Authors:Josane Moreira de Oliveira, Marcelo da Silva Souza, Silvana Silva de Farias Araujo Pages: 12 - 22 Abstract: Este artigo busca refletir sobre o processo de formação sócio-histórica do português brasileiro (PB), colocando como peça central a situação de contato linguístico por que passaram as línguas europeia, indígenas e africanas no decurso temporal de quatro séculos. A partir daí, são revisitados conceitos que dão conta de remontar o contexto histórico em cujo âmago os elementos do PB foram se desenvolvendo. Discutem-se, assim, conceitos emergentes como o processo de Transmissão Linguística Irregular (TLI), colocando-a como principal norteadora do estudo e enfatizando-se o seu lugar na constituição das variedades do PB e na desconstrução da ideia de que poderia ter surgido no Brasil uma língua crioula típica. Por fim, apresentamos o processo histórico da polarização sociolinguística do Português Brasileiro, situando-o em períodos diferentes. PubDate: 2018-03-07 DOI: 10.13102/cl.v19i4Especial.2856 Issue No:Vol. 19, No. 4Especial (2018)
Authors:Norma da Silva Lopes Pages: 23 - 39 Abstract: Este artigo trata do acervo de fala intitulado Programa de Estudos sobre o Português Popular de Salvador, o PEPP (LOPES; SOUZA; SOUZA, 2009), muito utilizado por pesquisadores baianos, para o estudo do português de Salvador. O referido acervo foi constituído de início para servir de corpus para três teses de doutorado, na época em realização na Universidade Federal da Bahia. O PEPP se guiou pelas orientações de entrevista sociolinguística (LABOV, 2008[1972]). Esse texto objetiva, primeiramente, (1) apresentar os fundamentos teóricos do acervo PEPP já constituído, o PEPP 1; (2) caracterizar o PEPP 1, seus objetivos e pesquisadores responsáveis; (3) expor dados sobre sua composição: número de faixas etárias, escolaridades e gêneros, metodologia das entrevistas, etc; (4) listar alguns estudos com base nos dados do PEPP e (5) discutir a importância e representativa do PEPP no contexto dos estudos sociolinguísticos na Bahia. No presente momento, o PEPP 2 está em fase de planejamento, duas décadas depois, buscando colocar à disposição um novo acervo que dê margem a estudos em duas sincronias em análises sociolinguísticas diversas. Além da caracterização do PEPP 1, este artigo pretende apresentar o que se planeja como PEPP 2 e como esse acervo deve se caracterizar. Dessa forma, este texto objetiva colocar a proposta do PEPP 2 em discussão/apreciação pela comunidade científica da área, para possibilitar sugestões para que o PEPP possa dar sua contribuição para os estudos atuais sobre o português brasileiro. PubDate: 2018-03-07 DOI: 10.13102/cl.v19i4Especial.2857 Issue No:Vol. 19, No. 4Especial (2018)
Authors:Jaqueline de Moraes Thurler Dália Pages: 40 - 63 Abstract: Este trabalho se dedicou a investigar, no âmbito da Sociolinguística, a variedade dialetal das comunidades rurais do 3º Distrito de Nova Friburgo, partindo da hipótese de que nela havia uma arquicomunidade de fala. Pretendeu-se identificar se a variedade falada pelas famílias agricultoras da região orientava-se para o prestígio ou para a manutenção da identidade, de acordo com os estudos de Labov (2008) e com os preceitos de comunidades de prática e de redes sociais. No que tange ao levantamento de dados, foram realizadas 39 entrevistas com moradores do território analisado. Nos aspectos fonéticos, perceberam-se, no interior friburguense, variações fonéticas identitárias como monotongação, metafonia, principalmente na elevação de vogais temáticas, despalatização e paragoge. Os traços característicos da fala local foram mais recorrentes gradualmente nos seguintes grupos: faixa etária 1, com baixa escolaridade; gênero masculino; estudantes do curso de agropecuária. PubDate: 2018-03-07 DOI: 10.13102/cl.v19i4Especial.2858 Issue No:Vol. 19, No. 4Especial (2018)
Authors:Gilvan da Costa Santana Pages: 64 - 78 Abstract: Lançamos mão, neste estudo, de conceitos relevantes enfatizados pela Sociolinguística, relacionando-os a músicas do cancioneiro nordestino brasileiro, objetivando a construção de conhecimentos que se contraponham a preconceitos de ordem social e linguística, por reconhecimento de legitimidade das variações diatópicas. Esta abordagem visa fomentar o respeito à identidade sociolinguística. Para tanto, interessou-nos, precipuamente, verificar e analisar a presença de variação fonético-fonológica e figuras de dicção ou metaplasmos em textos clássicos do cancioneiro nacional-regional, tais como: Asa Branca, Assum Preto e Sussuarana. Nessa perspectiva, compositores de origem nordestina como Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, Heckel Tavares, Luiz Peixoto, dentre tantos outros, legitimam a realidade diatópica e diastrática do Brasil por meio da canção popular, a despeito de todo e qualquer preconceito sociolinguístico ainda renitente. Salientamos, por fim, que, para consecução de tal intento, nossa pesquisa estabelece diálogo com as contribuições de Amadeu Amaral, Antenor Nascentes e, especificamente, Mário Marroquim. PubDate: 2018-03-07 DOI: 10.13102/cl.v19i4Especial.2859 Issue No:Vol. 19, No. 4Especial (2018)
Authors:Marcela Moura Torres Paim, Silvana Soares Costa Ribeiro Pages: 79 - 90 Abstract: Este trabalho apresenta resultados de investigação sobre a fraseologia referente ao campo lexical convívio e comportamento social com base nos dados do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (Projeto ALiB). Está vinculado ao Projeto VALEXTRA (Variação lexical: teorias, recursos e aplicações): do condicionamento lexical às constrições pragmáticas, convênio CAPES/COFECUB 838/15 celebrado entre a Universidade Federal da Bahia e a Universidade Paris 13 (Laboratoire Lexiques Dictionnaires Informatique). Busca-se, a partir do material coletado na pesquisa, apresentar um estudo sobre a presença de fraseologismos nas entrevistas dos informantes, oriundos das capitais brasileiras, estratificados por sexo – homem e mulher – faixa etária – de 18 a 30 anos e de 50 a 65 anos – e nível de escolaridade – fundamental e universitário. O termo fraseologismo está sendo aqui concebido como o fenômeno da linguagem que se exprime através de associações sintagmáticas recorrentes (MEJRI, 1997). Parte-se do princípio de que as unidades fraseológicas são combinações de unidades léxicas, relativamente estáveis, com certo grau de idiomaticidade, formadas por duas ou mais palavras, que constituem a competência discursiva dos falantes, em língua materna, segunda ou estrangeira, utilizadas convencionalmente em contextos precisos, com objetivos específicos, como, por exemplo, as respostas que se obtém para a questão referente à pessoa sovina “como se chama a pessoa que não gosta de gastar seu dinheiro e, às vezes, até passa dificuldades para não gastar'” – mão de vaca, mão-fechada, pão-duro e unha de fome. No que diz respeito aos fraseologismos analisados, podem-se fazer algumas considerações: as criações lexicais analisadas contemplam a polilexicalidade; as unidades fraseológicas refletem uma expressão cristalizada, cujo sentido geral não é literal. Demonstra-se também o uso das expressões fraseológicas no território brasileiro relacionado aos fatores sexo, faixa etária e nível de escolaridade. Assim, as designações enfocadas possibilitam a documentação da diversidade lexical do português falado no Brasil, seguindo os princípios da Geolinguística Pluridimensional Contemporânea em que o registro segue os parâmetros diatópicos, diageracionais, diassexuais e diastráticos. PubDate: 2018-03-07 DOI: 10.13102/cl.v19i4Especial.2860 Issue No:Vol. 19, No. 4Especial (2018)
Authors:Amanda dos Reis Silva Pages: 91 - 108 Abstract: Este trabalho se volta à ditongação diante de <S>, como em ‘pa(i)z’, ‘trê(i)s’ e ‘de(i)z’. Vincula-se ao Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Destacam-se, dentre as 22 cidades da rede de pontos da Bahia, as do Sudoeste do Estado – Carinhanha e Jequié – e do Centro-Sul (Caetité, Itapetinga e Vitória da Conquista). Com base no aporte variacionista, objetiva averiguar as informações pertinentes à distribuição diatópica da ditongação e às características sociais dos informantes. A observação dos dados das cinco localidades demonstrou que, quando consideradas no conjunto das 22 cidades, caracterizam-se como áreas em que o fenômeno é restringido, à exceção de Caetité, que demonstra um comportamento próximo à neutralidade. A análise quantitativa das variáveis sociais é inconclusiva, em face do pequeno número de informantes. Informações não quantificadas, porém, são relevantes. Salienta-se que parte dos indivíduos migrou, residiu ou esteve em contato com cidades de Estados vizinhos, como Minas Gerais e São Paulo, representativas de outras áreas dialetais. A melhor compreensão desses e outros aspectos permitirão que se obtenha um retrato pormenorizado do fenômeno. PubDate: 2018-03-07 DOI: 10.13102/cl.v19i4Especial.2861 Issue No:Vol. 19, No. 4Especial (2018)
Authors:Cristiane Conceição de Santana Ribeiro, Thaís Regina de Andrade Corrêa Pages: 109 - 123 Abstract: O estudo das atitudes linguísticas mostra múltiplos aspectos linguísticos inerentes a uma comunidade. A percepção de um fenômeno linguístico depende do julgamento do ouvinte, que correlaciona fatores sociais a traços sociolinguísticos. A avaliação social das variáveis costuma ser inferida por meio de padrões de uso sendo ela um fator decisivo na constituição da identidade linguística dos falantes (FREITAG, 2016). Este foi um estudo piloto desenvolvido com o objetivo de analisar as percepções e atitudes linguísticas de informantes do interior e da capital de Sergipe diante da palatalização regressiva e progressiva. Adotamos uma abordagem indireta utilizando a técnica de matched guise (LAMBERT et. al. 1966). Foram criados 48 estímulos com contextos de palatalização regressiva, progressiva e frases distratoras. Realizamos uma testagem inicial de naturalizada a um contexto de fala e criamos os estímulos pareados utilizando 12 estímulos oito deles com as variáveis sob análise e quatro distratores. O instrumento segue o modelo proposto por Oushiro (2015) e participaram 58 juízes do estado de Sergipe, residentes no interior e capital. Os resultados deste teste apontaram para uma diferença na percepção dos informantes do interior em relação aos da capital diante da palatalização de /t,d/, tanto antecedida quanto posposta ao /i/. Esse resultado pode estar atrelado à questão do estigma e do prestígio social que cada uma dessas variantes apresenta na comunidade em questão. PubDate: 2018-03-07 DOI: 10.13102/cl.v19i4Especial.2862 Issue No:Vol. 19, No. 4Especial (2018)
Authors:Juliana da Silva, Renata Lívia de Araújo Santos Pages: 124 - 139 Abstract: O presente artigo tem o propósito de analisar a influência da variável extralinguística escolaridade no processo de variação de concordância verbal na língua usada no sertão pernambucano. Nossa fundamentação teórica- metodológica segue os pressupostos da Sociolinguística Variacionista de Labov (2008[1972]). Os estudos variacionistas sobre a concordância verbal no português brasileiro apontam que esse fenômeno é altamente variável, e condicionado pela influência de fatores linguísticos e sociais. Neste trabalho, estamos considerando os seguintes níveis de escolaridade: o ensino fundamental, o ensino médio e o ensino superior, para que possamos verificar quais destes níveis de escolarização propiciam um favorecimento na marcação da regra de concordância verbal. Os resultados alcançados apontam um favorecimento na marcação de CV no falar serra-talhadense, sendo que a variável social escolaridade foi apontada como a segunda variável mais significativa para o nosso estudo. PubDate: 2018-03-07 DOI: 10.13102/cl.v19i4Especial.2863 Issue No:Vol. 19, No. 4Especial (2018)
Authors:Rebeca Rodrigues de Santana Pages: 140 - 153 Abstract: Os marcadores discursivos são itens que exercem um importante papel comunicativo, articulando simultaneamente valores distintos: de caráter textual, ao estabelecer ligações coesivas entre partes do texto e de caráter interpessoal, ao manter a interação entre os interlocutores e auxiliar no planejamento da fala (MARCUSCHI, 1989). O presente trabalho tem como objetivo geral descrever as funções dos marcadores discursivos olhe, olha, veja e repare em um corpus sergipano, e como objetivos específicos: identificar todas as ocorrências dos referidos marcadores na amostra Redes Sociais de Informantes Universitários de Itabaiana/SE (ARAÚJO; SANTOS; FREITAG, 2014); analisar tais ocorrências quanto às funções desempenhadas, e contribuir com a descrição e sistematização de tal categoria. Para tanto, selecionou-se 24 interações conduzidas da amostra Redes Sociais de Informantes Universitários de Itabaiana/SE (ARAÚJO; SANTOS; FREITAG, 2014), pertencente ao Banco de Dados Falares Sergipanos (FREITAG, 2013, 2017). Selecionadas as interações, realizou-se a extração de todas as ocorrências dos marcadores propostos para análise. Em seguida, tais ocorrências foram analisadas quanto ao seu valor funcional nos contextos empregados, sendo as ocorrências de olhe e olha também ouvidas para constatar usos vocalizados (ói e óia). Por fim, os dados obtidos foram submetidos à análise estatística descritiva. Os resultados alcançados nesse estudo podem contribuir com os trabalhos descritivos de marcadores discursivos, mais especificamente de chamada de atenção do ouvinte, e também com estudos acerca da fala sergipana, uma vez que o corpus utilizado é uma amostra de fala de uma comunidade universitária do estado de Sergipe. PubDate: 2018-03-07 DOI: 10.13102/cl.v19i4Especial.2864 Issue No:Vol. 19, No. 4Especial (2018)
Authors:Leandro Silveira de Araujo Pages: 154 - 179 Abstract: Este trabalho analisa a expressão do passado absoluto (PA – El Ministerio de Seguridad difundió ayer la identidad de las víctimas) em Buenos Aires e San Miguel de Tucumán. O interesse decorre da variação observada entre as formas do perfecto compuesto (PC – han tirado) e simple (PS – difundió) na expressão desse sentido e das descrições ainda limitadas, que proporcionam um conhecimento incipiente sobre o uso do PC e do PS expressando PA nas duas regiões argentinas. Em complemento, o estudo diacrônico dessas formas indica a existência de um processo de mudança que opera sobre o PC – originalmente marcada por valores aspectuais –, transformando-a em uma construção temporal que expressa valor de anterioridade à fala, isto é, antepresente e, mais adiante, passado absoluto. A fim de proceder ao estudo desse comportamento do pretérito perfecto, valemo-nos do referencial teórico-metodológico da Sociolinguística Variacionista, isso para identificar o encaixamento dessa variação nas variedades e avaliar se os estados descritos correspondem a diferentes estágios de evolução. A análise de dados pautou-se em um corpus constituído por enunciados de entrevistas radiofônicas, pois esse gênero propicia um contexto para a recorrência do PA e resgata uma fala mais espontânea. Finalmente, procedemos a análise multivariada que indicou estatisticamente fatores que ajudam a explicar o encaixamento dessa variação nas duas variedades diatópicas. Os resultados apontam um uso mais recorrente da forma composta em San Miguel de Tucumán. Em especial, essa variedade aponta um percentual maior no uso do PC no PA. Em Buenos Aires, por sua vez, observa-se um uso quase categórico do PS no PA. PubDate: 2018-03-07 DOI: 10.13102/cl.v19i4Especial.2865 Issue No:Vol. 19, No. 4Especial (2018)
Authors:Bruno Felipe Marques Pinheiro, Lucas Santos Silva, Paloma Batista Cardoso Pages: 180 - 195 Abstract: Todo processo de variação linguística sofre influência de fatores linguísticos e extralinguísticos. Além das atitudes e julgamentos sociais, atuam as crenças linguísticas. Controlando as variantes africadas /tʃ/ e /dʒ/ das oclusivas dentais /t/ e /d/ antecedidas pela vogal anterior alta [i], bem como a variação no uso de nós e a gente na função de sujeito da primeira pessoa do plural, este trabalho analisa as crenças que os estudantes da educação básica quanto a esses fenômenos. À luz da Sociolinguística Variacionista, na perspectiva da percepção e dos estudos sobre crenças linguísticas, constituímos um corpus com 18 entrevistas sociolinguísticas em duas escolas da rede pública de Aracaju/SE. Os resultados sugerem uma correlação entre uso, crença e julgamento das variáveis em questão, bem como a saliência na estrutura linguística e a consciência. PubDate: 2018-03-07 DOI: 10.13102/cl.v19i4Especial.2866 Issue No:Vol. 19, No. 4Especial (2018)
Authors:Alessandra Pereira Gomes Machado Pages: 196 - 218 Abstract: Estabelecendo um contraponto à análise da precisão na decodificação da palavra escrita na avaliação da fluência em leitura oral baseada no certo e errado (RASINSKI, 2004), este estudo funda-se na Sociolinguística Educacional (BORTONI-RICARDO, 2004) que propõe o tratamento do “erro” considerando as variantes e estilos da língua a partir de três contínuos: urbanização, oralidade-letramento e monitoração estilística. Esses contínuos compreendem a heterogeneidade da língua e a avaliação social desta, possibilitando identificar traços descontínuos, fenômenos que recebem maior estigma social, e traços graduais, presentes na oralidade de quase todos os brasileiros. Este estudo objetiva analisar os fenômenos variáveis transpostos para a leitura em voz alta de estudantes do 6º ano do ensino fundamental de duas escolas públicas de Sergipe e verificar qual a rota de leitura esses estudantes estão acessando que podem nos dar pistas da proficiência em leitura. A sessão de gravação foi realizada, no ano letivo de 2016, com 74 estudantes, com idade entre 10 e 14 anos. A análise foi realizada em 1 minuto da leitura em voz alta de 2 textos adequados ao currículo do leitor (DENO, 2003), totalizando um corpus de 148 minutos de áudio. Os resultados mostram que foi possível verificar os fenômenos variáveis na leitura em voz alta e que eles podem nos dar pistas das rotas de leitura, possibilitando identificar os possíveis leitores proficientes e não taxar como “erro” o apagamento de R na desinência verbal de infinitivo ou de S no núcleo de SN na posição mais à direita ou ainda na monotongação de /ow/ numa avaliação de leitura. PubDate: 2018-03-07 DOI: 10.13102/cl.v19i4Especial.2867 Issue No:Vol. 19, No. 4Especial (2018)