Authors:Jaime Rodrigues Pages: 1 - 15 Abstract: O texto traz uma definição inicial do termo “motim” e seus usos correntes no século XVIII para, em seguida, apresentar sumariamente os motivos que levavam marinheiros mercantes, incluindo os escravizados, a se amotinarem em alto mar. Por fim, é descrito o caso do motim ocorrido em pleno Atlântico a bordo do navio N. S. da Piedade e São Boaventura e sua arribada forçada no Rio de Janeiro em 1783, para dialogar com a definição de movimentos desse tipo e com a noção de indisciplina na historiografia marítima. PubDate: 2022-07-04 DOI: 10.5007/1984-9222.2022.e86476 Issue No:Vol. 14 (2022)
Authors:Hugo André Flores Fernandes Araújo, Quelen Ingrid Lopes Pages: 1 - 23 Abstract: Nosso objetivo neste artigo é analisar os meandros do cotidiano do trabalho dos marítimos da marinha mercante portuguesa, em fins do século XVIII e início do século XIX. Buscamos evidenciar e analisar dois aspectos fundamentais nas adversidades por eles encontradas, quais sejam, os desacertos e as dificuldades enfrentadas para recebimento de vencimentos, e o constante risco do ataque corsário no mar, ponderando acerca das reivindicações e posicionamentos dos marítimos em face das situações vivenciadas. Tomamos como base documental principal um conjunto de fontes judiciais produzidas pelo Juízo da Índia e Mina, custodiados pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo/Lisboa-PT PubDate: 2022-07-04 DOI: 10.5007/1984-9222.2022.e86800 Issue No:Vol. 14 (2022)
Authors:Caio Giulliano Paião Pages: 1 - 19 Abstract: A partir do conceito de “geografia insurgente”, discuto como o trabalho marítimo foi moldado por trabalhadores de diferentes realidades étnicorraciais, durante a reorganização dos mundos do trabalho na Amazônia, especialmente nas províncias do Pará e Amazonas, nos anos seguintes ao término da Cabanagem (1835-1840). Os tripulantes desse período conseguiram inverter lugares de subalternidade a que estavam destinados, valendo-se da apropriação de terras, barcos e águas para o trânsito humano, ideias e aspirações de liberdade. Veremos como o trabalho marítimo propiciou uma dinâmica de deslocamentos que servisse a projetos de autonomia de vida, de tripulações que misturavam indígenas, negros e mestiços, independentemente de sua condição jurídica. O recorte temporal diz respeito ao período posterior à rebelião até meados dos anos 1870, quando levas de migrantes alteraram a composição da marinhagem fluvial. O conjunto de fontes são relatos de viajantes do norte-atlântico, que informam as relações de trabalho dentro dos navios. Ali o recrutamento forçado se conjugava a pagamentos diários, além de negociação de equipes sazonais compostas por uma heterogeneidade de sujeitos. Por fim, conclui-se que as rotas de liberdade experimentadas no mundo marítimo não se restringem ao litoral do Brasil. O que nos leva a observar tais agências no interior do território, sem negligenciar a extensão dessas lutas em seus cenários aquáticos. PubDate: 2022-07-04 DOI: 10.5007/1984-9222.2022.e86598 Issue No:Vol. 14 (2022)
Authors:Marcus Rediker Pages: 1 - 18 Abstract: Este artigo explora um tópico relativamente negligenciado nas histórias da escravidão e do abolicionismo nos Estados Unidos às vésperas da Guerra Civil. Como as pessoas escravizadas escapavam por mar e, mais especificamente, como o litoral era uma faixa de luta sobre a escravidão, entre aproximadamente 1820 e 1865. O artigo trata de quatro temas centrais: navios, comércio e cidades portuárias em meio à ascensão do capitalismo atlântico; vida e trabalho no litoral; esforços para controlar as docas a partir de cima; e as rotas e destinos traçados pelos fugitivos e seus aliados. Marinheiros, trabalhadores portuários, artesãos, carregadores, quitandeiras e fugitivos do mar cooperaram e conspiraram em uma “esfera pública” alternativa, usando conexões dentro da classe trabalhadora marítima para liberar uma força poderosa, embora pouco compreendida, do abolicionismo dos de baixo. PubDate: 2022-06-20 DOI: 10.5007/1984-9222.2022.e83554 Issue No:Vol. 14 (2022)
Authors:Silvia Cristina Martins de Souza Pages: 1 - 19 Abstract: Na segunda metade do século XIX, o teatro ocidental passou por mudanças significativas, fruto da maneira como ele passou a ser produzido, organizado e disseminado por meio de turnês e redes teatrais internacionais, e se transformou numa força cultural global capaz de acelerar mudanças de costumes, hábitos, comportamentos e códigos sociais. Conectado a tal fenômeno, o teatro brasileiro sentiu os efeitos dessas mudanças, dentre eles nas relações estabelecidas entre diferentes tipos de trabalhadores ligados à cena, tais como atores e empresários, um tema ainda pouco investigado pela historiografia do teatro brasileiro. É em torno deste tema que o presente artigo se desenvolve e para sua elaboração foi escolhida como fonte principal a série de folhetins Scenas Comicas, publicada na Gazeta da Tarde, entre 1883 e 1884, e como fontes adicionais artigos de periódicos, livros de memórias e recordações, biografias, dicionários, relatórios ministeriais e legislações governamentais. PubDate: 2022-06-15 DOI: 10.5007/1984-9222.2022.e86369 Issue No:Vol. 14 (2022)
Authors:Bruno Mandelli Pages: 1 - 19 Abstract: Este artigo abordará a construção das masculinidades e da cultura de virilidade na categoria dos mineiros de carvão no Sul do Brasil, na região carbonífera de Santa Catarina entre as décadas de 1940 a 1970. A partir dos referenciais de masculinidade e masculinidade hegemônica, primeiro será analisado o mineiro em seu ambiente de trabalho, as minas de carvão, por ser o espaço onde mais tempo passavam. Em seguida, percorreremos outros espaços de sociabilidades masculinas, como os bares, as zonas de prostituição e as rinhas de galo, para identificar outros locais onde tais práticas eram reproduzidas socialmente. Portanto, a partir de aspectos de uma cultura de classe, será discutido como a construção da honra masculina e de suas práticas sociais estão imbricadas na formação da masculinidade dos mineiros como um elemento central de suas vidas. PubDate: 2022-03-24 DOI: 10.5007/1984-9222.2022.e82763 Issue No:Vol. 14 (2022)
Authors:Gabriela Nery Pages: 1 - 21 Abstract: Este artigo analisa o aparecimento da profissão dos repórteres na imprensa do Rio de Janeiro entre as décadas de 1880 e 1900. Foram utilizados, para tanto, estatutos de associações, jornais e outros periódicos, como o Almanak Laemmert, atentando-se sempre para o processo de desenvolvimento das empresas jornalísticas e seu impacto na vida dos trabalhadores. Nesse cenário, a trajetória do repórter negro e socialista Gustavo de Lacerda é tratada de forma destacada, a fim de analisar e compreender a centralidade dos repórteres na fundação das principais organizações de imprensa que surgiram no início do século XX, o Circulo dos Reporters e a Associação de Imprensa. PubDate: 2022-03-21 DOI: 10.5007/1984-9222.2022.e84467 Issue No:Vol. 14 (2022)
Authors:Renata Figueiredo Moraes Pages: 1 - 19 Abstract: O Império do Brasil nasceu com o reforço da escravização de homens e mulheres e nas décadas seguintes assistiu ao aumento do número de trabalhadores livres, principalmente na Corte. A construção de uma legislação que tentou organizar o trabalho, além de limitar as ações dos escravizados nas ruas, como as posturas municipais e a organização dos trabalhadores livres por direitos no trabalho são os temas deste texto que tem como mote a música “Canto das três raças”. Se todos os trabalhadores cantam um soluçar de dor, discutiremos os diferentes sentidos da liberdade e os problemas que envolviam alguns ofícios, além da comparação entre trabalhadores livres e escravizados e as hierarquias existentes entre eles, para além da diferença da condição jurídica. Os tipógrafos são a categoria privilegiada neste texto por publicarem alguns jornais de classe, entre os anos de 1858 e 1872, divulgando suas ideias sobre o trabalho, a baixa remuneração e as comparações com a escravidão. Enquanto as ruas da cidade eram ocupadas por escravizados que poderiam cantar para amenizar o trabalho, os livres, principalmente os tipógrafos, tinham nos jornais um espaço para as reclamações contra as prisões que diziam sofrer. O soluçar de dor durante o trabalho é o ponto em comum dos trabalhadores do Império do Brasil. PubDate: 2022-03-11 DOI: 10.5007/1984-9222.2022.e82386 Issue No:Vol. 14 (2022)
Authors:Luciano Everton Costa Teles Pages: 1 - 16 Abstract: Neste artigo busca-se analisar as conexões entre a Confederação Operária Brasileira (COB), considerando também os três Congressos Operários Brasileiros (1906, 1913 e 1920) e a Região Norte do país. Para isso, utilizou-se como fonte principal a imprensa operária, que teve papel primordial como instrumento mediador e de ligação entre as diversas partes do país e do mundo. Ela era animada por militantes que também circulavam por várias regiões do território nacional e que carregavam consigo um cabedal de experiências de organização e luta social. Nesse sentido, os contatos e as conexões construídas socialmente possibilitaram a constituição de um circuito pelo qual as informações sobre o processo organizativo e de luta dos trabalhadores passaram a circular, e permitiram a circulação de análises sociais e, consequentemente, modelos de organização, ação e luta. A COB e os três congressos são efeitos desse processo. PubDate: 2022-02-24 DOI: 10.5007/1984-9222.2022.e83956 Issue No:Vol. 14 (2022)
Authors:Aldrin Castellucci Pages: 1 - 6 Abstract: A ideia deste editorial coletivo surgiu, foi discutida e elaborada no Fórum de Editores de periódicos da ANPUH-Brasil, entre os meses de setembro e novembro de 2021. Buscou-se na iniciativa elementos consensuais no campo da História, aqui representado pelos editores de vários dos periódicos da área, em defesa dos artigos publicados, dos trabalhos realizados pelas revistas e por suas equipes editoriais. Destacar o valor dos nossos periódicos e artigos não é menosprezar ou reduzir o papel do livro autoral junto à área, mas é reconhecer que a manutenção e existência dos periódicos, enquanto trabalho de médio e longo prazo, requerem atenção e trabalhos específicos, nem sempre reconhecidos pelas instâncias e instituições que os abrigam. De tal modo, esta iniciativa visa lançar luz e fomentar o debate sobre o papel dos periódicos e seu lugar na circulação de conhecimento, o papel das equipes editoriais (editores, pareceristas, entre outros), necessidade de financiamento público (na garantia do acesso aberto diamante) e importância dos apoios institucionais. PubDate: 2022-01-03 DOI: 10.5007/1984-9222.2022.e85186 Issue No:Vol. 14 (2022)