenta ser perante os súditos e aliados. Disto decorre a necessidade de um Príncipe com o pulso firme e que defenda, sem medir esforços, a integridade e o bem-estar seu povo. A moral do governante será dirigida pela situação política e não pelo ideal de governante universal, abstrato e perfeito. O poder político tem uma origem mundana, nasce da própria malignidade que é intrínseca à natureza humana, mas se constitui, ainda que de modo precário e transitório, como a única possibilidade de enfrentar o conflito. Enfim, cabe ao Príncipe a utilização de um conjunto de expedientes e técnicas capazes de assegurar a máxima eficácia na preservação do Estado e na conservação de sua suprema finalidade - ordem e harmonia. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3242 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:José Reinaldo Felipe Martins Filho Pages: 67 - 78 Abstract: Este artigo explora uma das questões que, embora de maneira discreta, engendra e motiva muitos aspectos da leitura proposta por Heidegger em Ser e Tempo a respeito do fenômeno humano tomado da vida cotidiana, isto é, o Dasein. Embora não se pretenda uma leitura completamente autoral do tema, há na exploração praticada certo ineditismo. Em suma, procura-se ler a questão do silêncio em suas diferentes modulações, isto é, nos diferentes acentos por meio dos quais o filósofo alemão quis tocá-la em sua obra de maior representatividade da primeira fase. Para isso, a abordagem concentra-se ao redor dos dois principais parágrafos a partir dos quais eclode a discussão sobre o silêncio, como segue: o § 34, que tematiza a linguagem como modo de ser do ser humano, e o § 60, que dá visibilidade ao problema da consciência como forma de restauração a uma vida autêntica. No fim das contas é possível perceber alguma relação entre os dois momentos, constituindo, talvez, justamente o que se apresenta como objetivo central do artigo: dispor sobre o caráter catalizador e articulador do problema do silêncio para a compreensão dos modos de ser da condição humana segundo Heidegger. Principiado como interpretação do pensamento heideggeriano, o texto ganha momentos de maior liberdade intuitiva e, quiçá, contribuição ao momento presente do pensamento e da reflexão filosófica. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3263 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Diego Luiz Warmling, Petra Bastone Pages: 79 - 98 Abstract: O inconsciente foi a maior contribuição freudiana e passou por reformulações. Da primeira até a segunda tópica, Freud teorizou a respeito de um Eu inconsciente e nada soberano. Nos interessa nesse artigo mostrar como Freud estabelece uma crítica às teorias consciencialistas e qual o caminho percorrido para encontrar um outro caráter para o Eu. Para tanto, mobilizaremos sua teoria do desejo, sendo esta a principal responsável pelo funcionamento do psiquismo. Suporemos que o inconsciente freudiano introduz para a humanidade um modo de lidar com as faltas que, além de não extirpáveis, nos descentram a todo momento. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3270 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Francisco de Assis Silva Pages: 99 - 114 Abstract: O populismo contemporâneo tem suscitado profícuos debates entre os teóricos políticos, tais como Ernesto Laclau, com a sua teoria do discurso atrelada à psicanálise, defendendo a ideia de que o populismo representa a lógica da política; e Nadia Urbinati, que compreende o populismo como a desfiguração da democracia. O desdobramento deste embate de ideias levará à análise de uma figura importante para o populismo: o líder populista. Se para Laclau a noção de significante vazio expressa o sujeito coletivo na figura do líder, resultado da lógica da equivalência e da diferença entre as diversas demandas sociais, para Urbinati o líder populista utiliza o regime democrático para atingir fins antidemocráticos, aviltando a parte da população que dele diverge. Pretende-se neste artigo analisar ambas as concepções e, a partir do confronto destas perspectivas sobre o populismo, apresentar uma hipótese de base psicanalítica sobre o que conduz os indivíduos a apoiarem uma representação política autoritária. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3272 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Sergio Tonkonoff Pages: 115 - 129 Abstract: El texto analiza los principios fundamentales en torno a los cuales Gabriel Tarde construye su aproximación a la vida social. Esta perspectiva, elaborada hacia fines del siglo XIX, se encuentra notablemente descentrada tanto respecto de los holismos como los individualismos que dominaron las ciencias sociales y las humanidades durante el siglo siguiente. Una de las principales razones de ello es que su punto de partida filosófico no fue Kant, Hegel o Marx, sino Leibniz. Tarde elabora una teoría social (neo) monadológica. Es decir, produce una concepción infinitista de lo social articulada en torno auna ontología y una epistemología de los infinitesimales y sus conceptos asociados. Esto es lo que se propone mostrar el presente trabajo. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3279 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Yasmin de Oliveira Alves Teixeira Pages: 130 - 147 Abstract: O conceito tardio de plano de imanência na filosofia de Gilles Deleuze diz respeito não apenas à recusa de um segundo mundo transcendente, mas também de um campo transcendental organizado sob a determinação recíproca entre sujeito universal e forma geral de objeto. A construção desse conceito passa, portanto, pela crítica do fundamento transcendental kantiano desenvolvida por Deleuze através de um resgate original do empirismo de Hume. A discussão gira em torno do estatuto da subjetividade: segundo a crítica empírica, o sujeito não pode ser entendido como um pressuposto a priori, mas deve, sim, ser compreendido como um produto a posteriori cuja emergência remete, em última instância, a um princípio de repetição. Assim, buscando compreender a amplitude da noção de imanência na filosofia deleuziana, analisamos a leitura do filósofo francês a respeito do problema do fundamento transcendental, sobretudo em Empirismo e Subjetividade. Por fim, indicamos brevemente de que maneira o conjunto dessa problemática reaparece em Diferença e Repetição. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3240 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Diego Echevenguá Quadro Pages: 148 - 159 Abstract: O presente artigo busca apresentar os distintos usos políticos da dialética hegeliana que podemos encontrar dentro da tradição crítica de esquerda, a chamada “esquerda hegeliana”. Hegel teve um profundo impacto no pensamento político desde que sua obra começou a circular dentro das esferas intelectuais da velha Europa. Marx foi o principal herdeiro da dialética hegeliana no século XIX. Mas contemporaneamente, autores como Slavoj Zizek e o brasileiro Vladimir Safatle dão continuidade à tradição hegeliana de esquerda. Sendo assim, o impacto da dialética hegeliana dentro do debate político contemporâneo não cessou de produzir reverberações. Contudo, existe a questão de se o uso que a tradição crítica de esquerda fez da dialética hegeliana é um uso que pode ser considerado legítimo se partirmos do pensamento do próprio Hegel. Em nosso trabalho, investigaremos se o uso do pensamento de Hegel por parte da tradição crítica de esquerda é um uso legítimo quando comparado com o próprio empreendimento filosófico hegeliano. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3310 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Carlos Fernando Carrer Pages: 160 - 170 Abstract: O propósito deste artigo é apresentar a teoria antropológica que deriva do processo de constituição da subjetividade tal como o encontramos na leitura de Deleuze sobre Hume. Entende-se por “teoria antropológica” uma teoria que busca responder ao problema das interações entre natureza e cultura, bem como compreender a posição que o ser humano ocupa no interior dessa relação. Faremos isso reconstituindo alguns passos de Empirismo e subjetividade (1953), primeiro livro de Deleuze dedicado ao pensamento de Hume, e através de incursões pontuais ao Tratado da natureza humana, mas visando alcançar, também, as teses avançadas pelo filósofo francês em um artigo intitulado “Instinto e instituições” (1955). Com isso, pretende-se mostrar que, desde seus escritos inaugurais, Deleuze 1) não considera natureza e cultura como conceitos limitantes um do outro e 2) não faz do ser humano o objeto privilegiado da investigação antropológica, compreendendo-o, antes, a partir das relações que entretém com os não-humanos, especificamente os animais. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3283 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Gustavo Fontes Pages: 171 - 194 Abstract: Este artigo propõe um levantamento do contato entre o pensamento europeu e os povos ameríndios, com ênfase na genealogia dos conceitos filosóficos que vieram a embasar as posições teológicas e as normas jurídicas responsáveis por regular, ao menos em teoria, as práticas históricas para a dinâmica de invasão e conquista dessas terras baixas da América do Sul. Pois, entendemos que nesta trilha encontraremos os fundamentos da dialética entre os direitos indígenas e as regulamentações do Estado nacional, de onde surgem as tensões relativas às reivindicações dos povos ameríndios pelo direito à proteção e uso exclusivo de seus territórios originários. Iniciamos, então, esse percurso, com o momento inaugural da discussão moderna sobre a pauta dos direitos humanos, a partir do debate relativo ao reconhecimento ou não da humanidade dos povos indígenas no século XVI – presente nas formulações do direito dos povos por Frei Francisco de Vitória; passando pelo importante episódio conhecido como Controvérsia de Valladolid, entre Sepúlveda e Las Casas; percorrendo posteriormente o período colonial, império, primeira e segunda repúblicas, sempre com especial atenção para os conceitos filosóficos que sustentaram as práticas de exploração, usurpação, proteção e controle ao longo deste percurso; até chegar nos ideais de autonomia e autodeterminação presentes na Constituição de 1988. Finalizando esta exposição com a discussão sobre os desafios atuais para sua manutenção e aperfeiçoamento. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3278 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Victor Galdino Alves de Souza Pages: 195 - 209 Abstract: O objetivo deste ensaio é analisar as condições de possibilidade da escravidão e da violência antinegra, assim como da produção de significações raciais – do ser-negro – e das fantasias coloniais. Para isso, buscarei, majoritariamente, recursos conceituais na obra de Achille Mbembe, com auxílio de alguns conceitos de Jacques Rancière, de forma a tratar o que chamo de partilha colonial do sensível, analisando a relação entre a raça enquanto construção imaginária, significações raciais e a organização social da percepção e da sensibilidade que herdamos do colonialismo europeu. Assim, pretendo elaborar o sentido da ausência de enlutabilidade – nos termos de Judith Butler – e de crises éticas – nos termos de Denise Ferreira da Silva – na esteira da violência racial desde o tempo da escravidão, mostrando, também, como o tempo da liberdade não se constitui como ruptura profunda, pois não interditou a reorganização da linguagem e da imaginação sobre um mesmo fundo de negatividade inaugurado com o exercício soberano do poder colonial como um poder de não-ver e não-ouvir a humanidade negra. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3329 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Dante Carvalho Targa Pages: 210 - 226 Abstract: A filosofia ambiental surge na década de 1970 movida pelo ímpeto de reflexão sobre a iminência de uma crise ecológica e suas causas mais profundas. E a questão central que motivou os trabalhos pioneiros neste campo foi a crítica ao centramento humano em termos de valor moral, isto é, a assunção de que o homo sapiens constitui o único locus de valor frente às demais espécies e à natureza mais que humana como um todo. A demanda por uma nova ética, de caráter ambiental, nasce precisamente do desafio ao antropocentrismo predominante na tradição filosófica ocidental, à luz das ideias de continuidade e interdependência do humano em relação ao mundo mais que humano, sugeridas pelos princípios da ciência ecológica. Tal proposta, entretanto, suscitou um interessante debate acerca da viabilidade e implicações de posturas senciocêntricas, biocêntricas e ecocêntricas, como forma de fundamentar o valor intrínseco para além da esfera da agência moral. A chamada clivagem antropocêntrico-ecocêntrico demarca precisamente os polos deste debate, que marcou os primeiros passos da filosofia ambiental e se estendeu à ecologia política. Apesar de algumas tentativas de retratar posturas não antropocêntricas como um dogma a ser superado na evolução da pesquisa em ética ambiental, este artigo procura argumentar que a questão permanece em aberto, sobretudo a partir de uma recente retomada das críticas ao antropocentrismo por um grupo de autoras e autores ligados às ciências ambientais. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3273 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Mauricio Mancilla Pages: 227 - 240 Abstract: Este ensaio aborda, a partir das obras de Walter Benjamin (1892-1840) e Paul Virilio (1932-2018), o sistema complexo que configura a cidade e como este molda a vida cotidiana. A cidade é o centro de gravidade na reflexão de ambos os autores, que examinam as consequências da rápida industrialização e urbanização, do desenvolvimento de novas tecnologias e da emergência de uma cultura de massas. A primeira parte examina, a partir de Benjamin, a transformação da cidade moderna em uma mercadoria que esconde sua trama capitalista. A segunda parte apresenta a tese provocativa de Virilio sobre como a crescente aceleração e expansão dos meios tecnológicos de comunicação e informação transformou a experiência da vida cotidiana, que leva ao desaparecimento da ideia clássica da cidade. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3353 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Rodrigo Benevides Barbosa Gomes Pages: 241 - 255 Abstract: Ao contrário de ontologias de cunho pampsiquista presente na obra de autores como Alfred North Whitehead e Gottfried Leibniz, Martin Heidegger propõe uma perspectiva emergentista ilustrada em sua célebre distinção na qual se afirma que a pedra é sem mundo, o animal é pobre de mundo e o homem é formador de mundo. Admitindo a ultrapassagem ontológica qualitativa que há entre matéria e vida ou não-intencionalidade e intencionalidade, Heidegger advoga por um emergentismo fenomenologicamente justificado. Dito isso, o artigo visa demonstrar como a ontologia heideggeriana pressupõe a distinção qualitativa entre esfera física, biológica e humana ao examinarmos o conceito de organismo proposto pelo filósofo alemão. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3407 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Jeovane Camargo Pages: 256 - 269 Abstract: O presente texto se propõe reconstruir algumas das linhas principais do problema da articulação entre percepção e linguagem em Merleau-Ponty. Para tanto, parte-se da questão da origem da linguagem, na Fenomenologia da percepção, e se acompanha seus desdobramentos e reformulações ao longo do período intermediário (década de 1950), quando Merleau-Ponty se aproxima da linguística de Saussure, e do período final (década de 1960), quando Merleau-Ponty desenvolve seu conceito de Ser bruto. Paulatinamente, a percepção passa a apresentar a mesma estrutura diacrítica da linguagem, um solo originário mudo, mas expressivo. E a linguagem aparece cada vez mais como a elevação desse solo à expressividade propriamente linguística. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3277 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)
Authors:Wescley Fernandes Araujo Freire Pages: 270 - 299 Abstract: Neste artigo, discuto os déficits de institucionalização e socionormativo da esfera pública, “ignorados” por Habermas desde Mudança estrutural da esfera pública (1962) e obras imediatamente posteriores, prosseguindo com uma abordagem insatisfatoriamente esclarecedora sobre o tema na Teoria da ação comunicativa (1981). Esses déficits representam um sério problema à institucionalização do “uso público da razão”, o que demanda repensar a articulação entre os conceitos de sociedade civil, esfera pública e aprendizagem social e política em resposta aos déficits de aprendizagem cognitivo-epistêmico, prático-moral e político. Assim, assumo a conjectura de que os déficits de institucionalização e socionormativo da esfera pública respondem pelos déficits de aprendizagem social e política, porque a ausência de instituições sociais com potencial socionormativo dificulta a efetiva participação social da sociedade civil em contextos normativos de resolução de problemas prático-morais e políticos. Na medida em que a institucionalização do “uso público da razão” não deve ficar limitada ao nível do discurso, especialmente no caso do discurso político, a formulação teórico-estrutural e o teor institucional-normativo da esfera pública deveriam ser compatíveis com a pretensão epistêmica dos processos de aprendizagem social esboçados na Teoria da Ação Comunicativa, um dos blind spots do “programa político” da obra de 1981. PubDate: 2023-06-18 DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3349 Issue No:Vol. 23, No. 2 (2023)