Authors:André Luis Muniz Garcia Abstract: O objetivo do presente artigo é apresentar diretrizes teóricas para uma reinterpretação do conceito de ficção em Nietzsche, deslocando-o de um contexto especulativo para um domínio estético, mais precisamente, para o da prosa literária. O modo pelo qual Nietzsche torna sua reflexão sobre a escrita literária dita “livre” o eixo central de uma elaborada compreensão do ficcional, isso será abordado tanto a partir de textos de Nietzsche, como Humano demasiado Humano, quanto de obras de escritores que guardam afinidades intertextuais com o tema. PubDate: Thu, 19 Oct 2023 00:00:00 -030
Authors:Francisco Rafael Leidens Abstract: No ano de 1997 são publicados três artigos que, de maneira independente, agem para fundamentar que o exemplo de interpretação oferecido por Nietzsche em GM III não é a passagem de Zaratustra, localizada como epígrafe, mas a primeira seção da “Terceira dissertação”. Os artigos mencionados são: Wilcox (1997), Janaway (1997) e Clark (1997). No entanto, o presente texto pretende mostrar que esse exemplo de interpretação tem motivações muito aquém do estatuto e da forma aforística assumidas por Nietzsche, uma vez que faz parte de uma tentativa de divulgação quantitativa de seus textos. Com isso, a correção dos rumos realizada por Wilcox, Janaway e Clark não revelam nenhum preceito interpretativo emblemático para a forma aforística. O aforismo, assim, permanece como um empreendimento expressivo que não pode ser acessado e esgotado apenas a partir de uma exegese que converta a concisão num ensaio mais longo. A correlação entre texto e vivência, por fim, mantém-se como um desafio ao intérprete. PubDate: Thu, 19 Oct 2023 00:00:00 -030
Authors:Gabriel Herkenhoff Coelho Moura Abstract: Em seu livro de estreia, O nascimento da tragédia, Nietzsche apresenta aquilo que entende por uma metafísica da arte ou metafísica de artista. Como fica esclarecido ao longo do argumento desenvolvido na obra, seu propósito é propiciar uma justificação da existência e do mundo como fenômeno estético. O caminho à sua metafísica passa pela interação com fórmulas kantianas e schopenhauerianas, e por um profundo diálogo com a cultura grega em geral e, de modo indireto, com o pensamento pré-socrático. O propósito deste artigo é delimitar as retenções e deslocamentos da tradição crítica em seu livro de 1872 e acentuar a importância da interlocução com o repertório cultural grego na formação de sua metafísica de artista. Em particular, a hipótese de trabalho é que Nietzsche encontra, nessas aproximações e apropriações das tradições filosóficas crítica e arcaica, a possibilidade de uma metafísica imanente no contexto pós-kantiano, elaborada como uma fisiologia (em sentido antigo) com viés estético. PubDate: Thu, 19 Oct 2023 00:00:00 -030
Authors:Roberto de Almeida Barros Abstract: Um dos aspectos mais singulares da filosofia de Nietzsche decorre do fato da vinculação estabelecida por ele entre sua vida e sua obra. Pessoa de saúde instável, o próprio autor indicou a importância da relação entre saúde e pensamento para a compreensão de sua filosofia. O texto a seguir tratará desta dinâmica, dando especial ênfase à ideia de convalescença (Genesung), tal como ela é mobilizada em uma perspectiva afirmativa em seus escritos. PubDate: Thu, 19 Oct 2023 00:00:00 -030
Authors:Maurício Pan Abstract: Este artigo visa apresentar as críticas de Nietzsche à moralidade schopenhaueriana, na sua proposta de negação da vontade, enquanto manifestação da decadência. Com efeito, a mais contundente objeção que Nietzsche fará a moralidade de Schopenhauer diz respeito à consideração da moralidade como juízo de valor, no qual a negação da vontade se apresenta como uma manifestação da decadência, pois na fase final de sua produção filosófica a negação da vontade aparece como um juízo de valor proveniente de uma formação vital enfraquecida e fisiopsicologicamente adoecida. Desta maneira, as críticas de Nietzsche à negação da vida e da vontade em Schopenhauer que serão apresentadas se inserem no contexto da moralidade enquanto juízo de valor, na qual a doutrina schopenhaueriana da negação da vontade surge como sintoma de uma formação vital décadent. PubDate: Thu, 19 Oct 2023 00:00:00 -030
Authors:Barbara Stiegler Abstract: A relação privilegiada que ao longo de toda sua obra Canguilhem manteve com a filosofia de Nietzsche é um fato conhecido e comprovado tanto pelos estudiosos de sua obra quanto por seus leitores. Curiosamente, entretanto, as poucas menções explícitas a Nietzsche não estão jamais à altura do legado; sem dúvida porque a filiação parece tão evidente a Canguilhem que lhe parece inútil reforçar, ao passo que as reservas são suficientemente raras para que mereçam ser mencionadas. PubDate: Thu, 19 Oct 2023 00:00:00 -030
Authors:Adilson Felicio Feiler Abstract: Em continuidade a esta série de artigos que temos publicado a respeito da Recepção de Nietzsche em ambientes de formação religiosa no Sul do Brasil, não poderia faltar aquele que foi considerado entre as décadas de 50 a 90 o maior Seminário da América Latina: o Seminário Nossa Senhora da Conceição, em Viamão/RS. Desde os seus primórdios, a concepção deste Seminário traz elementos importantes para compreendermos qual o tipo de recepção que nele tem os escritos do Filósofo Alemão. Fruto de um conjunto de situações marcadas por desentendimentos, celeumas, incompreensões e desafetos, o Seminário de Viamão traz em seu DNA a marca, de um tipo de formação para futuros ministros ordenados da Igreja Católica, caracterizada pela ortodoxia e pelo conservadorismo. Diferentemente daquele que até antes da constituição deste Seminário, o Seminário dirigido pelos jesuítas em São Leopoldo, como já tivemos a oportunidade de analisar em outro artigo, o Seminário de Viamão, pelas suas características, vai moldar um tipo de recepção dos escritos de Nietzsche, marcado pelo conservadorismo ultramontano. PubDate: Thu, 19 Oct 2023 00:00:00 -030
Authors:Gabriel Cunha Hickmann Abstract: O livro de Vinod Acharya defende a tese do meta-existencialismo de Nietzsche, mostrando como, para o filósofo alemão, o inquérito sobre a própria subjetividade não escapava a uma consideração objetiva sobre a natureza da realidade, ambos os momentos travando uma relação constitutiva de tensão. Sua leitura mostra se coloca como alternativa, em especial, à interpretação oferecida por Heidegger, mas também a abordagens naturalistas de Nietzsche, que não fariam suficiente justiça ao discurso diferencial engajado por Nietzsche. PubDate: Thu, 19 Oct 2023 00:00:00 -030