Authors:Tiago Medeiros Pages: e64301 - e64301 Abstract: texto explora uma contribuição pragmatista à teoria e às ciências sociais. Seu tema é a relação entre procedimentos pragmatistas de pensamento e as maneiras com que manipulamos e lidamos com as instituições. O objetivo é organizar alguns pontos de vista pragmatistas sobre elas. O primeiro sugere uma adesão às instituições convencionais reconhecidas como o repertório exemplar de dispositivos de organização em uma sociedade livre e justa. Por trás disso, repousam as teses epistemológicas quanto ao caráter conservador de nossas crenças. A segunda abordagem pragmatista sugere uma ênfase na transgressão aos arranjos institucionais vigentes. De acordo com ela, qualquer apologia às instituições petrificadas é uma traição ao espírito humano, caracterizado pelos atributos como atividade, vitalidade e divindade. A terceira abordagem indica uma espécie de equilíbrio entre a mobilização individual e coletiva e o modo como as instituições funcionam. Seu foco é posto sobre a força política das sociedades para mudar conteúdos específicos das instituições existentes através de uma agenda de reconstrução de relações e fazeres. PubDate: 2023-12-01 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e64301 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Jorge Luiz Domiciano, Renan Henrique Baggio, Juliana Moroni Pages: e63904 - e63904 Abstract: Investigamos, neste texto, as concepções de informação propostas por Peirce (1839-1914) e Bateson (1904-1980) e suas implicações no processo sistêmico e evolucionário da mente, contextualizando-as no antropoceno. Destacamos as semelhanças entre as abordagens dos dois autores a partir do papel exercido pela informação na dinâmica constitutiva dos processos mentais, bem como tais abordagens podem servir como uma bússola para redirecionarmos nossa visão fragmentada de mundo e minimizarmos os impactos da ação humana na natureza, amenizando as dificuldades da era do antropoceno. Diferentemente da abordagem determinista, mecanicista e reducionista nos estudos da causalidade que rege as relações, mostramos que Peirce e Bateson inserem a informação como elemento principal que propicia a emergência da comunicação, do acaso, da organização e da continuidade dos sistemas vivos. Nossa hipótese é a de que para ambos os autores, a mente é imanente e coextensiva à natureza, cuja complexidade extrapola os limites investigativos da ciência tradicional, lançando luz aos debates sobre o antropoceno, os quais visam investigar, compreender e propor ações para amenizar os impactos da conduta humana na natureza. PubDate: 2023-11-16 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e63904 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Caroline da Silva Lourenzone, Maria Ester Martins Silva Pages: e61877 - e61877 Abstract: Nosso objetivo é discutir sobre o papel da ação na constituição da inteligência e suas implicações para a ação estética na filosofia de Henri Bergson. Sendo, para esse filósofo, o conhecimento humano moldado, em larga medida, pela inteligência – faculdade intimamente relacionada a uma compreensão determinista – como poder- se-ia compreender a atividade criadora, em particular a criação artística, a qual está intimamente relacionada com a noção de imprevisibilidade' O artista, como um pintor, por exemplo, por mais que planeje, não sabe como será no final a sua pintura, assim como os momentos e ações de sua vida. Com a criação, ele apresenta a fluidez da duração, a sua criação contínua. Procuramos mostrar que para Bergson a criação artística envolve um distanciamento da inteligência e o envolvimento de outra capacidade humana, liberta das necessidades da ação, ou seja, a intuição. Palavras-chave: Ação. Inteligência. Intuição. Duração. Criação. PubDate: 2023-11-14 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e61877 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Rodrigo Augusto De Souza Pages: e63832 - e63832 Abstract: Este artigo apresenta um estudo sobre as conferências proferidas por John Dewey (1859-1952), na Universidade de Pequim, no ano de 1919. O interesse de pesquisa está em uma palestra, na coletânea de conferências, cujo tema versava sobre o socialismo. Portanto, procura-se analisar as intepretações elaboradas por Dewey a respeito do socialismo, suas recomendações sociais e políticas para a China naquele período revolucionário e, principalmente, suas apropriações e considerações no que concerne ao pensamento de Karl Marx (1819-1883). A influência das ideias de Dewey na China, suas aprendizagens naquele país e o impacto do seu pensamento no movimento revolucionário também serão abordados na presente investigação. PubDate: 2023-11-03 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e63832 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Wilker Marques Pages: e57171 - e57171 Abstract: As utopias nascem do profundo desejo humano de que o mundo seja diferente, seja melhor. As distopias, por sua vez, nascem do reconhecimento-pavor de que esse mundo possa ser pior. De todo modo, utopia e distopia, partem do que se tem, do mundo como aí está, das “coisas como elas são”, em direção a uma possibilidade. A Literatura e a Filosofia – especialmente a Filosofia Política –, andam sempre juntas no caminho que perpassa as utopias e distopias, descrevendo e redescrevendo a condição humana, construindo e desconstruindo a ideia de homem e de boa vida. Grandes nomes da história do pensamento, desde Platão a Thomas Morus, Campanella, Francis Bacon, Aldous Huxley e George Orwell dedicaram-se à tarefa imaginativa de pensar o mundo que temos em face daquele que poderíamos ter – para o bem ou para o mal. Mas ainda haveria espaço para utopias e distopias no pensamento político contemporâneo' Ainda faz sentido autilização de tais vocabulários no âmbito da reflexão política' O filósofo estadunidense Richard Rorty (1931-2007) desenvolveu, no século XX e início do XXI, uma concepção de utopia cosmopolita social democrática e liberal. Reconhecidamente etnocêntrico, Rorty vislumbrava a construção de uma ampla sociedade democrática a partir da reforma das instituições consolidadas nas sociedades democráticas reais, rumo ao objetivo da extinção da crueldade e da humilhação dos homens por outros homens e da contínua substituição da força pelo diálogo. Por outro lado, em defesa do pessimismo, e denunciando os perigos da falsa esperança, o filósofo e literato inglês Roger Scruton (1944-2020) apresenta-se como uma voz crítica face às utopias, incluindo aquilo que denomina “falácia utópica” em seu rol de sofismas correntes na contemporaneidade que contribuem para uma leitura inapropriada do nosso tempo. Apresentamos neste artigo um passeio pelos sentimentos de utopia e distopia, assinalando os escritos fundamentais de Huxley, Rorty e Scruton e traçando um paralelo entre suas retóricas, destacando algumas controvérsias que entre elas se pode verificar. PubDate: 2023-11-01 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e57171 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:José Luiz Zanette Pages: e63651 - e63651 Abstract: O artigo objetiva mostrar que Peirce, após constatar a apropriação que James e outros fizeram do Pragmatismo, levando-o para longe de um ideal de justiça e mantendo-o a serviço de uma “nauseante utilidade”, cujo princípio de que somente a utilidade individual, incluindo o bem-estar espiritual, seria a meta final de toda prática, buscou uma filosofia que mantivesse a lógica e a ciência unidas a um modo realista e com leis que pudessem ser metafisicamente reais. Percebeu, dessa forma, a necessidade de transcender as considerações hipotéticas incorporadas ao sentido da máxima pragmática, afastando-a do risco nominalista. Nesse processo, teve em consideração duas novas ciências normativas, a estética e a ética, além da lógica, para que o Pragmaticismo em criticismo inteligente, investigasse se um fim admirável de um sujeito era passível de ser perseguido em um indefinido e prolongado curso da ação, e não atentando somente à utilidade individual, resgatando o ideal de justiça para o renomeado Pragmatismo, o Pragmaticismo. PubDate: 2023-10-27 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e63651 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Vinícius Yasuto Ikeda, Victor Hugo Domingues Pages: e64003 - e64003 Abstract: Uma característica distintiva das sociedades da modernidade tardia é a extensão significativa a qual estas são dependentes do conhecimento para seu funcionamento. Contrário a como o conhecimento era visto nas sociedades pré-modernas, o conhecimento agora tende a ser entendido como informação, isto é, consistindo em representações objetificadas, mercantilizadas, abstratas e descontextualizadas. A superabundância de informação na modernidade tardia torna a sociedade da informação cheia de tentações. Isso nos leva a pensar que o conhecimento como informação é objetivo e existe independentemente dos seres humanos; que tudo pode ser reduzido à informação; e que a geração de quantidades cada vez maiores de informações aumentará a transparência da sociedade e, portanto, levará ao gerenciamento racional de problemas sociais. No entanto, como discutido neste artigo, a sociedade da informação está repleta de paradoxos que a impedem de satisfazer as tentações que cria. Mais informações podem levar a menos compreensão; mais informações podem enfraquecer a confiança; e mais informações podem tornar a sociedade menos racionalmente governável. Essas reivindicações são ilustradas com exemplos do Reino Unido e dos Estados Unidos. PubDate: 2023-10-26 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e64003 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Agemir Bavaresco, Christian Iber Pages: e63438 - e63438 Abstract: A Ciência da Lógica de Hegel, apresenta na Lógica do Ser, na 2a Seção, a Quantidade, enquanto uma filosofia da matemática moderna. O estágio de desenvolvimento das ciências modernas em geral, e da matemática em especial, permitem a Hegel fazer um diagnóstico, dos avanços e limites alcançados até então, que aponta as contradições do conceito de quantidade/quantum. Reconstruímos, inicialmente, a teoria da quantidade pura e seus momentos contínuo e discreto; depois, a dialética do quantum extensivo e intensivo, com os momentos do número que culminam na contradição do cálculo infinitesimal; enfim, na relação quantitativa articula-se a superação do déficit especulativo das próprias relações matemáticas, fazendo emergir, nesse sentido, o aspecto conceitual da quantidade enquanto qualidade. Ou seja, Hegel deduz na própria quantidade de modo imanente a dialética qualitativa, de modo que com essa explicitação a lógica quantitativa está determinada qualitativamente, ou seja, a matemática tem um sentido lógico especulativo. PubDate: 2023-10-20 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e63438 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Leonor Gularte Soler, Neiva Afonso Oliveira Pages: e62651 - e62651 Abstract: Este artigo propõe-se a refletir sobre a relação da epistemologia instrumentalista de John Dewey com a neurociência cognitiva, a partir de sua crítica à psicologia tradicional. Realiza-se uma análise da tentativa de John Dewey de relacionar a verdade com a cognição destacando seus argumentos fundamentados no progresso da fisiologia e da psicologia, no avanço da biologia e no desenvolvimento do método experimental. O texto discute a possibilidade de o pragmatismo de Dewey contribuir com a neurociência cognitiva, já que a atitude naturalista do autor em relação ao ser humano e todas as suas funções reforça que é a mente que toma as decisões e controla o comportamento. PubDate: 2023-10-09 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e62651 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Rocco Monti Pages: e61872 - e61872 Abstract: Meu objetivo neste artigo é fornecer algumas coordenadas introdutórias para orientar um discurso unificado sobre a doutrina da vagueza em Peirce. Depois de traçar alguns dos estágios nos estudos peircianos que colocaram o conceito de vagueza em foco, mostrarei que a vagueza, como aparece na filosofia peirciana, é um conceito tridimensional. Assim, se a vagueza é um conceito que aparece em uma dimensão lógico-semiótica – e mais especificamente como um problema relacionado à quantificação do sujeito dentro do contexto proposicional – ela também se articula em uma dimensão epistemológica e metafísica. Aqui eu me concentro principalmente na dimensão semiótica e sugiro como uma descrição da vagueza pode manter juntas as consequências epistemológicas e metafísicas da noção de vagueza. PubDate: 2023-07-06 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e61872 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Edna Magalhães Do Nascimento Pages: e61844 - e61844 Abstract: O presente artigo analisa o projeto filosófico de John Dewey (1859-1952) que consta de uma crítica radical à epistemologia tradicional a partir da concepção pragmatista de experiência. O status científico da filosofia, conforme Dewey, não exigirá uma teoria científica passível de prova, mas um programa metafísico construído a partir de lógicas situacionais. O presente artigo apresenta as dimensões históricas e científicas da metafísica empírica de Dewey, argumentando a favor da articulação entre as duas abordagens que configuram o projeto de reconstrução da filosofia. Dewey compreende que a busca dos fundamentos últimos tornou a filosofia prisioneira de uma imagem da mente como construtora de representações - algumas exatas, outras não, mas todas com a pretensão de serem estudadas por meio de métodos puros, não empíricos. Diferentemente dessa tradição que supõe uma ideia de superioridade intelectual do saber, revelado por meio de métodos não empíricos, Dewey argumenta a favor do empírico em filosofia e se coloca contra uma comum concepção da realidade como segura, regular e acabada. Palavras Chave: Experiência. Natureza. Metafísica empírica. Reconstrução filosófica. PubDate: 2023-07-05 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e61844 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Lethícia Pinheiro Angelim Pages: e61888 - e61888 Abstract: O experimento mental como recurso filosófico não é raro ou mesmo recente – podemos pensar no gato de Schrödinger ou na alegoria platônica da caverna. Porém, é incomum que textos ancorados na Filosofia se proponham a analisar objetos ou debater propostas da literatura de ficção, e em especial, da ficção científica. Apressadamente tomada, a relação levantaria um descompasso entre a preocupação filosófica com realidade e verdade e a libertária licença poética da ficção. É como se imaginação filosófica e imaginação criativa não pudessem coexistir. Advogamos justo o oposto disso. Acreditamos que esse descompasso não se sustenta para além da aparência, de uma imposição forçosamente rígida entre realidade e ficção como campos apartados. Este artigo pretende analisar a possibilidade de a ficção científica operar como ferramenta cognitiva capaz não só de simular, mas propor novas dinâmicas para o mundo presente, informando sobre o real. Aproximando o exercício de criar histórias do exercício de pensar realidades alternativas, a ficção científica abre espaço para o questionamento crítico e transformação de nossa própria realidade da vigília, deixando de ser um mero devaneio necessariamente desprovido de agência no mundo. Para tanto, faremos uso de certos aspectos da filosofia semiótica de Charles S. Peirce e de alguns ensaios de Ursula K. Le Guin acerca da ficção científica e da habilidade narrativa. Para Peirce, signos encadeiam-se ininterruptamente em semioses que participam tanto na compreensão do mundo quanto em sua intervenção. Ainda que o exercício da ficção científica possa parecer à primeira vista contraintuitivo ou antinatural, explorar mentalmente novas possibilidades pode render insights preciosos. Peirce institui e valoriza um terceiro modo de pensamento, diferente da lógica vertical da dedução e da indução: a abdução, operação do raciocínio que busca explicar fatos por meio de hipóteses. Poderíamos pensar que a ficção científica muitas vezes se vale de abduções na busca de vislumbrar uma compreensão mais profunda. Insights não simplesmente bons para examinar como seriam situações alternativas, fictícias, mas úteis na necessária tarefa de pôr-se em crítica e transformação contínua do mundo para um lugar melhor. De Ursula Le Guin, examinamos de que modo a habilidade – até onde sabemos – humana de narração fictícia pode ser uma tecnologia de transformação do que é o caso no presente real no qual convivemos. A autora faz uma analogia entre a capacidade de narrar e a cesta: ambas seriam umas das primeiras tecnologias evolutivas de nossa espécie. Cestas e bolsas, histórias e estórias, são artefatos semióticos que armazenam, transportam, reúnem, classificam, alimentam. A ficção como uma cesta e como um signo é uma proposta que alberga e põe em relação não só humanos, mas seres diversos, conectados em semioses mais ou menos próximas, mais ou menos dependentes, mais ou menos perceptíveis; mas nunca, irreais. PubDate: 2023-06-29 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e61888 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Alessandro Topa Pages: e62147 - e62147 Abstract: Este artigo explora a dialogicidade do objeto da Estética Peirciana. Seguindo Herbart, o pragmaticista americano, em seu relato mais maduro (1911), concebe a Estética como uma ciência que lida com os dois tipos de τὸ καλόν, a saber, com a nobreza da conduta (realizada na ação) e com a beleza sensual (experimentada na arte natureza), embora predilete sistematicamente pela primeira, isto é, pelo estudo das condições da imaginação de um fim último admirável em si mesmo (considerando assim o fim esteticamente em sua primeiridade, como uma qualidade possível) e que é pressuposto no estudo das condições de sua atualização como summum bonum (considerando assim o fim eticamente em sua segundidade, como norma que fundamenta relações diádicas de conformidade de conduta autocontrolada a ele). Como a (des)aprovação estética dos fins revela o fundamento último de imaginar a unidade de uma possível identidade prática, a Estética revela as condições de uma liberdade interior que torna a conduta autogovernada possível em primeiro lugar; não, porém, como dado transcendental, mas como resultado de práticas pedagógicas (Seção I). Em seguida, analisamos como a dialogicidade estética se origina da postura de primeira pessoa da questão fundamental que ela faz: “[O] que estou procurando'” (II.1); diferenciamos os partidos, fases e pressupostos dessa dialogicidade (II.2), e analisamos o papel de um ideal – em sua concretização metodológica como hábito de se sentir “crescido sob a influência de um curso de autocrítica e de heterocríticas” – joga pela causalidade semiótica envolvida na formação da conduta (II.3). PubDate: 2023-06-07 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e62147 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Gabriel Chiarotti Sardi, Marcos Rodrigues da Silva Pages: e61817 - e61817 Abstract: No decorrer do debate sobre o realismo científico, alguns antirrealistas, tal como Leo Tolstói e Larry Laudan, criaram um desafio cético para os realistas, questionando, com base na história da ciência, a crença realista de continuidade entre as teorias do passado, atuais e futuras. Stathis Psillos ofereceu uma réplica que ficou conhecida como realismo seletivo ou divide et impera, alegando que, através de um minucioso exame, podemos encontrar elementos teóricos de continuidade entre teorias passadas e atuais, assegurando, por analogia, que as teorias futuras também possuirão elementos de continuidade com as atuais. A estratégia de Psillos, se bem empregada, pode evidenciar que a leitura realista de história da ciência também possui suas virtudes e deve ser considerada. Todavia, no presente artigo, argumentamos que mesmo que o realismo seletivo de Psillos se mostre aplicável, ele deve ser considerado como uma crítica a concepções descontinuístas em história da ciência e não necessariamente ao antirrealismo científico em geral, posto que o empirismo construtivo de Bas van Fraassen, por exemplo, admite a continuidade teórica na ciência. PubDate: 2023-05-29 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e61817 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Nicholas Guardiano Pages: e61862 - e61862 Abstract: Embora Charles Peirce raramente tenha aplicado seus princípios semióticos à arte, suas ideias são altamente informativas por contemplar a troca de significado qualitativo nos signos icônicos constitutivos da arte. Refletindo sobre a teoria do ícone de Peirce, três subtipos hipoicônicos, o papel formativo do signo-interpretante e a “qualissignificância” metafísica de um universo “permeado de signos”, forneço algumas notas teóricas para esboçar uma semiótica da arte. Mais ilustrativas de uma semiótica peirciana da arte são a pintura americana da Escola do Rio Hudson e a poesia moderna de Wallace Stevens, que avançam progressivamente suas percepções em seus próprios belos signos. Esses filósofos e artistas têm raízes intelectuais no transcendentalismo de Emerson com seu legado neoplatônico e, juntos, formam uma linha única de estética americana. PubDate: 2023-05-27 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e61862 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Laura Elizia Haubert Pages: e61338 - e61338 Abstract: Nas últimas duas décadas a estética do cotidiano tornou-se um importante tema de debate entre filósofos de tradição anglófona. Essa teoria contempla a possibilidade de que o cotidiano seja fonte de experiências estéticas, além de realizar uma crítica da tradição. Ambos os elementos também estão presentes e são centrais para a estética pragmatista desenvolvida por John Dewey na primeira metade do século XX. Neste breve ensaio, realiza-se uma aproximação dos dois projetos teóricos por meio de um eixo de questão em comum, a saber, o dilema de como é possível relacionar a estética e a vida cotidiana. PubDate: 2023-05-15 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e61338 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Arthur Araújo Pages: e60854 - e60854 Abstract: considerando o debate nos contextos moderno e contemporâneo da filosofia, exploro a resposta pragmática ao dualismo fato-valor. Nesse sentido, levando em conta que o pragmatismo considera mente e mundo como partes de um continuum experiencial e os humanos como seres sociais, chamo a atenção para a “exigência” de significação e valor nas práticas de vida. Traçando um paralelo entre William James e Wolfgang Köhler relação à noção de “interesse”, como forma de exigência, a ideia central que desenvolvo neste artigo é que “interesse” faz diferença em alguns contextos de experiência e então abre espaço para significação e valor em múltiplos níveis da vida. Em termos do pragmatismo de James, como alternativa aos dualismos tradicionais (fato-valor, teoria- prática, conhecimento-realidade etc.), essa visão pluralista supõe que cada forma de interesse representa condição e gênese de sentido e valor nas práticas humanas. PubDate: 2023-05-08 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e60854 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Jose Jatuff, Claudio Viale Pages: e60898 - e60898 Abstract: James procurou superar a cisão da personalidade por meio de uma antropologia da ação em que combinou vários materiais intelectuais que não respeitam fronteiras epistemológicas. Apropriou-se estrategicamente de diferentes fontes culturais e avanços da psicopatologia para pensar a liberação das possibilidades da consciência e da experiência. Entre eles, serão exploradas suas leituras de Giovanni Papini e Pierre Janet para dar conta do modo preciso como essas contribuições intelectuais atuam em sua antropologia da superação. PubDate: 2023-04-29 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e60898 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:José Carlos Camillo Pages: e61812 - e61812 Abstract: Este artigo tem como objetivo rever a crítica que Peirce faz a uma definição de abdução como uma relação de probabilidade a partir das características. Parece consensual entre seus comentadores que, de fato, essa definição não se adequa ao conceito peirciano. Contudo, este artigo defende que não há uma desarmonia entre abdução e uma relação de probabilidade. Ao contrário, será defendido que, sendo a abdução composta de formação e seleção de hipóteses, essa relação de probabilidade poderia ter uma função na parte de seleção de hipóteses. Para isso, será apresentada uma definição básica de abdução, seguida da proposta de relação de probabilidade entre características. As críticas a essa proposta serão apresentadas e será evidenciado que não se sustentam, abrindo, assim, a possibilidade da permanência dessa característica no conceito de abdução peirciana. PubDate: 2023-04-26 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e61812 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Anderson Luiz do Vale Fonseca Pages: e60528 - e60528 Abstract: O presente artigo traduzido de Thomas Nagel, originalmente, foi publicado pelo autor no livro Mortal Questions (1979), obra em que se encontra alguns dos seus principais escritos. No entanto, somente após a publicação de The Conscious Mind, em 1996, de David Chalmers, colocar o Pampsiquismo no cerne da discussão envolvendo o problema da consciência, que o artigo de Nagel parece ter ganho notoriedade. Desde então, a leitura deste texto se tornou essencial para examinar o Pampsiquismo e suas premissas, como as noções de antirreducionismo e de antiemergência dos fenômenos mentais conscientes.Entretanto, para autores como Philip Goff et al (2017), Thomas Nagel parece defender o Pamprotopsiquismo, a visão de que todas as entidades físicas básicas têm propriedades protopsíquicas, ou seja, propriedades que não seriam elas mesmas subjetivas, mas quando reunidas constituem estados mentais subjetivos. Essa leitura do artigo é consolidada pela obra The View from Nowhere (1986), tendo em conta que o filósofo desenvolve sua teoria do monismo de aspecto dual, a qual embasa sua tese pamprotopsiquista. Na presente tradução, buscamos preservar a linguagem fluída e elegante, tão característica da escrita de Nagel PubDate: 2023-04-20 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e60528 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:José Wilson Rodrigues de Brito Pages: e60702 - e60702 Abstract: O presente texto tem como objetivo apontar, a partir de suas obras mais recentes, que na hermenêutica da práxis de Gadamer há elementos suficientes para ser fundamentada uma teoria da comunidade política enquanto espaço propício ao desenvolvimento do engajamento por parte dos cidadãos nos compromissos éticos e políticos no contexto das sociedades democráticas contemporâneas. Apesar de ainda não ser tão explorada pelos teóricos atuais a dimensão política da hermenêutica gadameriana, a originalidade desta pesquisa se dá a partir da análise da possibilidade de existência da comunidade política nas contribuições hermenêutico-filosóficas de Gadamer. Estas conduzem à práxis do engajamento dos cidadãos em seus compromissos frente à real situação em que se encontram as sociedades democráticas, bem como a preocupação com o uso desmedido da ciência e técnica na atualidade, correndo-se o grave risco até mesmo de extirpação da vida planetária por decisões irresponsáveis de lideranças políticas que pouco se preocupam com as reais condições básicas de vida humana no planeta. Isto devido não cultivarem como princípios deliberativos valores que permeiam a importância da vida comunitária e a preservação do que seja tomado como comum à vida em sociedade. PubDate: 2023-04-17 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e60702 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Lucas Ribeiro Vollet Abstract: A teoria semântica de Frege, do modo como está formulada, não fornece chaves semânticas suficientemente universais para interpretar sentenças asseríveis em diferentes níveis de complexidade, como (a) sentenças contrafactuais-modais-intensionais e (b) sentenças extensionais. É possível dar universalidade a uma chave que sirva para os dois casos adicionando parâmetros não clássicos, como mundos possíveis, que permitem que sentenças com alto grau de complexidade não extensional ocupem um lugar trivial na hierarquia de Tarski como substitutos elegíveis para o esquema T. O artigo argumenta que não é trivial encontrar essas condições não falsas (se verdadeiras) sob as quais sentenças complexas podem ser tratadas como substitutos elegíveis do esquema T. É um desafio que requer vários ajustes de consistência para lidar com várias extensões concorrentes do predicado “verdadeiro”. Concluiremos que a concepção semântica de Frege-Tarski (enriquecida por pressupostos não clássicos), distorce esse desafio. Ele distorce o problema que enfrentamos na prática diária para fortalecer nossos sistemas de asserção, planejar estratégias de asserção bem-sucedidas e proteger nossas asserções de reversões de valor semântico. O desafio para nós é pragmático e não pode confundir (1) complicadas condições científicas e empíricas de assertividade com (2) as condições recompensáveis de pontuação que estabelecem os parâmetros segundo os quais alguém aprende a usar sentenças em sua língua nativa. PubDate: 2023-04-17 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e60571 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:vinicius oliveira sanfelice Pages: e60743 - e60743 Abstract: Este artigo analisa a crítica de Arthur C. Danto à hermenêutica enquanto teoria que, segundo ele, incorre em uma noção de “interpretação profunda” que exclui a referência ao artista. Apesar dessa crítica, analisaremos a proximidade entre uma noção de interpretação da hermenêutica de Paul Ricœur à noção de interpretação que Danto propõe na sua teoria da arte. Nosso foco é a noção de interpretação “transfigurativa” que concerne à transformação do objeto comum em obra de arte. Essa contribuição de Danto para a análise da obra de arte permite aproximar sua noção de interpretação e a de Ricœur pelo que elas têm em comum: a ênfase no questionamento do real por meio da obra de arte e no modo como a obra é constituída por meio de uma interpretação e de uma transfiguração. Danto e Ricœur abordam as obras referindo-se a noções de interpretação que resultam em processos de redescrição e de transfiguração. PubDate: 2023-04-06 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e60743 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Antonio José Romera Valverde Pages: e60871 - e60871 Abstract: Ao tempo presente, o fenômeno político do fascismo se mostra requentado pela forma neofascismo. Se o fascismo pôde ser entendido como “revolta” ou “revolução dentro da ordem”, que contornos lhes são aditados pelo neofascismo, - a face mais expressiva da barbárie contemporânea' Acaso, ao enquadre crítico do estágio atual do modo de produção capitalista, há similitude e complementaridade entre o neofascismo e o neoliberalismo, - “a nova razão do mundo”' PubDate: 2023-03-20 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e60871 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Sofia Inês Albornoz Stein, Camila von Holdefer Kehl Pages: e57240 - e57240 Abstract: “Como duas mentes podem conhecer uma única coisa” é um dos textos que Wil-liam James (1842-1910) pretendia reunir sob o nome de Ensaios sobre empirismo radi-cal, embora nunca tenha chegado a ver o projeto concluído. Trata-se da obra tardia do autor, quando este passou a desenvolver algumas das ideias que já se encontravam, em muitos casos de forma embrionária, no monumental Princípios de psicologia. “Como duas mentes podem conhecer uma única coisa” é um dos textos mais importantes desse esforço, uma vez que explica, de forma clara e elegante, um dos pilares do empirismo radical. Como o título já diz, James pretende mostrar como algo pode ser conhecido por duas mentes sem que haja aí uma duplicação, ou um recurso à noção de representação como duplicação de um objeto físico. James postula o conceito de experiência pura e indivisa que se desenvolve em estados de experiências momentâneas sucessivas. A experiência pura acrescenta a consciência à percepção de objetos. Nessa experiência indivisível ocorrem “apropriações” conscientes — que se dão de forma retroativa — das sensações dos objetos pelos sentidos. A consciência conquistada nessa apropriação marca a subjetivação e se dá a partir da inserção do algo sensível, resultante da relação com um objeto físico, na experiência individual. No instante da experiência pura, o objeto é ao mesmo tempo objetivo e subjetivo, não ocorrendo uma duplicação ontológica. Aí reside a resposta à pergunta posta no título: é possível sentir objetos sem duplicá-los. PubDate: 2023-03-20 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e57240 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Jorge Francisco da Silva, Karl Heinz Efken Pages: e59258 - e59258 Abstract: Este artigo revisa e discute alguns dos principais elementos dentro da teoria geral dos signos de Peirce e sua relação com a análise do discurso. Nossa discussão centra- se nos diálogos entre pesquisadores das áreas de semiótica e de análise do discurso para acompanhar estudos interdisciplinares sobre os processos de significação da linguagem. O artigo primeiramente relaciona o trivium Peirceano com à análise do discurso; em segundo lugar, examina a análise de Pignatari sobre as relações entre códigos verbais e não verbais; e em terceiro lugar, discute a contribuição de Peirce no desenvolvimento da Virada Linguística, especialmente através de sua influência nos trabalhos de Wittgenstein, Grice e Austin. O artigo conclui que tais diálogos pós-modernos interdisciplinares podem ser usados para o desenvolvimento de modalidades mais bem fundamentadas de análises pragmáticas do discurso. PubDate: 2023-01-26 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e59258 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)
Authors:Mauro Condé Pages: e59768 - e59768 Abstract: Nesta resenha é apresentado o livro Arley Morenum Liber Amicorum – Homenagem a Arley Ramos Moreno in memoriam, publicado em 2021, como homenagemao filósofo brasileiro Arley Moreno, falecido em 2018. O livro discute, majoritariamente, temas de filosofia da linguagem – em especial a obra de Ludwig Wittgenstein – e epistemologia dialogando com o universo intelectual do homenageado. Apresenta ainda o último texto produzido por Arley Moreno no qual ele trabalha sua concepção de filosofia da linguagem. PubDate: 2023-01-26 DOI: 10.23925/2316-5278.2023v24i1:e59768 Issue No:Vol. 24, No. 1 (2023)