Authors:Dinah de Oliveira, Livia Flores Pages: 7 - 12 Abstract: Arte & Ensaios apresenta o número 45, correspondente à chamada pública Arquivo Terra, divulgada em dezembro de 2022. Como nos dizem Déborah Danowski e Eduardo Viveiros de Castro, entramos em um sistema-Terra implicado num caos espaçotemporal diferente de tudo o que já experimentamos. A ideia de um futuro próximo previsível está rachada pelo incessante fenômeno de aceleração das mutações ambientais e seus efeitos de catástrofe. Ao nos deparar com a noção de Antropoceno e outras denominações que pensam as ações de agentes humanos sobre o planeta Terra, percebemos que é a própria concepção de humanidade que está em jogo, assim como a separação de natureza e cultura. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.1 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Paulo Tavares, Ana Altberg, André Arçari, André Leal, Dinah Oliveira, Livia Flores, Mery Horta, Roberto Conduru Pages: 14 - 47 Abstract: Entrevista com Paulo Tavares, arquiteto, pesquisador e professor da UnB, realizada via zoom em 14 de abril de 2023. Durante a conversa com Ana Altberg, André Leal, Roberto Conduru e integrantes da equipe da revista,1 Paulo Tavares aborda questões relativas a sua atuação nos campos da arquitetura, da arte e dos direitos, perpassadas por seus interesses em arqueologia, crítica e ecologia das mídias. Cocurador do Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza de 2023, premiado com o Leão de Ouro, Paulo Tavares detalha as questões conceituais e formais que envolvem a concepção desse e de outros projetos e publicações que vem desenvolvendo. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.2 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:André Leal Pages: 49 - 63 Abstract: Apresentação do dossiê Os estratos da Terra são um museu confuso, reunindo as ideias do artista Robert Smithson, as atualizando em relação ao debate da emergência climática e da emergência do Antropoceno, assim como nossa própria ideia de ‘paisagem entrópica’, elaborada em contato com a produção do artista. Ao longo do texto, relacionamos o material presente no dossiê, conectando-o a outras referências bibliográficas e artísticas.
Authors:Robert Smithson, André Leal Pages: 64 - 77 Abstract: Entrevista com o artista Robert Smithson realizada por Alison Sky e publicada pouco após sua morte na revista On Site#4, em 1973. Na entrevista, Smithson passeia por temas caros a sua produção, como a ideia de entropia, sua relação com o ambientalismo, além de questões relativas à produção artística, arquitetônica e urbanística de seu tempo. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.4 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Lucy R. Lippard, André Leal Pages: 78 - 98 Abstract: O texto aborda a produção de Robert Smithson e as relações políticas, históricas, geológicas e artísticas que ela estabelece. Apresenta as principais earthworks do artista e as articula com questões mais amplas ligadas ao mundo da arte. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.5 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:T. J. Demos, André Leal Pages: 99 - 110 Abstract: O presente artigo analisa como diferentes grupos ambientalistas encaram questões de justiça climática e desigualdades raciais em face da emergência climática e da emergência do Antropoceno, apresentando produções artísticas que mobilizam questões afins. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.6 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Júlia Pontés, Ana Cortat Pages: 111 - 129 Abstract: A paisagem mudou na região do quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, Brasil, desde que seus moradores descobriram que viviam cercados pela morte com a incessante sensação de que algo poderia acontecer a qualquer momento. Em 2015 e 2019, duas barragens de rejeitos ruíram no Brasil, gerando o maior acidente ambiental e o maior acidente de trabalho da história do país, respectivamente. Da noite para o dia, pessoas se deram conta da existência de mais de 800 barragens de mineração no país. A maioria delas é imperceptível. Camufladas entre montanhas e cobertas por vegetação rasteira, elas surgiram como pesadelo na vida de milhares de pessoas que vivem em áreas denominadas zonas de autossalvamento, ZAS, onde são responsáveis por salvar suas próprias vidas em caso de rompimento de uma barragem. Mineradoras têm se aproveitado dos riscos potenciais de rompimento para remover um grande número de pessoas de áreas mineráveis. Elas se aproveitam do medo, dos conflitos e da opressão econômica e social já existente para violar direitos de propriedade e expandir suas operações. A exploração de minérios é uma realidade nessa região há mais de três séculos. As pessoas do quadrilátero vivem ao lado da morte enquanto a prática capitalista sem limites o extrai da terra sem cessar nem compensar o entorno impactado. O minério de ferro está presente nos carros, celulares, plantas industriais, roupas, eletrodomésticos e é elemento fundamental da vida moderna. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.7 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Mabe Bethônico, André Leal Pages: 130 - 137 Abstract: Em Minas Gerais, erguia-se um pico que era conhecido pelo nome de Cauê. Ao longo dos últimos 80 anos Cauê foi exaurido até se tornar um buraco de profundidade comparável ao que um dia foi sua altura. O que resta hoje do Cauê é uma parede frágil ao redor de sua própria forma negativa. Um dia decidiu-se que era o maior depósito de minério de ferro do mundo, e assim ele se tornou testemunho de extrações ferozes. Suas cicatrizes horizontais, como bocas insaciáveis lacerando a paisagem, resultaram de uma longa história de mineração a céu aberto, que alimentou mercados no país e no exterior. Cauê foi removido por mãos, deslocado por máquinas, viajando pelo país e pelos oceanos e retornou fabricado, re-fabricado e manufaturado. Ele é testemunho de uma desfiguração espalhada, um depósito de poeira contido por banhos de água que previnem que tempestades de poeira invadam Itabira, sua cidade natal. Ele teria muito a ‘dizer’ 2 e deveria ser referenciado como um ponto de vista emblemático, a partir de onde se articulariam questões ligadas a sistemas biológicos e geológicos, trabalhistas, de injustiça social, de urbanismo e de poder ligados à economia extrativista. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.8 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Emanuele Coccia, Paulo Holanda Pages: 139 - 149 Abstract: No presente artigo, publicado em francês na revista Critique 2021/8, o autor aborda a noção de paisagem e os paradoxos de sua construção, tomando como referência a obra The invention of rivers: Alexander’s eye and Ganga’s descent, de Dilip da Cunha, publicada originalmente em inglês pela University of Pennsylvania em 2019. Emanuele Coccia é professor associado de filosofia na École de Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), em Paris. Dentre suas publicações traduzidas em diversas línguas, destacam-se A vida sensível (2010), Le bien dans les choses (2013) e La vie des plantes (2016). Foi coeditor, com Giorgio Agamben, da antologia monumental Angeli. Ebraismo Cristianesimo Islam (2009). PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.9 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Manuel Furtado Pages: 151 - 175 Abstract: Partindo da triangulação entre arte, Antropoceno e sublime, articula-se o pensamento de Bourriaud, Latour e Haraway, aprofundando esses conceitos por uma perspectiva histórica da arte contemporânea que potencie a projeção de cenários futuros. Na tentativa de identificar uma base conceptual mais recuada desenvolve-se um exercício arqueológico por meio da obra de artistas como Beuys, Haacke ou Denes, pontos de referência que permitirão definir trajetórias e tendências atuais. Será ponderado o legado de Buckminster Fuller, incluindo o projeto Biosphere 2, para firmar a dinâmica científico-artística, essencial à especulação filosófica desses temas. Pensam-se em seguida obras de Goldsworthy, Turrell e Saraceno à luz da definição de espaços e tempos específicos de cada um dos conceitos deste artigo: Antropoceno (tempo geológico e um espaço sem exterior), sublime (escala histórico-biológica) e arte (espaço ficcional e tempo individual). Para evidenciar a dinâmica mutuamente potenciadora do sublime e do Antropoceno, são ponderadas algumas obras da Documenta 13, nomeadamente de Huyge, Pentecost, Dong, Buch, Kyungwon e Joonho. Pensa-se ainda o tecno-sublime de Jameson em tentativa de aprofundar o pós-humano, ponderando a eventual obsolescência do humano e algumas formas de essa ser evitada. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.10 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Raquel de Melo Versieux Pages: 176 - 197 Abstract: Produzido no contexto da modernidade ocidental, o conceito de paisagem muitas vezes atua como elemento de reconexão entre natureza e cultura, contrariando o próprio paradigma moderno que o fundamenta. Compreendendo a elasticidade do conceito, este ensaio convida pessoas artistas e pesquisadoras interessadas pelo tema a refletir sobre atualizações políticas dos sentidos de paisagem, a partir da perspectiva do sul global. As proposições de Bruno Latour, Nego Bispo, Denise Ferreira da Silva e Luiz Rufino, entre outros, são trazidas ao debate para nos ajudar a compreender ambiências decorrentes da colonização e mundialização do capitalismo, como a necessidade de enfrentamentos diante dos eventos anunciados com a era do Antropoceno e onde se instalam lutas sociais históricas em torno de territórios em disputa. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.11 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Francione Oliveira Carvalho Pages: 198 - 214 Abstract: Em 2022, 100 anos da realização da Semana de Arte Moderna, muitos eventos, colóquios e textos das mais importantes pesquisadoras e pesquisadores da arte nacional, e alguns internacionais, ora “celebram”, ora “problematizam”, “contextualizam”, “criticam”, “questionam”, “reafirmam” a importância da Semana de 1922 para a cultura brasileira. A contribuição deste texto, de caráter ensaístico, é apontar ideias e fatos − e sobre eles refletir − que possam nos ajudar a compreender de que maneira as questões de raça e das identidades atravessam o movimento modernista e a modernidade. Se, em sua origem, a modernidade foi uma noção ocidental feita para pensar o Ocidente, o sociólogo Antonio Sérgio Guimarães denominará modernidade negra o processo de inclusão cultural e simbólica dos negros a essa sociedade. Para compreender esse fenômeno, acionamos a ideia de diáspora como rede de relações imaginadas ou reais entre povos ou comunidades espalhadas pelo Atlântico Negro, segundo Paul Gilroy, e a categoria de branquitude na tentativa de pensar juntos como a valorização do que é branco e europeu funda não somente um projeto de país, mas a maneira como acionaremos as ideias, as produções e os eventos protagonizados por não brancos. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.12 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Paula Huven Pages: 215 - 233 Abstract: A explícita relação de exploração com a Terra desdobra-se no assalto das nossas subjetividades. Este artigo visa descrever essa relação principalmente a partir de um diálogo entre a cosmologia yanomami, por meio da obra literária A queda do céu, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, e do trabalho fotográfico de Claudia Andujar, buscando compreender a arte como estratégia de resistência ao extrativismo da nossa pulsão vital e forte aliada para criação de outros mundos possíveis. O percurso teórico é traçado na esteira das concepções de descolonização do pensamento, proposta por Eduardo Viveiros de Castro e da descolonização do inconsciente, elaborada por Suely Rolnik, aliadas ao chamado para reativar os vínculos com a Terra e com os espíritos, pronunciado por Isabelle Stengers. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.13 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Paula Guerra Pages: 234 - 261 Abstract: Na modernidade tardia, os movimentos artísticos/sociais – notadamente o ecofeminismo – têm desempenhado papéis fundamentais no desvendamento e/ou desconstrução do mundo. Por outro lado, a reelaboração de paradigmas e a necessidade de reestruturação dos processos societais que abarquem o novo têm delegado às ciências sociais e sobretudo à arte a responsabilidade de formular chaves de compreensão para os desafios que se têm apresentado. Na cidade de Fortaleza, no Brasil, a fanzineira (eco)feminista Fernanda Meireles, tem articulado perspectivas teóricas, mas também pragmáticas em prol da ressignificação de espaços em novas territorialidades, fazendo surgir novos modos de se relacionar com a cidade, enquadrando, na sua prática, conceitos como ecofeminismo, Antropoceno e resistência, possibilitando, assim, a afirmação dos fanzines como um elemento de expressão identitário, individual e coletivo. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.14 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Lola Fabres Pages: 262 - 284 Abstract: Na Indonésia, em um pequeno vilarejo que já foi um dos principais polos de fabricação de telhas de barro do país, formou-se em 2005 o Jatiwangi art Factory (JaF), coletivo artístico fundado por moradores interessados em testar formas de entrecruzar procedimentos da arte contemporânea com as práticas e os imaginários circunscritos do distrito de Jatiwangi. Tendo como base o envolvimento comunitário, o coletivo vem experimentando ações de resgate do valor da argila como elemento representativo da herança cultural da região. Ao mesmo tempo, com mais de 17 anos de atuação, iniciativas como o JaF – enraizadas em um contexto social específico – encaram também o desafio de como formalizar e materializar suas experiências (haja vista sua distensão no espaço e no tempo), no momento em que migram para o espaço expositivo. Assim, tomando como ponto de partida sua participação na 15a Documenta de Kassel (cuja edição se voltou para o mapeamento de práticas locais marcadas por premissas da colaboração, da interdisciplinaridade e da articulação social), este estudo propõe um contato com a trajetória e os processos de trabalho adotados pelo JaF e avalia, por fim, o sentido de levar à instituição práticas que parecem concentrar sua essência nos territórios em que insurgem.
Authors:Beatriz Reis Pages: 285 - 305 Abstract: Os artistas visuais Mitch Iburg e Nina Salsotto Cassina construíram seu corpo de trabalho a partir de uma relação de profunda intimidade com os materiais do meio físico: utilizam argilas selvagens e outros materiais encontrados para a produção de peças de cerâmica que contam um pouco da história geológica do planeta Terra. A partir da análise de suas obras, proponho um diálogo com o pensamento do antropólogo britânico Tim Ingold, em especial o que diz respeito a sua concepção de material, e do filósofo da arte francês Georges Didi-Huberman, no que toca o conceito de “sobrevivência”. Se o material não tem propriedades imutáveis – mas processuais e relacionais – e, por isso, está dentro de um fluxo temporal – possuindo trajetórias de devir –, então o trabalho do artista é semelhante ao trabalho da natureza. Qualquer separação entre cultura e natureza deve, portanto, ser posta à prova. Olhar com atenção para os materiais – as coisas de que as coisas são feitas – se apresenta como uma estratégia de se enraizar no mundo, inaugurando novos modelos temporais na história da arte. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.16 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Mari Fraga Pages: 306 - 239 Abstract: Dividido em dois momentos da pesquisa artística teórico-prática, o artigo se inicia com breve genealogia do Antropoceno, mapeando autores que contribuíram com teorias similares ao longo da história, ideias pioneiras que desembocaram no pensamento sobre o agente humano como força de transformação geológica. Apresenta uma síntese do debate na esfera das ciências humanas, com destaque para as discussões em torno da palavra antropos e de figurações alternativas propostas por vários críticos. Na segunda parte, o texto toma a liberdade de dar um salto na direção de uma escrita poética, que caminha entre o relato pessoal e a ficção, a partir do processo de criação da obra Un-Earthwork. Revisitando paisagens e contextos socioambientais de uma viagem de campo a Santana do Cariri, a narrativa encarna a pesquisa teórico-prática a partir da experiência situada, que levantou reflexões e referências, entre elas obras de artistas como Ana Mendieta, Nancy Holt, Celeida Tostes e Robert Smithson. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.17 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Tiago de Menezes Malagodi Pages: 330 - 341 Abstract: O artigo narra o confronto do pesquisador com a mina de ferro do Cauê (Itabira, MG) no seu atual estado de exploração. Atravessado por sua pesquisa, o autor mistura referências do campo da poesia, das artes visuais, física e economia com sua experiência empírica ao tentar esboçar uma compreensão da paisagem dilacerada pela ação mineradora. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.18 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Daniela Tavares Paoliello Pages: 342 - 364 Abstract: Neste artigo é desenvolvida uma reflexão em torno das relações entre as forças que conduzem os movimentos da natureza segundo o oráculo chinês I Ching, a formação geológica das ilhas, e o processo de criação da série fotográfica Que horas são no paraíso', realizada na ilha jamaicana entre 2017 e 2019. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.19 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Anna de Moraes Silva Pages: 365 - 378 Abstract: Neste artigo apresento o vídeo Linha de corte, com foco na sequência de imagens que compõem sua narrativa, tecendo relações teóricas acerca dos temas que o circundam: linha e imagem. Para tanto, articulo reflexões que foram se desdobrando ao longo dos anos e possibilitaram ampliar o repertório para o estudo teórico do vídeo, tais como o conceito de acontecimento de Deleuze, estudos de imagem de Emanuele Coccia e Georges Didi-Huberman, a condição de linha orgânica de Lygia Clark, e considerações acerca de linha e imagem de Edith Derdyk, Peter Pál Pelbart e Geórgia Kyriakakis. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.20 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:André Leite Coelho Pages: 379 - 406 Abstract: O objetivo deste ensaio consiste em traçar analogias entre o desenvolvimento dos aparatos dedicados à visualização do ato fotográfico e a cultura visual segundo o conceito foucaultiano de dispositivo. A partir de uma análise da história da fotografia, compreendendo o período entre a década de 1950 e a atualidade, o estudo investiga a transição da lógica da representação para o modo da simulação descrita pelo sociólogo Jean Baudrillard. Demonstra-se o modo como o dispositivo reifica ideologias, discursos e concepções quanto ao conhecimento em instrumentos que produzem imagens e seus respectivos modos de ver. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.21 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Audrei Aparecida Franco de Carvalho Pages: 407 - 422 Abstract: Este artigo aborda os objetos poéticos como uma cartografia que mescla lugares e memórias – cartografia aqui entendida como camadas de acontecimentos capazes de sensibilizar o olhar. O objeto poético pode ser formado por material descartado, coisas de tamanho reduzido, coletadas e reunidas em uma caixa. O trabalho reflete sobre a prática realizada a partir de uma área industrial em Mogi das Cruzes, SP. E propõe ao leitor compreender a relação entre lugar, memória e objeto com base no conceito de rizoma, de Deleuze e Guattari, nos non-sites de Robert Smithson e nos estudos da antropóloga Anna Tsing sobre ruínas industriais e as negociações entre as multiespécies. A combinação de elementos miúdos produz uma cartografia proliferante de sentidos. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.22 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Bia Petrus Pages: 423 - 449 Abstract: O artigo propõe uma reflexão sobre intervenções realizadas no jardim da Faculdade de Belas Artes da cidade do Porto, a partir da articulação entre os conceitos de utopia e de distopia, entendendo o espaço das ações ora como um produto da realidade utópica, ora como espaço cheio de contradições que minam a vivência cotidiana daqueles que ali transitam. Ao observar os efeitos dessas intervenções, entendidas como microações estético-políticas, pergunta-se: como o artístico e seus processos afetam contextos reais, transformando objetividades e subjetividades, numa ordem sensível e interferindo nas relações entre sujeitos e entre sujeito e espaço social' Se as questões emergentes, que nos colocam diariamente diante dos problemas que enfrentamos como humanidade e parte do sistema vivo sobre a superfície da Terra, parecem não estar presentes em alguns lugares do nosso cotidiano, como podemos torná-las visíveis' PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.23 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Francini Barros Pontes Pages: 450 - 471 Abstract: A pesquisa propôs pensar a vida nua como argumento poético para a construção da cena performativa, com processos que utilizam devires animais, zoé, como estopim para a instauração de ações e estados corporais diferenciados de uma linguagem que excluiu, pela construção de uma vida social, cultural, bíos, nosso instinto de pertencimento à espécie humana. Na investigação, a partir de uma cartografia norteada pelo conceito derridiano da desconstrução, o argumento da vida nua se estendeu do literal ao metafórico para um diálogo com obras e conceitos abordando construções de subalternidades. PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.24 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)
Authors:Luiza Proença Pages: 473 - 480 Abstract: Há algumas décadas, artistas têm usado a cartografia para problematizar a maneira dominante pela qual nos relacionamos com espaço e tempo, resultante da imaginação estética moderna e colonial. Em grande parte, desconstroem e reelaboram mapas tradicionais (e também bandeiras e outros símbolos), evidenciando as representações visuais universais, abstratas e globalizantes que sustentam Estados-nação e sistemas socioeconômicos opressores. O foco de Fréderique Aït-Touati, Alexandra Arénes e Axelle Grégoire em Terra forma: a book of speculative maps [em tradução livre, Terra forma: um livro sobre mapas especulativos], no entanto, não está no comentário crítico sobre representações geopolíticas existentes e centralizado em relações de poder humanas, mas na invenção de instrumentos e métodos cartográficos alternativos que possam nos reorientar nos assombros da crise climática planetária. Enquanto exercício de visualização especulativa, seguindo expressão das autoras, Terra forma é um inédito e dedicado trabalho de contracartografia unindo arte, design, arquitetura, geociências e filosofia para esboçar uma série de novos mapas terrestres que, como consequência, implica uma nova política de espaço e tempo – afinal, “como você compreende ‘onde’ você está, irá definir que tipo de política você sustenta” 1 (p. 8). PubDate: 2023-09-03 DOI: 10.60001/ae.n45.25 Issue No:Vol. 29, No. 45 (2023)