Authors:Breno Bertoldo Dalla Zen Pages: 3 - 16 Abstract: Este artigo tem por objetivo explicitar a relação do estado de natureza rousseauniano com o método conjectural, este, que segundo as alegações de Rousseau, seria o único meio capaz de tornar explícito este estado da humanidade, que só teria existido no passado. Com isso, buscamos responder à pergunta: como um método conjectural poderia nos ajudar a chegar até o homem da natureza' Para tal, nos apropriamos da hipótese desenvolvida pelo autor, que busca afastar, ao mesmo tempo, os “fatos” difundidos pela tradição cristã e as parcialidades sustentadas pelos filósofos que se apropriaram de características do homem civil para escrever sobre o homem da natureza. No Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, Rousseau busca despir o homem de seus costumes, para então identificar aquele que ele acredita ser o homem da natureza. De acordo com o autor, esta seria a única maneira de constatar a origem dos vícios humanos. Para tal empreitada, Rousseau afirma que só um método conjectural poderia dar conta de tornar explícito um estado que não mais existe, que talvez nunca tenha existido e que, portanto, não poderia ser conhecido por meio dos fatos. PubDate: 2023-03-31 DOI: 10.4013/con.2023.191.01 Issue No:Vol. 19, No. 1 (2023)
Authors:Celina Alcantara Brod Pages: 17 - 38 Abstract: O tribalismo pode ser visto como um instinto enraizado em nossa psicologia, uma vez que a habilidade humana de coalizão possibilitou a sobrevivência da nossa espécie. Nossas sociedades evoluíram com a cooperação utilizando a mais sofisticada ferramenta interpessoal: a moral. A despeito do tribalismo, humanos também foram capazes de criar morais inclusivas, alargando o círculo moral. Contudo, conflitos contemporâneos mostram que tribalismos excludentes intrassociais não desaparecem facilmente. Nesse trabalho pretendo delimitar as condições que permitem um regresso ao tribalismo excludente; um tribalismo que adota uma moralidade seletiva e corrompe o potencial de uma moral inclusiva. Este artigo explora a seguinte pergunta: como crenças separatistas são avivadas e estimulam grupos da mesma sociedade a excluírem outros grupos do seu círculo moral' Esse trabalho combina teorias evolucionárias, experimentos da psicologia social com alguns pressupostos de David Hume e sua explicação sobre a formação das nossas crenças. O objetivo é elucidar o processo que viabiliza o estreitamento moral característico do tribalismo. O resultado é um trabalho introdutório sobre a identificação de domínios situacionais, disposicionais, epistêmicos e morais, elementos que possuem o potencial de alterar juízos cognitivos e morais, desencadeando um regresso ao tribalismo excludente e a um consequente estreitamento moral. PubDate: 2023-03-31 DOI: 10.4013/con.2023.191.02 Issue No:Vol. 19, No. 1 (2023)
Authors:Heraldo Aparecido Silva, Francisco Raimundo Chaves de Sousa Pages: 39 - 53 Abstract: O objetivo deste trabalho é discutir a visão essencialista do corpo com deficiência, normalmente expressada através de ideais de normatividade corporal, a partir das noções de narrativa, antiessencialismo e antirepresentacionalismo do filósofo estadunidense Richard Rorty (1931-2007). Nessa perspectiva elencamos a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, especificamente na narrativa da personagem Eugênia, a qual representa uma crítica machadiana à uma visão social discriminatória da pessoa com deficiência. Assim, buscamos, conforme sugere Rorty, aproximar o debate filosófico da literatura e de questões que estão inseridas em nossa comunidade. Para fundamentar esta discussão trabalharemos com o seguinte referencial teórico: Assis (2012), Rorty (1994; 1997; 1999; 2007; 2010) e Silva (2020). PubDate: 2023-03-31 DOI: 10.4013/con.2023.191.03 Issue No:Vol. 19, No. 1 (2023)
Authors:Guilherme Felipe Carvalho Pages: 54 - 73 Abstract: O presente artigo almeja demonstrar que em Einleitung in die Logik und Erkenntnistheorie, de 1906/07, por meio de uma crítica ao ceticismo, Husserl promove uma mudança que será significativa no desenvolvimento posterior de sua filosofia: a introdução da εποχή. Ao contrário do ceticismo grego, tal conceito em Husserl, ao suspender o juízo, busca um dado indubitável: o ego. Isso proporciona com que Husserl supere o ceticismo, tanto em sua face dogmática (negação de possibilidade de todo o conhecimento), quanto crítica (suspensão do juízo perante o alcance do conhecimento). Com isso, pode-se perceber que ao retomar um conceito cético da filosofia antiga, e opor-se ao relativismo, Husserl inaugura o seu primeiro esboço de uma filosofia pura, que adiante será concretizada, em sua última fase, como idealismo fenomenológico-transcendental. PubDate: 2023-03-31 DOI: 10.4013/con.2023.191.04 Issue No:Vol. 19, No. 1 (2023)
Authors:Ísis Esteves Ruffo Pages: 74 - 85 Abstract: Este texto analisa a distinção entre a explicação do significado dos termos morais em duas posturas realistas frequentemente contrastadas: o realismo naturalista analítico, especialmente conforme desenvolvido pelo programa de Camberra, e o realismo naturalista sintético, cujos realistas de Cornell são os principais expoentes. Caracteristicamente, os realistas de Cornell sustentam que termos para tipos morais se relacionam com a instanciação de tipos naturais que podem ser empiricamente mapeados, enquanto que o programa de Camberra advoga que o significado dos termos morais precisa ser analiticamente estabelecido. Entretanto, a distinção entre realismo analítico e sintético pode ser pouco convincente desde que as identidades sintéticas do realismo de Cornell não podem abdicar de análises conceituais que delimitam o escopo adequado dos termos morais. Por outro lado, embora admitam investigações a priori sobre o termo morais, o programa de Camberra também não recusa as identidades sintéticas entre termos morais e tipos naturais, tornando as duas posturas muito mais similares quanto ao significado dos termos morais do que seus respectivos epítetos sugerem. PubDate: 2023-03-31 DOI: 10.4013/con.2023.191.05 Issue No:Vol. 19, No. 1 (2023)
Authors:Jean Machado Senhorinho Pages: 86 - 105 Abstract: As nossas práticas de educação moral assumem que seres humanos são capazes de progredir moralmente e de que há, ao menos, alguma condição ou critério razoável para que isso ocorra. Mas que critério é este' Após uma brevíssima revisão de literatura sobre os critérios de progresso moral, desenvolve-se uma interpretação do critério epistêmico-prático de progresso moral cunhado por Michele Moody-Adams (1999). De acordo com esse critério inclusivo, alguém realiza progresso moral quando expande o seu entendimento sobre conceitos morais e quando também manifesta esse entendimento aumentado na prática. Pace Julia Hermann (2019), pleiteia-se que essa noção de Moody-Adams não deve ser interpretada como aceitando tacitamente uma posição moral realista. Por fim, conclui-se que tal critério epistêmico-prático tem uma melhor capacidade para orientar as nossas práticas de educação moral do que outros critérios. PubDate: 2023-03-31 DOI: 10.4013/con.2023.191.06 Issue No:Vol. 19, No. 1 (2023)
Authors:Lutiero Cardoso Esswein Pages: 106 - 120 Abstract: Em sua obra Filosofia do Direito, Hegel expõe a esfera ética da sociedade civil-burguesa como aquela em que a determinação particularista da liberdade concreta se desenvolve. Contudo, esse desenvolvimento se dá apenas por meio da universalidade formal. Pretende-se, no presente texto, expor o conceito de universalidade formal, de modo a distingui-lo da determinação universalista da liberdade concreta, bem como expor de que modo ele opera no interior dos momentos das “Modalidades do Carecimento e da Satisfação” e da “Modalidade do Trabalho” a fim de desenvolver a determinação particularista da liberdade concreta. Por fim, serão apresentados outros momentos da sociedade civil-burguesa, os quais possibilitam uma melhor compreensão da distinção entre a determinação particularista e universalista da liberdade concreta. PubDate: 2023-03-31 DOI: 10.4013/con.2023.191.07 Issue No:Vol. 19, No. 1 (2023)
Authors:Valdomiro de Cuiabano Pages: 121 - 134 Abstract: O presente artigo tem por objetivo apresentar a teoria cartesiana das ideias, de modo especial, a novidade desenvolvida por Descartes em Terceira Meditação, a sua nova concepção de ideia como representação. Levando em consideração a primeira certeza, a proposição do cogito “Eu penso, eu existo”, pretende-se apresentar os argumentos cartesianos que fundamentam a originalidade desse pensamento. Para tal, num primeiro momento, desenvolver o conceito elementar de pensamento como parte da essência do ser pensante. Logo em seguida, desenvolver os argumentos que fundamentam a natureza da ideia na sua forma geral e também a classificação ontológica da origem das ideias destacando as ideias inatas com seu conteúdo representativo contendo a realidade objetiva de acordo com o princípio da causalidade. E, por fim, com base nos argumentos de Terceira Meditação e também de um de seus leitores, Raul Landim Filho, desenvolver a ideia como representação, foco principal deste trabalho. PubDate: 2023-03-31 DOI: 10.4013/con.2023.191.08 Issue No:Vol. 19, No. 1 (2023)