Publisher: Universidade Federal do Amapá
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- Editorial - v.7, n.3 (2017)
Authors: Marcos Paulo Torres Pereira
Pages: 01 - 08
PubDate: 2018-05-22
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- A PLATEIA SOBRE O PALCO: A METATEATRALIDADE DO INÍCIO DA IDADE
MODERNA NA INGLATERRA
Authors: Renato Gonçalves Lopes
Pages: 09 - 33
Abstract: O presente artigo propõe o estudo da dramaturgia inglesa do início da idade moderna sob a perspectiva do “mundo como um palco”, entendido como protótipo do metateatro, com enfoque crítico na definição de Lionel Abel e no estudo de objetivos teleológicos de Anne Righter, Shakespeare and the Idea of the Play. Tratada como um princípio essencial do teatro do período, a recorrente metateatralidade é apontada em diferentes recursos (a “peça dentro da peça”, a descrição da existência em termos cênicos) de diversas funções dramáticas (uma ruptura no ficcional, revelações importantes do enredo, reflexão sobre o espelhamento do palco), com o que instiga a análise e possibilita a identificação de elementos que demonstrem as qualidades dramatúrgicas, potencialidades cênicas e o contexto de produção de peças. The Spanish Tragedy, de Thomas Kyd, é vista como primordial no fundamento metateatral da dramaturgia em questão e é a principal referência a partir da qual se olha para usos e desdobramentos do metateatro na contemporaneidade de Shakespeare.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p09-33
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- ANÁLISE DE DON QUIJOTE, UMA ADAPTAÇÃO TEATRAL DE DON
QUIJOTE DE LA MANCHA
Authors: Rubenita Alves Moreira dos Santos
Pages: 35 - 59
Abstract: Este artigo analisa a adaptação teatral intitulada Don Quijote, baseada em uma obra clássica da literatura espanhola, El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha – Partes I (1605) e II (1615), de Miguel de Cervantes. Como uma adaptação envolve dois sistemas semióticos — o literário e o teatral — e visando à comprovação de que adaptação teatral e tradução intersemiótica se equivalem, faz-se necessário apresentar alguns estudos relacionados a: a) adaptação e b) tradução intersemiótica dos textos dramáticos. Dentre os autores que veem a adaptação numa perspectiva interartística, serão evidenciados os estudos de Silva e Gomes M. (2009), Dias (2007) e Diniz (2005). Alguns autores buscam fazer uma comparação entre adaptação e tradução, entre o trabalho desenvolvido pelos adaptadores e o trabalho desenvolvido pelos tradutores. Neste sentido, alguns veem a adaptação como tradução; outros, não. Assim, serão apresentadas essas duas vertentes, através de estudos de autores como Amorim (2003) e Torres (2003), entre outros. Observando-se uma interface entre os autores que se dedicam às traduções intersemiótica e literária e os que estudam a semiologia no texto teatral, serão comentadas as contribuições de Peirce (1974, apud Plaza, 2001), Plaza (2001), Jakobson (1973), Bassnett (2003), Ubersfeld (1978, apud Bassnett, 2003),Tordera Sáez (1999), Fernández (1981), Giulli Pugliatti (1976, apud Fernández, 1981), O. Zich (apud Fernández, 1981) e Kowzan (1977). No tópico “Tradução intersemiótica / adaptação teatral Don Quijote” serão discutidos os procedimentos da adaptação, relacionando-os aos assuntos desenvolvidos pelos teóricos estudados em tópicos anteriores. Palavras-chave: Don Quijote. Adaptação. Tradução intersemiótica.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p35-59
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- DESIDERIUM – POR UMA DRAMATURGIA TRANS
Authors: Jerônimo Vieira de Lima Silva
Pages: 61 - 84
Abstract: Este artigo tem como objetivo refletir sobre os aspectos de teatralidade (PARDO, 2011) e performatividade (BUTLER, 2015) presentes no fenômeno transexual (BENTO, 2008) a partir do texto teatral Desiderium (SILVA, 2017) no qual acompanhamos a trajetória de uma personagem em seu devir (DELEUZE & GUATARRI, 1966). Procuramos estabelecer possíveis diálogos entre as questões de gênero e identidade e os processos criativos do ator e da cena contemporânea. Percebemos, no entanto que a performatividade existente no devir-trans estabelece estreita relação com o fenômeno de metamorfose presente no ator em seu devir-personae-dramatis, bem como com a presença dos aspectos híbridos da cena contemporânea. Algumas leituras dramatizadas de Desiderium foram realizadas, a partir das quais podemos perceber que o teatro se constitui em importante instrumento de reflexão sobre as questões de gênero e identidade, assim como compreender as transformações e novas compreensões sobre a linguagem teatral. A investigação apontou que as artes performativas e contemporâneas podem ser importantes instrumentos de abordagem de temas como o da transexualidade e um contributo fundamental para a construção de uma sociedade mais inclusiva e diversa.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p61-84
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- O HERÓI CÔMICO: TRIGEU E O ESCARAVELHO NA PAZ DE
ARISTÓFANES
Authors: Ana Maria César Pompeu, Bárbara Araújo dos Santos, Manuela Maria Campos Sales
Pages: 85 - 100
Abstract: RESUMO: Ao examinar o tipo de heroísmo dos protagonistas da comédia de Aristófanes, Whitman (1964), enumera o que considera essencial. O primeiro ponto é que eles são bem-sucedidos em seus grandes planos, e tal sucesso é considerado algo bom, mas de que sentido e para quem, exceto para o próprio herói, é o que não está tão evidente. Tais triunfos são conseguidos através dos absurdos próprios do gênero cômico. A comédia de Aristófanes está representada na figura híbrida de Trigeu e o Escaravelho, na peça A Paz, e o herói cômico é esse ser grotesco, misto de homem e fera que se torna divino por sua luta pela cidade justa.PALAVRAS-CHAVE: Herói cômico, Aristófanes, Paz, Grotesco.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p85-100
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- O MODO DRAMÁTICO DE ROMAGEM DE AGRAVADOS
Authors: Roberto Pontes
Pages: 101 - 124
Abstract: Romagem de Agravados é considerado um auto-chave da dramaturgia de Gil Vicente. Na Romagem aproveita a estrutura de um rito de procissão religiosa cuja ação se desenvolve aos pares de personagens. Através do ridendo castigat mores e sob a fina ironia do fundador do teatro português, condutas humanas maléficas são apontadas, a título de exemplo, em diferentes estamentos sociais marcadamente profissionais. O roteiro da ação é simples, mas reiterado, e aos poucos a cena se preenche como os diversos pares de agravados, tudo culminando numa louvação, ou “lai mecenático” ao nascimento de um Príncipe Infante do Reino português. A estrutura desse auto vicentino é a que se pretende analisar no presente artigo.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p101-124
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- O TEATRO QUINHENTISTA DE ANCHIETA E OS RESÍDUOS DO DIABO MEDIEVAL EM
TRÊS AUTOS ESCOLHIDOS: AUTO DA PREGAÇÃO UNIVERSAL, NA ALDEIA DE
GUARAPARIM E NA VILA DE VITÓRIA OU AUTO DE SÃO MAURICIO
Authors: Francisco Wellington Rodrigues Lima
Pages: 125 - 157
Abstract: As primeiras manifestações cênicas no Brasil são obras dos jesuítas Manuel da Nóbrega, João Azpilcueta Navarro, os quais utilizaram o teatro como instrumento de educação moral e artística. Mas, segundo José Carlos de Macedo Soares, os colonizadores portugueses trouxeram da metrópole o hábito das representações laicas, mas sem ajustá-las totalmente aos preceitos literários. Eles “amavam as representações desde as mais simples como o apropósito, até as comédias de costumes, passando pelos milagres ou mistérios e pelos autos”, inclusive, aqueles criados por Gil Vicente em Portugal, na época do descobrimento do Brasil (SOARES, 1954, p. 6). Entretanto, coube ao Padre José de Anchieta criar as primeiras manifestações da arte cênica religiosa em nosso país, mesclando em seu contexto, elementos oriundos do velho mundo e da Igreja Católica com os elementos de uma cultura cá existente, a dos indígenas. Sendo assim, o objetivo do nosso artigo é dissertar sobre os resíduos do Diabo Medieval no teatro elaborado pelo Padre José de Anchieta, em três autos escolhidos – Auto da Pregação Universal, Na Aldeia de Guaraparim e Na Vila de Vitória ou Auto de São Maurício. Como resultado, defenderemos a hipótese de que a representação do Diabo no teatro medieval está residualmente presente no teatro brasileiro quinhentista do Padre José de Anchieta, bem como as questões relativas à mentalidade, o imaginário cristão medieval, o teatro, a representatividade e os resíduos literários de uma época para outra.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p125-157
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- O TEXTO (EN)CENA: LITERATURA E METATEATRALIDADE NO GIZ-EN-SCÈNE
Authors: Marco Aurélio Rodrigues
Pages: 159 - 174
Abstract: O presente artigo propõe-se a discutir a prática metateatral do Grupo de Leituras Dramatizadas Giz-en-Scène. Formado por alunos e professores da Faculdade de Ciências e Letras, campus da UNESP de Araraquara, a trupe há mais de trinta anos realiza encenações dos textos clássicos com a manutenção do texto em cena. Com um caráter didático, visto que o propósito das montagens é levar ao universo acadêmico o teatro antigo, o grupo, para além de uma discussão sobre as dimensões da apreciação do espectador e interesse desperto pelas apresentações, proporciona um diálogo metateatral, pois ao manter a Literatura em cena, o texto passa a ser parte integrante do processo mimético realizado no espetáculo e, assim sendo, é encenado. A partir da análise da última montagem realizada em Araraquara, com os epigramas de Marcial (séc. I d.C), cuja obra não é dramática, pretende-se demonstrar como a presença do texto em cena reafirma o caráter questionador do teatro e propõe uma reflexão sobre a encenação, o papel do espectador enquanto leitor e, acima de tudo, a performatividade do poeta epigramático.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p159-174
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- SHAKESPEARE NA IRLANDA: METATEATRALIDADE EM MUTABILITIE
Authors: Mariese Ribas Stankiewicz
Pages: 175 - 190
Abstract: Em Mutabilitie (1997), observa-se que Frank McGuinness interessou-se por reflexões filosóficas e ideológicas, ao considerar o valor dos registros históricos, biográficos e literários para que enfim pudesse se apropriar das informações contidas neles, criando uma história contada sob a perspectiva irlandesa. Sob a luz do conceito de metateatro de Lionel Abel e procurando verificar o processo metateatral desenvolvido por McGuinness em Mutabilitie, este artigo considera que a inserção do metateatro trabalhado por William (Shakespeare), personagem da peça, explora algumas características culturais irlandesas mais básicas, tais como a mágica e o misticismo, através da música e do próprio teatro, acentuando o processo de autorreflexão do teatro irlandês.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p175-190
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- TEXTO E CENA, CENA É TEXTO: APONTAMENTOS SOBRE A PRODUÇÃO DO ENUNCIADO
CÊNICO NO TEATRO CONTEMPORÂNEO
Authors: Paulo Ricardo Maffei de Araujo
Pages: 191 - 208
Abstract: Este artigo pretende lançar apontamentos e olhares não totalizadores sobre a relação entre texto e cena no teatro contemporâneo. Ao considerar as rupturas sofridas no inicio do século XX nos modos de feitura da arte teatral, bem como o surgimento do conceito de encenação para o teatro, parece consistente considerar que tais rupturas causaram grandes mudanças nas formas de compreender a noção de dramaturgia, uma vez que está noção se tornou plural, ou seja, se até outrora esta noção era designada ao texto teatral, hoje ela é pensada em outras possibilidades de escrita – dramaturgia do corpo, da cena, da luz e etc. Nesse sentido a busca deste artigo está relacionada a compreender as relações/tensões entre texto e cena, e em como pensar uma escrita que transborde – ainda que por ventura possa estar relacionada – a escrita textual, propondo assim a ideia de uma produção de enunciado cênico no teatro contemporâneo.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p191-208
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- VALSA N° 6 (1951): A FACE MONSTRUOSA DA MORTE NO MONÓLOGO
RODRIGUIANO
Authors: Dênis Moura de Quadros
Pages: 209 - 223
Abstract: Partindo da face monstruosa da morte, representada miticamente pela máscara de Gorgó (Vernant, 1998; 2001), pretendemos articular os conceitos de “teatro da morte” de Kantor (1998), “teatro da crueldade” de Artaud (2006) e a tese acerca de metateatralidade de Abel (1968) para compreendermos como o teatro, obra de arte social, permite-nos experimentar a morte. Para tanto, Valsa n°6 (1951), único monólogo de Nelson Rodrigues, abre a possibilidade de vermos essa monstruosa face, construída pelo evocamento do nome, Derrida (1995a), de Sônia que através da metateatralidade constitui o desagradável rodriguiano. Ainda, a peça traz marcas evidentes de autotextualidade, principalmente com Vestido de noiva (1943) e intertextualidade com o monólogo de Pedro Bloch, As mãos de Eurídice (1950) que faz referência ao mito de Orfeu e Eurídice na visão órfica (Brandão, 1987). A monstruosidade, segundo Jeha (2007), é uma das metáforas do mal e como maldita, a morte é negada, segundo Becker (1973), e temida. Desse medo da morte e do morrer baseia-se nossa existência e é diante dela, da morte, que segundo Heidegger (2005), atingimos nossa plenitude, logo essas duas forças: negar e aceitar, assemelham-se ao antagônico dionisíaco e apolíneo, segundo Nietzsche (2013), que convivem nesse espaço de tensão que é o teatro. Adotando o conceito de espaço de tensão de Féral (2015) em que o teatro ocidental tem uma forte ligação com a morte, no sentido do vazio primeiro, elencamos Sônia, essa estrangeira de si mesma (Kristeva, 1994) para experimentarmos a face monstruosa e desagradável da morte.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p209-223
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- “WE’LL PLAY GOD TONIGHT”: A POTÊNCIA REDENTORA
NO/DO TEATRO DE T. WILLIAMS
Authors: Esther Marinho Santana
Pages: 225 - 246
Abstract: Em Suddenly Last Summer (1958), Sebastian Venable compreende o divino como uma força brutal, que incorpora e celebra em sua violenta morte. Em The Night of the Iguana (1961), Deus aparece novamente atrelado à crueldade, terminando, porém, anulado por T. Lawrence Shannon. Estabelece-se, em ambos os títulos, a sugestão de uma imagem divina impiedosa, que, se aceita e contemplada em isolamento, culminará em atrocidades. No entanto, se ressignificada e partilhada, transforma-se em potência humana, solidária e salvífica. A redefinição do divino ocorre, pois, por meio da linguagem verbal e da cena teatral, ou seja, tais peças de Tennessee Williams expõem e oferecem uma redenção possível apenas pela criação literária, na experiência coletiva do teatro.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p225-246
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- “AS BAHIAS E A COZINHA MINEIRA”: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NO MEIO
ARTÍSTICO MUSICAL
Authors: Bianca Rosina Mattia, Paulo Henrique Pergher
Pages: 247 - 261
Abstract: Stuart Hall (2011) escreve A identidade cultural na pós-modernidade partindo da afirmação de que as identidades modernas estão “descentradas”. Isso porque, nos tempos da modernidade tardia o que se percebe, segundo Hall, é a fragmentariedade do indivíduo moderno, não mais visto como um sujeito unificado e que, em razão disso, não encontra mais uma referência identitária estável na qual possa se encaixar. Nesse sentido, o presente artigo discute, à luz das teorias de gênero e das contribuições de Stuart Hall (2011) acerca da questão da identidade, o projeto musical do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira, formado por duas mulheres transexuais, Assucena Assucena e Raquel Virgínia, e por um homem cisgênero, Rafael Acerbi. O objetivo é destacar como a construção da identidade pode se dar também no meio artístico musical. Para tanto, será, ainda, analisada uma das canções do álbum Mulher, intitulada Uma canção pra você (Jaqueta Amarela), destacando-se as relações entre esta composição e as teorias em foco.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p247-261
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- A RAZÃO MACUNAÍMICA: UM BRASIL ENTRE BRASIS
Authors: Camila Teixeira Lima, Hyury Pinheiro, Maria Caroline Marmerolli Tresoldi, Mariana Toledo Borges
Pages: 263 - 282
Abstract: Na tentativa de não contaminar nosso olhar com uma fortuna crítica expressiva de Macunaíma (1928), buscamos, nessas linhas que seguem, realizar uma leitura interna da obra, na qual os diálogos com outras ideias surgiram subordinados a tal leitura e a partir dos arquivos individuais e anteriores – para usarmos um termo de Wright Mills do ensaio “Do artesanato intelectual” (1959) – de cada autora/o deste trabalho. Nesta tarefa, percebemos a rapsódia como um mito original nacional que explora o conflito e a hibridização dos polos antitéticos da questão da integração nacional, em diálogo com um tipo de visão dicotômica do pensamento brasileiro. Nas aventuras do “herói de nossa gente”, o mosaico cultural no qual convivem o antigo e o moderno, o indígena da floresta e o homem de negócios, o mito e a razão, as figuras folclóricas e a indústria, “o brasileiro falado e o português escrito”, nos é apresentado por uma dualidade (e nos encontros) entre o mato-virgem, lugar incaracterístico, universo mítico, desgeografizado, não letrado, cujo tempo e espaço não obedecem a um padrão racional e secularizado, e a cidade de São Paulo, corpórea, lugar das máquinas, das Letras e da civilização. Sugerimos que as tensões, os impasses e as ambivalências que constituem essa dualidade formalizam esteticamente uma “razão macunaímica”, apresentando ao leitor um Brasil que vive entre Brasis, sem sínteses resolutivas e em embates não necessariamente felizes e tranquilos, mas, por vezes, violentos e devastadores.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p263-282
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- A SIMBÓLICA DO MAL NO SALMO 91
Authors: Boaz Andrade Barros, Marcos Paulo Torres Pereira
Pages: 283 - 317
Abstract: Propomos analisar o conceito de mal abordado pelo filósofo Paul Ricoeur em A Simbólica do Mal, tomando como corpus de pesquisa o Salmo 91. Em primeiro momento, evidenciaremos a natureza e historicidade de todo o Saltério registrado na literatura hebraica do Antigo Testamento bíblico. Em seguida, analisaremos a simbologia do mal enquanto mancha, pecado e culpabilidade na perspectiva sustentada pelo filósofo, a partir dos princípios hermenêuticos e fenomenológicos por ele defendidos. Por fim, consideraremos as expressões simbólicas do mal encontradas no Salmo 91, buscando promover uma reflexão a respeito da existência do mal e de como combatê-lo; para isso, utilizaremos o método crítico-hermenêutico, com a finalidade de explicar a linguagem simbólica do corpus
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p283-317
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- AGUÇAMENTO E INTENSIFICAÇÃO DA COMUNICAÇÃO EM DIE
WAND DE MARLEN HAUSHOFER
Authors: Dionei Mathias
Pages: 319 - 339
Abstract: RESUMO: O romance Die Wand (A parede), escrito pela autora austríaca Marlen Haushofer, foi publicado em 1963, representando uma das mais importantes obras literárias da segunda metade do segundo XX, na literatura de expressão alemã. Este artigo pretende analisar esse texto, com vistas ao papel da comunicação em seu universo diegético. Após uma introdução e a definição teórica de alguns termos, o artigo passa a explorar a questão da comunicação em três contextos: (1) o aguçamento do diálogo espaço-temporal, (2) a percepção corporal e a reorganização da memória, por fim, (3) a sintonização entre animais e humanos. A discussão neste artigo termina com uma tentativa de compreender o simbolismo da parede invisível que isola a protagonista, argumentando que esta representa a comunicação.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p319-339
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- “DUREZA: A ÚNICA MÁSCARA POSSÍVEL” – UM ESTUDO DE VIDAS SECAS, DE
GRACILIANO RAMOS
Authors: Nathan Bastos de Souza
Pages: 341 - 361
Abstract: Neste trabalho, discutiremos especialmente a obra Vidas secas de Graciliano Ramos, à luz de uma abordagem teórica advinda da crítica literária (A. Candido, A. Rama), da análise de discurso social (M. Angenot) e da filosofia (M. Foucault) com o objetivo de analisar a hipótese de Alfredo Bosi de que a “dureza é a única máscara” possível no romance de Ramos. Com vistas a essa perspectiva, o artigo apresenta três seções: na primeira delas revisamos a literatura crítica a respeito do romance e do autor nordestino; na segunda seção apresentamos a teorização as relações de poder e sobre o jogo entre dissidência e hegemonia no discurso; na terceira seção uma leitura do romance, em que fazemos incidir as categorias teóricas levantadas. Ao final, concluímos que a hipótese de Bosi pode ser tratada como tese, já que a resistência das personagens do romance (em forma de ausência de linguagem e de embrutecimento) se transforma em dureza, por isso a única máscara possível para lutar contra a seca e os homens. Palavras chaves: Graciliano Ramos; Estudos literários; Estudos do Discurso.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p341-361
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- LA PORNOGRAPHIE SELON HILDA HILST
Authors: Leonardo Alexander do Carmo Silva
Pages: 363 - 384
Abstract: Contos d’Escárnio. Textos Grotescos est le deuxième volume de la trilogie obscène, une série de livres pornographiques publiés par Hilda Hilst entre les années 1990 et 1992. Le projet obscène de l’écrivaine fut un geste de protestation contre le manque de visibilité dont souffrait son œuvre. Bien que consacrée par la critique, l’écrivaine avait un nombre très restreint de lecteurs et elle a connu des difficultés à faire publier ses livres. La pornographie devient dans son œuvre une métaphore de la situation de l’écrivain contemporain qui doit se « prostituer » à cause des lois du marché pour vivre de son écriture. Dans cet article, on étudiera comment Hilda Hilst s’approprie les principaux codes et clichés de la pornographie et les transforme, créant une «pornographie déformée ».
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p363-384
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- O CONCEITO DE EXPERIÊNCIA, DE WALTER BENJAMIN, ANÁLOGO ÀS NARRATIVAS
HERÓICAS CLÁSSICAS
Authors: Guilherme Augusto Louzada Ferreira de Morais
Pages: 385 - 402
Abstract: Neste artigo, pretendemos demonstrar como o teórico, crítico e filósofo Walter Benjamin fundamenta o conceito de experiência tradicional que, nos textos Experiência e pobreza (1933) e O contador de histórias (1936), nos é apresentado pelo autor de forma não sistemática. Desse modo, nosso objetivo é organizar e analisar o conceito de Benjamin assentado nos textos supracitados a fim de evidenciar que as narrativas mitológicas de cunho heroico da Antiguidade Clássica são casos desse tipo experiência, justamente porque os gregos utilizavam-se dessas histórias para transmitir uma sabedoria transgeracional, ou seja, essas histórias serviam aos gregos como educação de geração em geração.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p385-402
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- OS FLAGRANTES LÍRICOS NA ÉPICA CAMONIANA
Authors: Leonildo Cerqueira, Elizabeth Dias Martins
Pages: 403 - 424
Abstract: É comum dividirmos os textos literários de acordo com os gêneros lírico, épico e dramático. Entretanto, de acordo com Emil Staiger (1977), essa divisão não pode ser considerada de modo estanque. Para ele, todos os textos possuem traços de cada um desses gêneros, então, resta-nos classificá-los conforme a predominância do gênero em cada caso particular. Partindo, portanto, disso, investigaremos no poema camoniano Os Lusíadas — predominantemente épico —, os traços de escrita lírica. Para tanto, lançaremos mão dos principais episódios da epopeia, a saber, “Inês de Castro”, “Gigante Adamastor”, “Ilha dos Amores” e “Velho do Restelo”. Nos três primeiros, a projeção subjetiva é denunciada pelo lamento do sujeito lírico que narra seus infortúnios, geralmente em torno da matéria amorosa, ou pela reflexão valorativa da própria voz poética, como ocorre no episódio do Restelo, em que personagem e poeta confundem-se quanto ao modo de encarar os empreendimentos marítimos. Buscamos, dessa maneira, identificar onde, como e com que intensidade se instaura o lirismo na obra, observando, em especial, pontos considerados substancialmente líricos segundo alguns autores a exemplo de Cleonice Berardinelli (2000), Hernâni Cidade (1985) e Linhares Filho (1980). Pretendemos, com isso, demonstrar ser possível haver um texto épico marcado pelo lirismo, sem perder o tom grandiloquente e pomposo apropriados ao gênero preponderante. Palavras-chave: Lírica. Épica. Camões. Os Lusíadas.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p403-424
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- O MELODRAMA COMO RECURSO INEVITÁVEL DA TELEDRAMATURGIA
Authors: Yuri de Andrade Magalhães
Pages: 425 - 446
Abstract: O presente artigo procura investigar e problematizar a influência do melodrama e seus recursos na teledramaturgia. A discussão surge a partir da percepção de que a utilização adequada, e até mesmo exagerada de recursos melodramáticos, tem tido, em muitas ocasiões, determinado o sucesso ou não de muitas produções televisionadas. Surgido ao final do século XVIII e tendo seu desenvolvimento e auge no século XIX, o melodrama foi, possivelmente, o gênero que mais repercutiu e mais influencia, até os dias de hoje, o que muitas vezes entendemos por arte cênica, cinema, teatro, e etc. O melodrama nos acostumou com sua estrutura maniqueísta, com sua “missão educadora”, com seus personagens estereotipados, com necessidade do triunfo do bem sobre o mal, ao ponto de chegarmos, muitas vezes, a estabelecer como ideais as tramas que atendam a esses requisitos melodramáticos. Para aprofundar a discussão, selecionamos duas novelas brasileiras fortemente aclamadas pela audiência em suas respectivas épocas de exibição, a saber: A Senhora do Destino (2004) e Amor à Vida (2013), e uma minissérie brasileira pouco aclamada pela audiência, a saber; A Pedra do Reino (2007). Neste artigo, busco discorrer como a influência melodramática influenciou a recepção das novelas e da minissérie em questão.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p425-446
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- RADUAN NASSAR E AS RELAÇÕES CULTURAIS EM TEMPOS DE CÓLERA
Authors: Mariene de Fátima Cordeiro de Queiroga
Pages: 447 - 460
Abstract: Um dos conflitos culturais subsistentes na dimensão histórica brasileira diz respeito à relação entre espaço geográfico e construção de identidades. No Brasil, um autor que promove um campo fértil para essas discussões é o paulista Raduan Nassar, particularmente em sua obra Um Copo de Cólera. Esta representação ficcional parece ter assimilado certos aspectos do contexto social da época da ditadura militar. Nosso propósito é estudar os elementos sociais de época como influência na escrita deste autor. Assim como evidenciar também como cada personagem se situa através de suas distintas forças culturais hegemônicas e representativas: o narrador personagem como figura do espaço do campo, e a personagem feminina como referência do espaço urbano; ambos com o intento imaginário do poder absoluto. Além disso, pretendemos relevar os processos de interlocução na delimitação de espaço, resistência e recusa de passagem de fronteira, pela bipolaridade espacial (cidade x campo) nas relações de poder. Para tanto, se faz necessário um estudo aprofundado do contexto histórico da época, assim como a colaboração teórica de Antonio Candido (2008), Renato Ortiz (2006), Alfredo Bosi (1992) e Rossana Reguillo (2005).Palavras chave: Espaço, identidade, ditadura militar, Raduan Nassar.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p447-460
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)
- VIOLÊNCIA DO OPRESSOR E A VIOLÊNCIA DO OPRIMIDO: RESPONSABILIDADE E
(AUTO)CRÍTICA EM K. – RELATO DE UMA BUSCA
Authors: Lua Gill da Cruz
Pages: 461 - 489
Abstract: A história da ditadura civil-militar brasileira é ainda pouco veiculada e discutida, apesar de um esforço recente de desvendar as suas nuances e aprofundar seus debates na sociedade brasileira. De outra parte, as heranças do tempo passado no tempo presente e a necessidade de reparação continuam ainda tão atuais. A literatura, como forma de expressão artística, tem proposto leituras diversas desde o período do golpe militar até a contemporaneidade. O objetivo deste artigo é debater, a partir do texto literário de Bernardo Kucinski, K. – relato de uma busca (2011), as violências perpetradas durante a ditadura civil-militar brasileira, considerando conceitos como responsabilidade e crítica e autocrítica.
PubDate: 2018-05-22
DOI: 10.18468/letras.2017v7n3.p461-489
Issue No: Vol. 7, No. 3 (2018)